Estado fecha abrigo para venezuelanos

Atendimento, agora, ficou a cargo apenas da Prefeitura de Manaus. A situação preocupa a Semmasdh, que ameaça pedir nova ajuda do Estado caso o número de refugiados aumente

Manaus – O Governo do Amazonas fechou o abrigo de acolhimento dos indígenas venezuelanos da etnia Warao, localizado no bairro do Coroado, na zona leste de Manaus no final do ano passado. Desde o início de janeiro os indígenas passaram a ser atendidos somente pela Prefeitura de Manaus, que hoje recebe, ao todo, 139 refugiados indígenas.

O acolhimento do Estado iniciou em julho do ano passado e, segundo a Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas), era apenas emergencial e precisava ser encerrado após o período de 180 dias. A secretaria informou que não recebia recursos federais para receber os indígenas e que todos os recursos aplicados vinham do Estado.

Há um ano, Manaus tinha 600 indígenas da etnia Warao (Foto: Divulgação)

Em dezembro, o governo passou a responsabilidade do colhimento para o município, por meio de um termo de encerramento. A partir daí a Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Direitos Humanos (Semmasdh) passou a receber outros 60 indígenas.

O Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) destinou recursos para ajudar no acolhimento, conforme informou o secretário da Semadh, Elias Emanuel. Ao todo, o aporte para seis meses foi de R$ 720 mil, que auxiliam no pagamento do aluguel de quatro casas de acolhimento nos bairros do Centro, Manoa, Redenção e Educandos.

A vinda de mais refugiados preocupa a secretaria. Elias Emanuel já afirmou que um aumento da população venezuelana no Amazonas vai fazer com que o município peça nova ajuda do Estado.

“Estamos tendo musculatura, mas se voltar a aumentar, vamos bater a porta do Estado novamente. A gente continua em alerta. Fazendo um comparativo de janeiro do ano passado que tínhamos 600 indígenas, tem muito menos hoje”, disse.

Epidemia de HIV

Uma reportagem da rede BBC Brasil indicou a dizimação de integrantes da tribo venezuelana Warao, a mesma que veio para Manaus, em decorrência dos problemas causados pelo vírus HIV, causador da AIDS. Após a publicação feita na última semana, tanto a Semasdh, quanto a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) informaram que nenhum caso tinha sido registrado na cidade, até o último dia 15.

“Há uma prevalência de 10% de infectados em algumas comunidades. Nas pequenas, quase todos os homens entre 16 e 23 anos têm HIV”, afirmou à BBC o médico holandês Jacobus de Waard, do Instituto de Biomedicina da Universidade Central da Venezuela, que trata dos warao desde 1993.

A porcentagem de contaminação indicada por Waard é significativa, uma vez que a prevalência do vírus do HIV na Venezuela é de 0,6%, de acordo com as estatísticas da Onusida, organismo das Nações Unidas cujo objetivo é controlar a propagação da doença.

A Semsa e a Semasdh informaram que um acompanhamento é feito semanalmente com os médicos do projeto Consultório de Rua. Segundo a Semasdh, embora não tenham casos de HIV confirmados entre os indígenas que passaram por Manaus, existem casos de tuberculose. Ainda conforme a secretaria os indígenas infectados com a doença estão recebendo todo o tratamento na rede pública de saúde.

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