Após violência, mulheres voltam atrás e lamentam exposição de agressores

Casos de agressão que ganharam repercussão em Manaus tomaram novo rumo, as vítimas expressaram arrependimento por terem denunciado

Manaus – Dois casos de agressão que ganharam repercussão em Manaus tomaram novo rumo com as vítimas retirando o que disseram e expressando arrependimento por terem denunciado seus companheiros. A parteira Isabela Persilva afirmou que o expôs de forma negativa o ex-marido, o jornalista Marcos Sérgio, e que tem refletido sobre como “reparar” os danos causados. Já Kaline Milena, 30, contribuiu para a libertação de seu ex-companheiro, Diego Damasceno de Souza, 29, suspeito de agredi-la e quebrar seus dentes.

(Foto: Montagem D24AM / Reprodução Redes Sociais)

Isabela Persilva usou as redes sociais, na segunda-feira (19), para falar sobre ter denunciado o ex-marido, o jornalista Marcos Sérgio, por agressão. A parteira denunciou o ex-marido por agressã0 recuou ao dizer em carta: “ele não me espancava”.

Ela fez um longo desabafo e disse que prejudicou Marcos Sérgio e que está pensando “em como reparar os danos causados com tudo que aconteceu”.

Já Kaline Milena também usous as redes sociais, na noite de quarta-feira (21), para falar sobre a carta que escreveu e que contribuiu para a libertação de seu ex-companheiro, Diego Damasceno, suspeito de agredi-la e quebrar seus dentes no dia 6 de abril, em Manaus.

A mulher confirmou que foi a autora da carta entregue à Justiça, no qual negava a denúncia inicial feita à polícia. Porém, ela revelou que estava emocionalmente abalada e fragilizada no momento em que escreveu a carta, e que pessoas próximas ao cantor a convenceram de que ele corria risco de vida na prisão.

“Sim, eu recuei. Sim, eu escrevi aquela carta. Mas o que poucos sabem é que, naquele momento, eu estava emocionalmente esgotada, cercada por pessoas ligadas a ele, que me convenceram de que o pior poderia acontecer com ele, comigo, com todos nós. Disseram que ele corria risco na prisão”, escreveu.

Violência contra Mulheres

No Amazonas, o ‘Ligue 180’ registrou aumento de 17% nos atendimentos em 2024. Foram 16.451 ligações no ano passado, contra 14.051 em 2023. Denúncias também cresceram, de 2.119 em 2023 para 2.622 em 2024, acréscimo de 23,7%.

Entre as denúncias no ano passado, 1.585 foram apresentadas pela própria vítima, enquanto 1.035 foram por terceiros. A casa da vítima ainda é o cenário onde mais situações de violência são registradas: 1.085 denúncias tinham este contexto. A residência compartilhada por vítima e suspeito também é local de grande parte das denúncias no Amazonas, com 990 casos.

A violência contra mulheres entre 30 e 34 anos (499 vítimas) representa o maior número de denúncias no recorte por faixa etária. São as mulheres pardas e pretas as vítimas mais frequentes (1.885) e são os esposos(as) e companheiros(as) — ou ex-companheiros(as) — aqueles que mais cometem atos violentos (1.148).

Brasil

Em 2024, houve um aumento significativo no número de mulheres que buscaram atendimento em serviços especializados para violência, como o Ligue 180 e a Justiça. Este aumento pode ser atribuído à maior conscientização da população sobre a violência contra a mulher, à reestruturação de serviços e à intensificação de campanhas de divulgação. A pesquisa “Elas Vivem” também apontou que, em média, 13 mulheres foram vítimas de violência a cada 24 horas no Brasil.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública registrou 11.650 ocorrências de feminicídio e 29.659 ocorrências de homicídio doloso e lesão corporal seguidas de morte de mulheres no Brasil entre 2015 e 2024. 

Denúncia

Ligue 180 de qualquer lugar do Brasil, 24 horas, todos os dias da semana (inclusive finais de semana e feriados). Em casos de emergência deve ser acionada a Polícia Militar, por meio do telefone 190. Também é possível acionar o canal via chat no WhatsApp (61) 9610-0180 ou aponte a câmera do celular para o QRCode abaixo.