Manaus – A publicação de um perfil no Instagram faz protesto contra o nome dado ao parque Encontro das Águas Rosa Almeida, que deve ser erguido no bairro Colônia Antônio Aleixo, na zona leste de Manaus, e questiona a gestão do prefeito David Almeida (Avante) por usar o nome de familiares sem histórico de contribuição relevante para a sociedade, em obras durante os dois mandatos.

Projeto do Parque Rosa Almeida. (Foto: Divulgação)
O mirante, localizado em uma área próxima ao Encontro das Águas, tornou-se alvo de um debate sobre o uso do nome de parentes de políticos em espaços públicos e a preservação da identidade histórica da cidade. A insatisfação de parte da população se concentra na tentativa de associar o nome ‘Rosa Almeida’ a um familiar do prefeito, ignorando a história da área.
O projeto inicial, intitulado Memorial do Encontro das Águas, é do arquiteto Oscar Niemeyer, a pedido de então prefeito Serafim Corrêa. A ideia deveria ter saído do papel em 360 dias após o prefeito de Manaus David Almeida assinar a ordem de serviço para o início da obra em setembro de 2023.
A obra foi licitada e teve como vencedor o Consórcio Encontro das Águas, formado pelas empresas F N Crespo Neto e Cia Ltda. e RED Engenharia Ltda e deve custar aos cofres públicos R$ 79.899.416,23.
Dentre as empresas do consórcio, a que chama a atenção é a RED Engenharia Ltda., que recebeu mais de R$ 97 milhões do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), em 2023. Da Secretaria de Agricultura, Abastecimento, Centro e Comércio Informal (Semacc), a empresa recebeu mais R$ 3 milhões em repasses, totalizando mais de R$ 100 milhões recebidos. Em 2024, já somam mais de R$ 25 milhões em repasses realizados pela Prefeitura de Manaus. As informações são do Portal da Transparência da Prefeitura de Manaus.
A obra foi anunciada como um marco para o turismo da capital amazonense, uma vez que contemplaria um dos principais pontos turísticos da cidade.
O parque ganhou o nome Rosa Almeida, determinado pelo próprio prefeito, após a morte da mãe durante a pandemia da Covid-19.
Mas, a população sugere e reforça alternativas que valorizem a cultura, como “Mirante Ponta das Lajes Ajuricaba” ou “Mirante Encontro das Águas Ajuricaba”.
As propostas buscam referenciar figuras históricas, como o líder indígena Ajuricaba, símbolo de resistência contra a colonização portuguesa no Amazonas e reforçam a negativa por “transformar gerações de história em vitrine de poder”, ou “patrimônio reduzido a símbolo de ambição política”, conforme publicado.
De acordo com o historiador e indigenista José Ribamar Bessa Freire, ocorreu em 2017, a ideia de parlamentares de construir um monumento de Ajuricaba no Encontro das Águas, na região onde será implantado o mirante, para preservar a cultura da região.
“Um vereador recém-eleito de Manaus quer propor a construção no Encontro das Águas de um monumento a Ajuricaba com 30 metros de altura, algo similar à Estátua da Liberdade ou ao Cristo Redentor, escreveu em um artigo à época.
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A atual publicação das redes sociais pede apoio pela preservação da herança cultural.
“Se você também acredita que nossa herança cultural deve ser preservada e respeitada, deixe seu comentário e compartilhe este post. Juntos, somos mais fortes para defender o que é de todos nós!”, finaliza.
Quem foi Ajuricaba, nome sugerido para o mirante
Ajuricaba, nasceu no território do atual estado do Amazonas, a antiga Capitania do Grão-Pará, no século 17. O indígena foi líder da nação dos Manáos, no início do século 18. Revoltou-se contra os colonizadores portugueses, negando-se a servir como escravo. Deste modo, se tornou um símbolo de resistência e liberdade, além de ser considerado uma figura heroica para os cidadãos de Manaus, cidade cujo nome provém da etnia.
Qual a sua opinião? Qual nome deve ter o mirante na região da Ponta das Lajes?