Manaus – O Sistema de Informática do SUS (DataSUS) diz que os hospitais do Amazonas dispõem de 899 respiradores, um equipamento vital para a sobrevivência dos infectados pela Covid-19. Apenas em Manaus, há 844 deles. No entanto, no Hospital Delphina Aziz somente 23 desses aparelhos aparecem disponíveis. Sabe-se que o hospital, com ajuda de outros Estados e do governo federal, colapsou com apenas 69 respiradores. Um escândalo. Por que não houve ordem de remanejamento desses equipamentos para que o único hospital de referência fosse suprido do número necessário para todos os leitos daquela unidade? Não é prioridade, governador, ou a sua intenção é agravar o caos?
Wilson Lima mentiu ao transformar o Delphina em hospital de referência para a Covid-19, sugerindo que lá estava sob controle. Blefou que naquele hospital havia 350 leitos que poderiam ser transformados em UTIs. Confrontado com a realidade da pandemia que avançou, o ministro da Saúde revelou que os tais leitos, não existem. Ou, se existem, o “senhor tragédia” os escondeu, para justificar a contratação de mais 400 leitos num hospital privado, a um custo de R$ 2,5 milhões, ao mês, que foram rápida e cinicamente corrigidos para o período de 3 meses, após forte reação popular.
O governador poderia no mínimo explicar o mistério dos mais de 200 leitos que sumiram do Delphina Aziz, entre o discurso de março e a realidade do mês de abril. Talvez, assim, a população possa entender quais motivos levam um governador a pagar quase R$ 300 milhões por ano, por um espaço privado cuja capacidade total nunca será utilizada. Se o espaço já existe e está sendo pago, por que não dotá-lo de condições mínimas para salvar vidas?
Certo é que o colapso chegou mais cedo no Amazonas, antes de qualquer outro lugar no Brasil. Recursos financeiros sobrando e tempo suficiente, nos últimos meses, não bastaram para que o Estado superasse a pior condição, entre as piores, no enfrentamento da crise. Que Deus nos ajude!