Manaus – Familiares de pessoas enterradas no Cemitério Nossa Senhora Aparecida, conhecido como ‘Cemitério do Tarumã’, que fica na avenida do Turismo, bairro Tarumã, zona oeste de Manaus, denunciam o abandono da Secretaria Municipal de Limpeza Pública (Semulsp), e a falta de infraestrutura no local. De acordo com a denúncia, túmulos estão tomados pelo mato, sepulturas sem identificação, lixo espalhado e caminhos obstruídos pela vegetação, principalmente na área destinada às vítima da Covid-19. A falta de manutenção expõe além do descaso, diversos problemas ambientais e de planejamento.
A família Fragoso, que tenta manter limpo o túmulo do pai, relata a necessidade de pagar por serviços de limpeza para garantir o mínimo de respeito ao local.
“Nosso pai está morto, mas está esquecido pelo poder público”, lamenta Carla Fragoso, filha do falecido.
A viúva, Glória Fragoso, conta que a família arca com a manutenção mensal ou realiza a limpeza por conta própria quando não há recursos financeiros.
“Tem muito mato, se não limpar, a gente não acha o túmulo”, relata a viúva.
O cemitério do Tarumã também se tornou um símbolo do descaso com as vítimas da pandemia e seus familiares. O local foi utilizado para enterros coletivos em valas comuns durante o pico da Covid-19 em 2020. Familiares relatam o abandono do espaço desde então, com o mato alto, sepulturas sem identificação e a falta de limpeza.
Um homem, que não quis se identificar, visita frequentemente o túmulo da mãe, vítima da Covid-19. Ele relata a tristeza em ver o local abandonado.
“Desde que minha mãe foi enterrada, só vi esse local limpo nos primeiros meses. De lá para cá, o mato só cresce em toda a área”, lamenta.
Em maio deste ano, durante o fim de semana de celebração pelo Dia das Mães, visitantes já haviam denunciado o descaso com o cemitério. Segundo uma visitante, o números de furtos em sepulturas está cada vez mais frequente. Incluisive a sepultura do pai dela já havia sido violada ao menos três vezes neste ano.
A equipe de reportagem do GRUPO DIÁRIO DE COMUNICAÇÃO (GDC), esteve no local e questionou a administração do cemitério sobre a limpeza do complexo. A resposta foi de que o local recebe os cuidados necessários. A Secretaria Municipal de Limpeza e Serviços Públicos (Semulsp), não respondeu aos questionamentos da reportagem. Por telefone, a assessoria informou que a limpeza é feita mensalmente.
Investigação por contaminação do lençol freático
O Cemitério Nossa Senhora Aparecida está sendo investigado pelo Ministério Público do Amazonas (MPAM) por suspeita de contaminação do lençol freático por necrochorume, líquido formado pela decomposição de cadáveres, altamente tóxico e que pode contaminar o solo e a água.
Em abril deste ano, o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) constatou que o cemitério não possui licenciamento ambiental e que a secretaria responsável não respondeu às notificações para regularização expedidas pelo órgão em 2022.
Apesar das irregularidades, o cemitério continua funcionando “normalmente”, com sepultamentos diários e sem manutenção adequada.
O Ministério Público do Amazonas (MP-AM), não respondeu aos quastionamentos sobre a suspeita de contaminação do lençol freático.
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