Manaus – O Amazonas é o quarto Estado com a maior taxa de homicídios do País, com 36,8 assassinatos por 100 mil habitantes, em 2023, a maioria jovens e bem acima da média nacional de 21,20, impulsionado pelo narcotráfico. Os dados são do Atlas da Violência, divulgados nesta segunda-feira (12), pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Gabriel dos Santos Figueira, 17, foi executado a tiros, na zona leste de Manaus (Foto: Divulgação)
Mesmo com o crescimento, o Amazonas, assim como a Bahia registraram queda no número de homicídios nos últimos 2 anos seguidos, mostra o levantamento, ao apontar que o Amapá está na liderança da violência, com média de 57,4 homicídios a cada 100 mil habitantes. Já São Paulo aparece em último lugar, com 6,4 mortes violentas. Nesse recorte, 20 Estados registram alta acima da média do País.

(Foto: Divulgação Ipea)
Para os pesquisadores do Ipea, a violência no Amazonas, assim como outros Estados do Norte, como o Amapá, mesmo com menor número de habitantes em relação às demais regiões do País, está associada ao crescimento do narcotráfico, a “impulsionar substancialmente os indicadores”.
Em 2023, o Amazonas registrou 1.555 homicídios, contra 1771, em 2022, redução de 12,2%, e 1.816 casos, em 2021, no primeiro mandato do governador Wilson Lima, o mais alto da série, desde 2013, aponta o estudo.
Jovens
Mais da metade das mortes violentas no Amazonas foram de jovens, entre 15 e 29 anos. Foram registrados 804 dos 1.555 assassinatos, em 2023, equivalente a 51,7% dos casos, mostra o Atlas. Com o resultado, o Amazonas ficou com a sexta maior taxa, com 69,6 a cada 100 mil habitantes, também acima da média nacional, de 45,1. Mas naquele ano, essa taxa de violência entre os homens jovens retraiu 21,2%, em relação ao ano anterior.

(Foto: Divulgação Ipea)
De acordo com o estudo, no período entre 2013 e 2023, os homens foram as principais vítimas de homicídio entre jovens no País, correspondendo a 94,0% das vítimas l. Dois estados se destacam dos demais no morticínio de jovens, o Amapá e a Bahia, com taxas de 134,5 e 113,7 homicídios.
Naquele ano, o número de homicídios de crianças entre 5 e 14 anos totalizou 12 casos, taxa de 1,5% a cada 100 mil habitantes, alta de 7,1% entre 2022 e 2023 e queda de 37,5%, entre 20-13 e 2023.

(Foto: Divulgação Ipea)
Já o número de homicídios entre jovens de 15 a 19 anos somou 146 casos, em 2023, queda de 26,3% em relação ao ano anterior, o que contribuiu para o menor crescimento no total dos números, a registrar taxa de 37,4%, contra 51,2%, em 2022.
Mulheres

(Foto: Divulgação Ipea)
O Ipea destaca a diferença nas taxas de homicídios femininos registrados na Região Norte, com taxa de 10,4 por 100 mil mulheres em Roraima, e 5,9 por 100 mil no Amazonas e em Rondônia. Em 2023, 122 mulheres foram assassinadas no Amazonas, alta de 3,4% sobre o ano anterior e de 27,1%, em comparação a 2013. E a taxa de homicídios em 2023 a cada 100 mil habitantes fechou em 5,9%.
“É interessante notar o perfil étnico-racial dessas mulheres, uma vez que a população indígena é bastante representativa na região amazônica. Entretanto, as características étnico-raciais da mortalidade nesses estados podem ser imprecisas: o Atlas da Violência vem chamando a atenção para o fato de que as notificações de mortalidade indígena, por não se basearem em autodeclaração, tendem a se perder na categoria “parda””, diz o texto.
“Em Roraima, que registrou 31 52 Relatório Institucional Sumário vítimas, 12 delas são indígenas e 15 são pardas; no Amazonas, são 3 indígenas e 104 pardas, de um total de 122 vítimas. Já Rondônia não registrou nenhuma morte de mulher indígena dentre as 54, embora a maioria (36) seja parda. Ou seja, é possível que o assassinato de mulheres indígenas esteja subnotificado”, aponta o instituto.
Armas de fogo

(Foto: Divulgação Ipea)
Em 2023, o Brasil registrou 32.749 homicídios cometidos com o uso de armas de fogo, mostra o Ipea. Na comparação entre 2022 e 2023, Amapá se destacou negativamente: sua taxa saltou de 33,0 homicídios por 100 mil habitantes para alarmantes 48,3, aumento de 46,4%, sendo a única UF a apresentar crescimento superior a 10%.
Além do Amapá, apenas outras duas UFs ultrapassaram em 2023a marca de 30 homicídios por 100 mil habitantes cometidos com armas de fogo: Bahia (36,6) e Pernambuco (30,8). Em contrapartida, nove UFs apresentaram quedas superiores a 10% nesses indicadores, quando considerada a variação no último ano: Rio Grande do Norte (-22,7%), Paraná (-20,1%), Distrito Federal (-18,5%), Piauí (-17,8%), Pará (-15,6%), Amazonas (-14,0%), Rondônia (-12,9%), Goiás (-11,5%) e Sergipe (-11,3%).
Acidentes de trânsito – motos

(Foto: Divulgação Ipea)
Neste estudo, pela primeira vez o Atlas mostrou as mortes violentas no trânsito. Um dos principais fatores relacionados com esse aumento na mortalidade de trânsito é que as mortes de usuários de motocicletas no Brasil cresceram mais de 10 vezes nos últimos 30 anos, culminando no pico de quase 13 mil mortes no ano de 2014. Esse fato é consequência direta do grande aumento da frota e uso desses veículos no Brasil, mostra o Ipea.
No Amazonas, o número de mortes no trânsito, em 2023 totalizou 440, pouco abaixo dos 442, do ano anterior, o que resultou na taxa de 10,4 óbitos a cada 100 mil habitantes. Já o percentual de mortes envolvendo acidentes com motocicletas em relação ao total de óbitos com sinistros no trânsito no Amazonas somou 252, alta de 12% sobre o ano anterior e de 83,9% no período de 2013 e 2023.