Comunidade rural de Manaus aprende a coletar abelhas e flores

No local, existem famílias trabalhando tradicionalmente com meliponicultura, onde exercem essa produção sem nenhuma informação técnica, há cerca de três anos.

Manaus – Alunos da comunidade Jatuarana, à margem esquerda do rio Amazonas, estão aprendendo a manusear abelhas indígenas sem ferrão, como forma de incrementar a produção de meliponicultura no local. Importantes insetos para o desenvolvimento da agricultura, já que fazem parte do ecossistema e auxiliam na preservação da biodiversidade, polinizando diversas plantas por minuto, as abelhas são o objeto de estudo do projeto ”Inquérito Entomológico e Botânico das Abelhas e das Plantas por elas visitadas na comunidade rural do Jatuarana, Manaus-AM” para ensinar novas técnicas à população local.

No local, existem famílias trabalhando tradicionalmente com meliponicultura, onde exercem essa produção sem nenhuma informação técnica, há cerca de três anos. Os produtores encontram dificuldades no processo de manejo e na coleta de mel, resultando em baixa produção e perdas de colônias por ataque de predadores.

Como apoio ao projeto, as técnicas Maria Auxiliadora Costa, Aldenora Queiroz e Maria da Gloria de Assis, do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), auxiliaram e forneceram treinamento durante cinco dias, apresentando aos alunos do ensino fundamental da comunidade, integrantes do Programa Ciência na Escola (PCE), a forma de realizar a coleta das abelhas e plantas, que são enviadas ao Inpa depois de prontas para catalogação das amostras.

A bióloga e coordenadora do projeto, Clotilde Tânia Luz, acompanha os estudantes em todos os percursos, desde os treinamentos até as visitas dos jovens em Manaus-AM. ”Os alunos aprendem a importância das abelhas indígenas sem ferrão no desenvolvimento da agricultura.  Elas fazem parte de um ecossistema e ajudam na preservação da biodiversidade, aumentando a produtividade das plantas cultivadas e a fertilidade dos vegetais que dependem da polinização cruzada”, ressaltou.

Para Bianca Lemos, participante do projeto na Escola Estadual Nossa Senhora das Graças, a vontade dos moradores é a motivação desses profissionais. ”É uma experiência produtiva, já que nunca tivemos oportunidade de desenvolver um projeto na escola”, enfatizou, complementada pelo colega Francinildo Silva. ”Nós coletamos no campo as abelhas e as colocamos em placas de isopor e depois no freezer, para serem enviadas ao Inpa”.

Os participantes trabalham ainda com mel, também enviados ao Inpa, como cita a aluna Kuezia dos Santos. ”A parte que mais gosto é quando colhemos o mel. Usamos uma seringa e colamos em uma bolsa que há dentro da colmeia, sugamos o mel, e o despejamos em um pote de vidro”, explicou.

Os alunos são beneficiados pelo Programa Ciência na Escola (PCE), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), que consiste em apoiar com recursos financeiros e bolsas, sob formas de cotas institucionais, estudantes de ensino fundamental e médio integrados no desenvolvimento de projetos de pesquisas de escolas públicas. 

Sobre as abelhas

As abelhas se alimentam geralmente de néctar e são os mais importantes agentes de polinização, visitando cerca de dez flores por minuto em busca de pólen e do néctar, polinizando todos os tipos de flores.

Este inseto faz em média quarenta voos diários tocando em 40 mil flores. As abelhas recolhem o néctar do fundo de cada flor e guardam-no em uma bolsa localizada na garganta. Após esse processo retornam à colmeia e o néctar passa de abelha em abelha.  Assim a água que ele contém se evapora, engrossando e transformando-se em mel.

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