Manaus – Um profissional da saúde denunciou que quando faltou oxigênio nas unidades de saúde, alguns profissionais aplicaram um medicamento chamado morfina, que é um poderoso analgésico, para que o paciente não sentisse dor e tivesse uma morte tranquila, já que não conseguiria mais respirar sozinho. Um crime. De acordo com o Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam), a suspeita da prática de eutanásia precisa ser apurada e levada ao conselho de ética. O Ministério Público do Amazonas investiga os responsáveis pelas mortes por falta de oxigênio.
Caos nos hospitais
Há uma semana, Manaus registrou diversas mortes não por Covid-19 mas pela falta de oxigênio para os pacientes que estavam internados em diversas unidades de saúde. “Acabou o oxigênio de toda uma unidade de saúde. Tem muita gente morrendo! Pelo amor de Deus!”, disse a psicóloga Thalita Rocha em um vídeo gravado em frente ao SPA de Redenção. Segundo denúncia de um profissional da saúde que pediu para não identificado, no momento do caos, alguns colegas optaram por aplicar nos pacientes um medicamento chamado morfina, um analgésico potente utilizado para dor crônica ou muito intensa.
Morfina nos pacientes
Em entrevista no programa Amazonas Diário, foi informado esta denúncia ao presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam), Mário Vianna. “É uma situação extremamente difícil, porque é questão ética profissional que deve ser tratado e avaliado pelo Conselho Regional de Medicina (CRM-AM). Penso que a colega que fez essa declaração, fez talvez por inexperiência. Mas, da forma que ela colocou aqui, que o paciente estava dentro da ambulância em insuficiência respiratória, e ela tendo dificuldade de entregar essa paciente numa unidade hospitalar por falta de oxigênio, leito clínico ou por falta de alguma coisa, não me parece correto. E esses fatos precisam ser apurados”, disse.
Eutanásia
Segundo o presidente do Simeam, o sindicato está recebendo denúncias sobre a prática da eutanásia, ou seja, uma medida de proporcionar a morte sem sofrimento a um doente atingido por afecção incurável que produz dores intoleráveis, por exemplo. “Lá no Hospital e Pronto-Socorro Delphina Aziz, tenho recebido meia dúzia de denúncias como esta. Se apurar, vai ver que vai aparecer muitas e muitas outras. Eu quero saber presidente Bolsonaro, aonde nós vamos parar? Quantas mortes suspeitas? Porque no Brasil não se permite a eutanásia, essa prática é crime, mas quantas serão necessárias no Amazonas para que se tome uma providência a nível federal? Não estou mais aceitando essa situação, vou a qualquer instância para defender à vida”, enfatizou.
Investigação
Diante de todo o caos público em Manaus, o Ministério Público do Amazonas está investigando e apurando a responsabilidade pelas mortes por falta de oxigênio. Segundo o MP, promotores vão coletar “possíveis evidências de atuação criminosa organizada” e apontar soluções para a situação – que, em nota, o órgão classificou como “caótica”.
*Jornalista e apresentador do AMAZONAS DIÁRIO