Na palma da mão: jovens usam redes sociais em defesa da Amazônia

Jovens usam sua voz para ecoar os desafios enfrentados na região, em especial, os da juventude da floresta

Manaus –Os jovens têm grande protagonismo na luta em defesa da Amazônia, das florestas e dos rios, e as redes sociais são uma forte ferramenta de empoderamento nesse processo. Na semana em que se celebrou o Dia da Árvore, eles reforçam a importância das plataformas digitais para defender esse elemento natural tão importante para o planeta.

(Foto: Divulgação)

Influenciadora digital com mais de 9,6 mil seguidores no Instagram, Kanata Kambeba usa sua voz para ecoar os desafios enfrentados na região, em especial, os da juventude da floresta em suas redes sociais. Ela reside na comunidade indígena Três Unidos, às margens do rio Cuieiras, na Área de Proteção Ambiental (APA) Rio Negro.

“As redes sociais são ferramentas poderosas para sensibilizar e mobilizar o público em defesa da Amazônia e dos direitos dos povos originários, promovendo a conscientização e ação coletiva. Pensar nas comunidades indígenas que vivem na Amazônia é pensar na proteção da floresta. E não somente comunidades indígenas, mas também ribeirinhas e quilombolas, que sofrem com a crise climática. Então, compartilhar atualizações sobre os acontecimentos relacionados à Amazônia é fundamental na luta pela floresta em pé”, declara.

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(Foto: Divulgação)

Kanata é beneficiária do projeto “Repórteres da Floresta”, iniciativa da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), apoiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Movimento Bem Maior (MBM), que empodera a juventude amazônida por meio da educomunicação.

O projeto, iniciado em 2014, é conduzido nos Núcleos de Inovação e Educação para o Desenvolvimento Sustentável (Nieds) da FAS, localizados em comunidades ribeirinhas e indígenas. Mais de 400 adolescentes e jovens já participaram do Repórteres da Floresta. Muitos deles utilizam as redes sociais para denunciar injustiças em seus territórios.

A formação inclui uma etapa teórica, com técnicas sobre fotografia, vídeo, áudio, iluminação e edição. Em seguida, aplicam esses conhecimentos no campo, na prática, produzindo conteúdos que retratam suas próprias comunidades. Um exemplo de produção é o “Podcast da Floresta”, com uma série de 15 episódios que destacam entrevistas com lideranças comunitárias ribeirinhas.

“Empoderamos os jovens para que falem por si, em vez de ter outros falando por eles. Esse compartilhamento com o mundo pode acontecer em diversas mídias, permitindo que abordem temas como turismo de base comunitária, empreendedorismo sustentável, desinformação, problemas ambientais ou identidade cultural”, explica Rafael Sales, coordenador dos Nieds.

Jovens empoderados

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(Foto: Divulgação)

Darlisson Ramos é um jovem da comunidade Tumbira, localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, no município de Iranduba (a 64 quilômetros de Manaus). Ele conta que antes tinha muita dificuldade em se expressar, mas com o apoio necessário venceu as dificuldades e hoje mostra seu dia a dia e a realidade de sua comunidade nas redes sociais.

“Aqui [a Amazônia] é a minha casa, onde eu moro, então tudo o que passo precisa ser dito. O que pode ajudar a deixar a floresta em pé é ter mais jovens capacitados para falar dela. Porque a união faz a força e nós só precisamos de mais espaço. Afinal, os jovens são o futuro da nação”, declara.

Kanata, citada acima, é indígena da etnia Ómagua Kambeba e explica como a internet se tornou uma oportunidade para ela falar também sobre o que significa ser indígena amazônida.
“Nós, influenciadores indígenas, historicamente silenciados, quando denunciamos nas redes sociais com nossas câmeras e celulares, por meio da juventude indígena, estamos recontando a verdadeira história. Estamos mostrando e valorizando nossa ancestralidade, denunciando a invasão, as queimadas e a destruição da floresta. Nos últimos anos, nós jovens indígenas de diversos povos, elevamos nossas vozes em defesa da floresta, unindo forças com pessoas de todo o mundo que se organizam na luta contra as mudanças climáticas”, complementa.

Kelly Souza, que reside na comunidade Puña – localizada na RDS Mamirauá, no município de Uarini (a 565 quilômetros da capital) – conta que participa do projeto desde a adolescência, se tornando uma repórter que divulga a força da juventude nas mídias.

“As redes sociais são importantes para nós combatermos a desinformação e trazermos para dentro da nossa comunidade a importância do protagonismo juvenil, pois levaremos nossos saberes tradicionais para as próximas gerações”, conta.

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