Sucateado, ônibus do transporte público deixa passageiros sem condução em Manaus

Linha 440 parou por problemas mecânicos, atingindo diretamente a roda dianteira esquerda, um retrato da frota que circula atualmente na capital

Manaus – Pane em ônibus que faz a única linha que passa pela rua Marquês de Quixeramobim, no Parque das Laranjeiras, zona centro-sul da capital, deixou a população sem transporte público na manhã desta sexta-feira (6). O veículo da Açaí Transportes da marca Volvo, foi fabricado em 2011 e parou por problemas mecânicos, atingindo diretamente a roda dianteira esquerda, um retrato da frota que circula atualmente na capital.

(Foto: Divulgação)

Ônibus velhos, sem ar-condicionado, sujos e desconfortáveis, paradas de ônibus sem abrigo. Essa é a realidade enfrentada pela maioria das 500 mil pessoas que utilizam os ônibus do sistema de transporte público de Manaus diariamente. Nas ruas e pontos de ônibus, são muitas as reclamações dos usuários. Além dos veículos sucateados, alguns com mais de 12 anos de uso, Manaus não apresentou nos últimos anos projetos de mobilidade urbana eficazes, o que torna as viagens de ônibus cada vez mais longas e incômodas, tanto para o passageiro quanto para motoristas e cobradores.

As péssimas condições dos veículos, junto à falta de investimento em ações de mobilidade, tornam as viagens de ônibus um sufoco para quem precisa do transporte no dia-a-dia, como a manicure Tamires da Silva, 35 anos. Moradora do bairro Jorge Teixeira, na zona Leste, ela trabalha em um salão de beleza no bairro Dom Pedro, na zona Centro-Oeste, e sai todos os dias de casa às 5h30 da manhã para chegar às 8h.

“Sou mãe de cinco filhos e perco muito tempo para sair e voltar para casa. Quando saio, estão dormindo. Quando volto, muitas vezes já foram se deitar. Eu praticamente não consigo acompanhar direito a rotina e o crescimento deles”, lamentou.

Do total da frota do transporte público na cidade, composta por 1.116 ônibus, a Prefeitura de Manaus afirma que renovou nos últimos anos 40%, o equivalente a 446 veículos com ar-condicionado. Quem precisa usar os outros 670 ônibus sofre com a sensação térmica dentro dos coletivos, que frequentemente passa dos 40 graus.

Dentro dos investimentos prometidos pela atual gestão da Prefeitura de Manaus para o transporte público estavam os ônibus elétricos.

Um convênio no valor de quase R$ 35 milhões foi integralmente pago pelo Governo do Amazonas à Prefeitura para dotar a cidade de 13 destes veículos, incluindo um sistema de carregamento da frota. Todos deveriam ter sido entregues até o final de 2023. Até o momento, somente dois ônibus elétricos estão em circulação, na zona centro-sul.

Em entrevistas recentes à imprensa, o atual prefeito David Almeida alegou que a altura dos ônibus elétricos não coincide com a altura das plataformas centrais de embarque instaladas nos corredores viários; e que os veículos consomem muita bateria.

Outro convênio já liberado pelo Governo do Amazonas é o do novo terminal rodoviário da cidade, o T6. Em 2023 a obra passou por readequação para se transformar na nova rodoviária de Manaus.

Localizada no bairro Lago Azul, o novo prédio substituirá a rodoviária instalada na avenida Djalma Batista e funcionará como terminal para viagens municipais e intermunicipais. Para esta obra, o Governo do Estado já repassou R$ 4,3 milhões à Prefeitura. Porém, a obra permanece sem previsão de entrega.

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