O Brasil mais justo e seguro que desejo para Siena e Aurora

As mulheres são a maioria da população brasileira, do eleitorado nacional e também da minha família

Numa retrospectiva dos meus 42 anos de vida pública, que completei esse ano, posso dizer as mulheres sempre estiveram no foco das minhas ações e preocupações. Não por acaso. Afinal, elas são a maioria da população brasileira, do eleitorado nacional e também da minha família.

Em casa, com a chegada da sexta integrante direta do meu núcleo familiar: minha neta Siena, cujo o nascimento irá ampliar esse círculo de afetos femininos, ao lado de minha mulher Sandra, das filhas Bruna, Brenda e Bianca, coroado também pela netinha mais velha, Aurora.

Esse universo familiar predominantemente feminino sempre serviu de fonte de inspiração para o homem público, nos diferentes cargos e papeis que desempenhei ao longo da minha trajetória política. E hoje, mais do que nunca, considero que as mulheres merecem estar no topo da agenda nacional, diante das múltiplas funções que assumiram na sociedade.

Impossível não pensar e idealizar o Brasil que eu gostaria de deixar para minhas netas: um país mais justo e, sobretudo, mais seguro para elas e todas as brasileiras.

No Amazonas, em especial, temos uma dívida com essas mulheres. De acordo com a 10ª Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, realizada pelo Instituto DataSenado a cada 2 anos e divulgado em outubro passado, o estado figura entre as unidades da federação brasileira com os maiores índices de violência doméstica ou familiar contra a mulher.

Durante meus dois mandatos como governador do Amazonas, entre 2003 e 2010, iniciamos o enfrentamento a esse tipo violência com a construção da Casa Abrigo, para receber as mulheres vítimas de agressões domésticas e familiares. Além disso, disponibilizamos atendimento especializado, que funciona até hoje no anexo da Delegacia Especializada em Crimes contra a Mulher, em Manaus, e também no interior do estado.

Mas o fato é que essa vulnerabilidade feminina também precisa ser reduzida em outras frentes. Foi assim que surgiu a ideia de apresentar um projeto de lei que oferece mais proteção, direitos e dignidade a mães solo.

A matéria, que já foi aprovada pelo Senado e aguarda apreciação da Câmara, garante prioridade de vaga para os filhos dessas mulheres que chefiam sozinhas suas famílias e ganham até meio salário mínimo, bem como estabelece o pagamento dobrado de benefícios sociais para aquelas que estão no Cadastro Único (CadÚnico).

Para se ter uma ideia do impacto da medida, basta lembrar que atualmente mais de 11 milhões de mulheres são chefes de família e, segundo dados do IBGE, mais da metade delas encontram-se abaixo da linha de pobreza.

Apoiar essas mães solo em situação de vulnerabilidade significa apoiar também milhões de crianças que vivem na pobreza extrema, garantindo-lhes melhor alimentação e um futuro mais digno.

Nessa semana em que comemoramos o Dia Internacional da Mulher, considero que a aprovação definitiva dessa proposta seria a melhor comemoração que o Congresso Nacional poderia oferecer às brasileiras, que clamam mais por ações do que discursos bonitos ou flores.

*Eduardo Braga é senador da República pelo MDB, ex-prefeito e ex-governador do Amazonas.