“Contra o Pessimismo, a Integridade”
— Jorge Pinho
1. Preâmbulo — A Luz que Se Acende no Diálogo
Este ensaio nasceu de uma troca de mensagens com meu amigo Rogério Perales Rabelo, um dos leitores atentos e generosos que me honram com sua escuta crítica, suas provocações lúcidas e seus comentários sempre sinceros.
Rogério me enviou uma composição intensa e bem escrita chamada “Não Vai Dar Certo”, que começa com a frase: “Sabe a sensação de que nunca essa porra vai dar certo?” — um desabafo vigoroso, repleto de indignações justas e apontamentos duros, mas verdadeiros, sobre o estado do país.
Minha resposta foi imediata — e talvez instintiva: “Sou do contra. O Brasil não é uma porra. E sim, vai dar certo.”
A partir dessa faísca, nasceu este texto. Não como contraponto agressivo, mas como continuação de uma conversa fraterna, que reconhece a dor sem se render a ela.
Aqui, me permiti recorrer à filosofia — sobretudo ao estoicismo — para tentar iluminar, com humildade, esse dilema que todos sentimos: como permanecer ético quando tudo à volta parece corrompido? Como continuar apostando no bem, sem parecer ingênuo ou tolo?
Ofereço este ensaio ao querido Rogério — e, por meio dele, a todos os que já se sentiram desencantados, exaustos ou tentados a desistir.
Que esta vela escrita, mesmo pequena, possa reafirmar que a luz da consciência ainda é possível — mesmo quando os ventos sopram contra.
Com estima e gratidão, vamos a minha resposta aprofundada.
2. Introdução — Entre o Desencanto e a Escolha de Permanecer
Querido Rogério,
A composição que você me enviou é, sem dúvida, bem urdida — e talvez justamente por isso nos toque com tanta força.
Ela não é apenas uma denúncia: é um desabafo coletivo. Traduz uma exaustão que conhecemos bem, uma lucidez atravessada de raiva, uma ironia cansada de esperar.
E eu compreendo. De verdade.
Todos nós — em alguma medida — já estivemos nesse lugar.
O lugar em que o país parece um naufrágio lento e constante, onde a esperança soa como piada, e o amor à pátria se confunde com uma ingenuidade fora de moda.
Ainda assim, insisto: sou do contra.
Não por acreditar que tudo vai bem — mas porque recuso me entregar ao que vai mal.
E é aqui, meu amigo, que entra o estoicismo.
Não como filosofia de mármore, mas como prática viva.
Não como superioridade emocional, mas como escolha ética diante da tempestade.
E me perdoe se insisto em discordar da tua análise.
Se o faço, acredita, é antes para convencer a mim mesmo de que ainda vale a pena resistir — e que, apesar de tudo, continuo apostando no Brasil, porque não desisti de mim.
E enquanto eu não me abandono, sinto contribuo ainda que minimamente para que o país também não ainda não esteja de todo perdido.
3. O estoico também se cansa — mas não se rende
Há um equívoco persistente — e até compreensível — de que o estoicismo seria uma forma de anestesia emocional, um estofo impassível contra os abalos do mundo.
No entanto, isso é não compreender sua essência. O estoicismo não é indiferença — é discernimento. Não é frieza — é liberdade interior conquistada com disciplina e coragem.
O estoico sente, sim — e profundamente.
Sente a injustiça, a frustração, o desânimo. Mas aprendeu, com rigor e prática, a não confundir sentimento com destino. Ele não se nega à dor, mas também não se ajoelha diante dela.
Sua firmeza nasce não da insensibilidade, mas da decisão ética de não ser moldado por aquilo que o mundo tenta lhe impor como inevitável.
Como ensina Epicteto, “não são os fatos que nos arruínam, mas os juízos que fazemos deles.” E o juízo do estoico não nega o mal — apenas se recusa a dar-lhe a palavra final.
O estoico olha o mundo de frente. Vê a ruína, o desgoverno, o escárnio. Mas compreende que há uma diferença abissal entre reconhecer o mal — e reproduzi-lo em si.
Por isso, enquanto tantos se perguntam “o que fazer quando tudo está perdido?”, o estoico responde: “se tudo está perdido, então resta a mim não me perder.”
No fundo, sua resistência não é heroísmo.
É fidelidade a algo que já viu demais para se iludir, mas também já viveu demais para se entregar.
Ele não é cego. É só alguém que escolheu ver com inteireza, sentir com sobriedade e agir com retidão, mesmo quando o mundo inteiro parece embriagado de derrota.
4. O pessimismo como proteção: uma armadilha legítima
Com o tempo — e talvez com as cicatrizes certas — aprendi a olhar os pessimistas não com reprovação, mas com respeito.
Pessimistas não são cínicos por natureza, nem frios por vocação. São, em grande parte, idealistas que foram despidos de suas esperanças.
Trata-se de gente que amou demais a pátria, que confiou demais nas promessas, que acreditou demais nas mudanças — e, por isso mesmo, agora se recusa a crer.
O pessimismo, nesses casos, não é perversidade — é autopreservação. Vem a ser uma espécie de escudo emocional contra o risco de se decepcionar de novo. Como quem diz: “Se eu não esperar nada, ao menos não serei traído.”
Na verdade, é a alma que, já tendo sangrado por confiar, às vezes se retrai em sarcasmo, outras se protege com ironia, ou ainda se veste de raiva para não ter que confessar a dor.
É uma forma de defesa que se disfarça de lucidez — mas que, muitas vezes, é apenas um grito abafado de quem, lá no fundo, ainda queria acreditar, mas já não sabe como.
Aqui, a filosofia nos pede delicadeza. Porque a amargura nem sempre é vaidade ferida — às vezes, é amor que perdeu o rumo.
E o estoicismo, ao contrário do que tantos pensam, não despreza os sentimentos. Apenas nos convida a tratá-los com verdade — e não com submissão.
O desafio, então, não é combater o pessimista, mas acolher sua dor sem reforçar sua prisão.
Pois todo aquele que ainda se indigna com a decadência do mundo revela, mesmo contra a própria vontade, que ainda não desistiu por completo.
E nesse resquício de esperança envergonhada, há uma centelha que pode reacender a chama.
5. Apostar contra para não perder nunca — mas e se perdemos a nós mesmos?
Há um paradoxo silencioso — e cruel — no pessimismo: Ele se protege da dor do fracasso, apostando no próprio fracasso.
E, assim, ainda que tudo desmorone, consola-se com a amarga vitória de quem “sempre soube”.
Mas é uma vitória estéril. Porque, quando o improvável começa a florescer, o pessimista já se tornou incapaz de celebrá-lo — perdeu por dentro o que jamais quis perder por fora: a capacidade de se comover.
É como aquele que aposta contra o time do coração, quando o time no seu entender está mal, só para evitar a decepção.
Se o time perde, ele “tinha razão”. Mas se vence, ele não chega a se alegrar tanto mesmo tendo recebido um resultado positivo não antevisto — pois já não pertence mais à própria torcida.
Protegeu-se da dor, mas também da alegria.
E o preço foi a amputação da esperança.
O estoico, ao contrário, nos ensina que a integridade moral não se negocia por garantias.
Não se escolhe o bem apenas quando ele promete vencer.
Escolhe-se o bem porque é o que se deve escolher — mesmo quando tudo em volta parece zombar dessa escolha.
Epicteto adverte:
“Não digas que perdeste, mas que restituíste. Não podes perder o que nunca controlaste.”
Aposta-se contra, muitas vezes, para manter a ilusão de controle — como se prever o desastre fosse menos doloroso do que tentar evitá-lo em vão.
Mas o preço dessa blindagem é altíssimo:
perdemos o compromisso com aquilo que, no fundo, ainda desejamos que dê certo.
E assim, no desejo de nunca perder, acabamos perdendo justamente aquilo que nos fazia humanos: a fé ativa, a coragem de arriscar, a integridade de continuar jogando limpo num mundo que já trapaceia por hábito.
A filosofia nos adverte: vitórias que nos custam a alma não são vitórias — são derrotas sofisticadas.
E o Brasil não precisa de mais um acerto niilista.
Precisa de gente que ainda se recuse a vender barato a própria fidelidade à esperança.
6. Entre a lucidez amarga e a esperança ativa
Há um tipo de lucidez que se mascara de maturidade, mas que no fundo é apenas desistência requintada.
É a lucidez amarga: aquela que vê tudo com tanta clareza que já não acredita em nada.
Mas existe outra lucidez — mais rara e mais exigente — que não se contenta em diagnosticar o mundo: ela se compromete a contribuir para sua transformação, mesmo sabendo que talvez não o verá transformado.
Essa é a lucidez ativa. Aquela que conhece a corrupção, mas não se deixa corromper. A que reconhece a inércia, mas continua a mover-se.
A lucidez que sabe que o mundo não se curva à nossa vontade, mas que, mesmo assim, insiste em oferecer sua vontade ao serviço do bem.
O estoico é filho dessa lucidez. Ele não espera que o país melhore para então agir com justiça — ele age com justiça porque isso é o que está sob seu domínio.
A reforma que importa começa no território interno da consciência, e se expande para fora como testemunho — não como imposição.
Agir bem em tempos favoráveis é o que se espera. Mas agir bem quando tudo conspira para o desânimo — isso é grandeza silenciosa.
É fidelidade ao Logos, à natureza racional e moral que habita em cada ser humano.
Sêneca diria:
“Nenhum vento é favorável para quem não sabe a que porto se dirige.”
Mas ao justo não importa a direção dos ventos — ele se posiciona na vida a partir da bússola da integridade.
Essa esperança estoica não é uma aposta no sucesso, mas um voto na dignidade. Ela sabe que o bem pode fracassar no mundo — mas também sabe que, quando isso acontece, o fracasso do bem é sempre mais digno do que a vitória do cínico.
E é por isso que, entre zombar da esperança e encarná-la com sobriedade, o estoico escolhe resistir — não para vencer, mas para não trair aquilo que faz a vida ainda merecer ser vivida.
7. O Brasil como espelho: e nós, o que refletimos?
Dizer que “essa porra nunca vai dar certo” pode até soar como desabafo legítimo.
No entanto, é também — e talvez sem que se perceba — uma forma de absolver-se do próprio dever.
Pois a partir do momento em que decretamos a falência do todo, nos eximimos da parte que nos cabe.
Não por acaso, é fácil zombar da esperança. Difícil mesmo é sustentá-la com os pés sujos da lama real e a cabeça erguida pela consciência que ainda se recusa a ceder.
E é aqui que o estoicismo mostra sua força silenciosa: Ele não pede que fechemos os olhos — convida-nos a que os abramos melhor.
Não exige que neguemos o que está mal — mas que recusemos ser moldados por isso.
Porque, no fim das contas, o Brasil é um espelho imperfeito, mas espelho ainda assim. E cada um de nós precisa decidir o que deseja refletir nele.
A crise não é apenas política, econômica ou institucional. É também — e sobretudo — uma crise de consciência, de como nos vemos e nos posicionamos na vida.
Quando olhamos para o país, o que vemos: um cenário ou um reflexo? E quando falamos dele com desprezo, será que não estamos, na verdade, falando da parte de nós que se cansou de lutar?
Sêneca escreveu: “A esperança é a última coisa que morre nos que sabem que viver é um ato de coragem.”
Mas coragem não é ausência de medo — é compromisso com algo que o medo não pode destruir.
Por isso, mesmo diante da exaustão, escolho continuar. Não por otimismo tolo, nem por heroísmo ensaiado.
Mas porque há algo em mim — e, creio, também em ti — que ainda se recusa a ser vencido por dentro.
Não tenho todas as respostas. Mas recuso, conscientemente, ser engolido pelas perguntas mal formuladas que só servem para justificar a desistência.
Continuo porque ainda há o que salvar. E porque, quando já não se acredita em nada, cada ato de integridade se torna um gesto revolucionário.
8. Uma pátria se reconstrói de dentro para fora
Talvez o Brasil esteja mesmo doente. Doente de corrupção, de desigualdade, de descompromisso com a verdade.
Mas um corpo adoecido só está realmente condenado quando nenhuma célula mais reage.
E ainda há — graças a Deus — gente lúcida, honesta, sensível… como você. Gente que pensa, que escreve, que se indigna. Gente que se importa.
E isso, Rogério, é sinal de que ainda há sangue correndo. Ainda há pulsação. Ainda há vida.
O Evangelho nos fala da casa construída sobre a rocha. Mas essa rocha não é o Estado, nem o sistema, nem as leis — é a consciência viva de cada indivíduo que compõe a nação brasileira.
Aquela consciência que, mesmo rodeada de lama, não cede ao escorregadio. A que permanece firme, mesmo quando tudo à volta se desfaz.
E por mais que pareça pouco, é dali — dessa rocha interior que ninguém pode arrancar — que a reconstrução começa.
Não será um projeto coletivo que nos salvará, se cada indivíduo se rende à desistência íntima.
Pelo contrário: será o trabalho silencioso das consciências que se recusam a trair seus próprios princípios, mesmo quando o mundo já zombou deles.
Por isso, te agradeço.
Por provocar o debate com honestidade.
Por não fingir que está tudo bem — mas também por me dar a oportunidade de afirmar, com toda a lucidez que me cabe, que ainda vale a pena resistir.
E mais que isso: que ainda vale a pena cuidar do que somos, para que um dia possamos voltar a confiar no que seremos.
Com afeto sereno e estima verdadeira,
Jorge
9. Epílogo — A Vela que não se Entrega ao Vento
Talvez tudo ao redor grite que é tarde demais. Quem sabe os ventos da história soprem mais fortes, mais confusos, mais frios.
Entretanto, há algo que nenhuma tempestade pode apagar: a chama interior de quem escolheu não se render à escuridão.
Essa chama não arde para ser admirada. Ela arde porque isso é o que deve ser feito. Como dizia Confúcio, “melhor acender uma vela do que maldizer a escuridão.”
Mesmo trêmula, a luz da consciência já é sinal de presença. Não se trata de salvar o mundo com estardalhaço.
O verdadeiro bem raramente faz barulho. Como ensinava Epicteto, “quem progride na filosofia, torna-se mais calmo, mais silencioso e mais resoluto.”
A virtude é discreta porque não busca aprovação — busca fidelidade. A vela filosófica não é símbolo de grandiosidade, mas de firmeza silenciosa.
É o que Marco Aurélio chamaria de “fortaleza interior diante do caos exterior.” Sua base é o Logos; seu combustível, a consciência desperta.
Na tradição oriental, o sábio é como a lamparina do templo: não compete com o sol, mas sustenta o sagrado quando tudo em volta dorme.
Lao-Tsé diria: “O que é flexível supera o que é rígido.” A chama vence não pela força, mas pela constância e pela direção vertical ao que é superior.
Em tempos de colapso, manter a lucidez já é um ato de resistência.
Viktor Frankl, sobrevivente dos extremos, ensinou que “tudo pode ser tirado de um homem, exceto uma coisa: a última das liberdades humanas — escolher a atitude a tomar diante das circunstâncias.”
Essa atitude, hoje, é a de quem decide permanecer aceso.
E talvez seja assim que a reconstrução começa: não com discursos inflamados, mas com gestos silenciosos de fidelidade ao que importa.
Com velas firmadas em mãos trêmulas, mas conscientes. Com seres humanos que, ao recusarem apagar-se por dentro, iluminam discretamente o mundo.
Porque, como escreveu Heráclito, “a natureza ama esconder-se” — e talvez seja justamente nas pequenas luzes que o sentido oculto do tempo presente ainda possa ser revelado.
10. Pós-escrito — A vela, o amigo e o país: notas sobre o que ainda resiste
Há correspondências que não se explicam por causalidade linear. Como ensinava Jung, certas sincronicidades são sinais de uma ordem simbólica mais profunda, que liga os seres pelo sentido, não pela sequência.
Com Rogério, foi assim. Sua mensagem, ainda que escrita no calor do desencanto, acendeu em mim a centelha de uma lucidez que não se apaga com o vento — como aquelas velas que resistem mais por fidelidade do que por força.
Seu desabafo não foi só ponto de partida de um ensaio. Foi espelho. Espelho de uma geração inteira tentando não perder a fé sem trair a lucidez — aquilo que Montaigne chamaria de “dignidade no meio da desordem”.
Talvez seja disso que mais careçamos hoje: de amizades que nos desafiem sem ferir, que provoquem sem corromper, e que nos lembrem que pensar ainda pode ser um ato de comunhão — não de ruptura.
Como em Buber, é no entre de um encontro verdadeiro — ainda que virtual — que o Eu se revela ao Tu, e o mundo readquire espessura. Amizades assim não distraem da verdade: despertam-na.
Porque, como dizia Confúcio, “o nobre exige de si mesmo, o vulgar exige dos outros.” E a amizade filosófica é aquela que exige de ambos — não complacência, mas crescimento mútuo.
É fácil acender velas quando a sala está aquecida. Difícil é mantê-las acesas quando o vento entra pelas frestas e tenta apagar até o que somos.
Mas algumas velas resistem. Não por potência, mas por propósito. São aquelas que foram acesas com sentido — e por isso não se dobram ao caos.
Este ensaio não pretende ser doutrina nem conclamação. É um gesto. E, como tal, carrega algo do silêncio das ações essenciais — aquelas que, segundo Lao-Tsé, “não competem com o mundo, e por isso não podem ser derrotadas.”
É também um ato de gratidão. A ti, Rogério, que ousou escrever com o sangue da consciência num tempo em que tantos preferem apenas repetir slogans ou calar-se.
E é, sobretudo, um compromisso com a centelha que ainda pulsa no humano — aquela que não se extingue nem mesmo sob o peso da desesperança coletiva.
O Brasil — esse país que tantas vezes parece zombar de quem ainda se importa — continua sendo, paradoxalmente, o território onde decidimos permanecer.
Não porque ele nos recompense, mas porque ainda queremos merecer aquilo que ele poderia ser, caso não o abandonássemos de dentro.
Porque uma pátria, no fim das contas, não é o Estado, nem o mercado, nem os jornais. É o que permanece vivo na consciência de quem se recusa a se apagar por dentro.
E onde houver uma consciência acesa, haverá ainda o que reacender. O fogo da alma não precisa de multidão — precisa de fidelidade.
Por isso, querido Rogério, esta vela segue acesa. Não por heroísmo. Mas por amizade. E por filosofia.
Como dizia Epicteto, “o verdadeiro progresso não está em evitar o sofrimento, mas em permanecer íntegro diante dele.”
E há lutas — as mais profundas — que só podem ser vencidas quando escolhemos continuar. Mesmo sem saber se venceremos. Mesmo que ninguém veja.
Porque permanecer aceso num tempo de trevas não é vaidade — é vocação.
Talvez, no fundo, tu mesmo, Rogério, sejas um estoico que ainda não se nomeou como tal. E talvez isso nem importe.
Importa que resististe ao impulso de zombar da esperança — e, ao ouvir, escolheste não o silêncio cínico, mas o diálogo corajoso.
E isso, meu amigo, já é filosofia vivida. Porque, como ensinava Marco Aurélio, “a melhor vingança é não se parecer com quem te feriu” — e tu escolheste responder com elevação.
Se a vela segue acesa, é também porque tua escuta a protegeu do vento.
Com estima redobrada,
Jorge
(*) O autor é advogado, Procurador do Estado aposentado, ex-Procurador-Geral do Estado do Amazonas e membro da Academia de Ciências e Letras Jurídicas do Amazonas.