Neste final de semana, tive a imensa alegria de receber em Manaus o amigo de longa data e governador de São Paulo, João Doria, para um exercício de democracia real. Disputaremos, ao lado do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e do senador pelo Ceará, Tasso Jereissati, as prévias do PSDB para a escolha do candidato do partido à Presidência da República, o que ocorrerá em novembro deste ano. As nossas ambições políticas jamais estarão acima dos interesses do país, da liberdade, do diálogo, das discussões internas, que só servirão para fortalecer o PSDB que, desse ato, sairá pronto para ser alternativa de poder neste país, mais uma vez.
Tenho imenso respeito e carinho pelo Doria. E o convite que fiz – e que muito em breve será retribuído – para que viesse a Manaus está ancorado nesse sentimento e na certeza de que temos muito em comum: a nossa convicção pela liberdade econômica e menor interferência do Estado nas regras de mercado, pela social-democracia e pelo respeito às instituições. Conversamos com as principais lideranças locais e militância sobre prévias, eleições presidenciais e os caminhos que queremos para o Brasil.
Foi um bonito encontro entre o governador do Estado que detém o maior PIB do país e este que vos escreve, ex-prefeito da capital da região mais estratégica do Brasil e uma das mais estratégicas do mundo. Convidei Doria para que também pudéssemos conversar sobre isso, sobre a importância de manter a Zona Franca de Manaus viva, pujante, vigorosa, com todas as reformas estruturais necessárias, desde as logísticas e de transporte, assim como as de comunicação e de investimento em capital intelectual, mão de obra de qualidade e salários dignos e justos, como também da diversificação de suas linhas de produção para fazer frente à obsolescência de muitos produtos fabricados aqui, diante da evolução tecnológica.
O objetivo de tudo isso é termos produtos de qualidade e preços competitivos para o nosso parque industrial. Precisamos pensar no futuro da Zona Franca, não como os coitadinhos que precisam ser amparados por subsídios e incentivos fiscais para sobreviver, como muitos ainda teimam em nos ver, mas como o modelo que garante que a Floresta Amazônica – principalmente a amazonense – permaneça de pé e que garante que os nossos rios não sequem e nossos ciclos de chuva não sejam desequilibrados, o que seria desastroso para o clima e para os negócios do Brasil, principalmente no que se refere ao agronegócio e à produção de energia elétrica.
E esse foi outro assunto importante da nossa pauta. Trazer o Doria para a nossa frente de batalha, para a defesa da Amazônia, para a necessidade de implementarmos um Plano de Economia Sustentável para a Amazônia, a necessidade de investimentos fortes em ciência e tecnologia e a aliança com o conhecimento tradicional dos povos da floresta em busca de um projeto de desenvolvimento capaz de, aliados aos outros projetos de desenvolvimento econômico nas demais regiões, fazer do Brasil uma verdadeira potência econômica e, consequentemente, gerar riquezas e qualidade de vida para a população da Amazônia e de todo o Brasil. Ele é sensível e conhecedor do país e muito receptivo a tudo o que conversamos.
É uma coisa bem simples. Sem a floresta não há rios. Sem a floresta, os rios voadores, que banham praticamente todos os estados brasileiros e outros países da América Latina também desaparecem. As riquezas da biodiversidade perecem. E ainda tem gente que faz confusão entre Amazônia e agronegócios, como se fosse possível o agronegócio no coração da Amazônia. Não é possível. O agro é importante, até mesmo para formarmos o PIB e o equilíbrio da balança comercial, mas é ele que depende da Amazônia e não o contrário. E onde ele se instalou nessa região, gerou riquezas por um curto prazo e deixou atrás de si devastação.
Quando recebi o convite do presidente do PSDB, Bruno Araújo, para ser um dos nomes a disputar as prévias do partido – uma grande inovação na vida partidária brasileira – fiquei muito honrado por várias razões: pelo reconhecimento de um trabalho de 30 anos de dedicação ao PSDB e pela certeza que todos têm que eu não sou mariposa para ficar voando e ver qual o melhor partido. Eu me dou ao respeito e respeito muito a vida pública.
E, também, há um lado prático que precisamos ressaltar que é o fato de, além de ser o primeiro amazonense, primeiro homem do Norte de ter a perspectiva de disputar a presidência, terei a oportunidade de ouro de falar sobre a Amazônia e mostrar o que está ficando cada vez mais claro nas mentes mais lúcidas do país e que vai atingir a todos – e que seja assim, antes que se faça tarde. Eu espero, ao fim dos cinco debates, e ao longo das entrevistas que certamente faremos diariamente à imprensa brasileira, sair disso com a certeza de que conseguimos, de uma vez por todas, inserir a Amazônia como peça principal do debate político e econômico deste país.
*Diplomata, é diretor do Núcleo de Educação Política e Renovação do CPJUR – Centro Preparatório Jurídico, foi deputado federal e senador, líder por duas vezes do governo Fernando Henrique, Conselheiro da República, ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência, líder das oposições no Senado por oito anos seguidos, três vezes prefeito da capital da Amazônia.