1. Preâmbulo – Quando o Ar Fica Pesado e Ninguém Quer Falar Sobre Isso
Houve um tempo em que eu viajava quase semanalmente entre o Rio de Janeiro e Manaus. Aviões lotados, conversas cruzadas, cochilos entre nuvens. A rotina aérea era parte do meu trabalho — e da minha vida.
Mas um desses voos marcou para sempre meu corpo e meu espírito.
O piloto avisou que o trem de pouso apresentava uma falha. Precisaríamos voar em círculos por cerca de 45 minutos para queimar combustível e tentar um pouso de emergência. Não houve pânico, nem gritos. Houve algo mais denso: um silêncio abissal. Um tipo de temor que atravessa o peito sem barulho.
Enquanto a aeronave girava sobre a cidade, comecei a rezar. Um rosário inteiro, lentamente, com a consciência de quem não tinha mais nada a fazer — a não ser confiar. A atmosfera na cabine era feita de contenção e oração muda. Ninguém mais falava. Só os olhos se moviam.
O avião pousou. As rodas travadas. Um sacolejo seco. E então o alívio: estávamos vivos. Respiramos. Recomeçamos. E eu me preparei para o voo seguinte — com a firme esperança de que o problema não se repetiria. Mesmo sabendo que sim, poderia acontecer. Mas era preciso manter a fé e seguir em frente. Porque ficar paralisado pelo medo é morrer antes da hora.
Hoje, esse episódio me volta à memória com nitidez. Porque, de certa forma, estamos todos em voo. E há algo no ar — uma tensão surda, um desconforto abafado, uma gravidade moral que paira sobre os acontecimentos do mundo.
Mas, ao contrário do que vivi naquele avião, muitos hoje escolhem não ouvir o aviso do piloto.
Escolhem não ver o que está à frente.
Informam-se seletivamente. Preferem o entretenimento ao esclarecimento. Negam a realidade como quem tenta fechar os olhos antes do impacto.
Mas a verdade continua lá — pulsando no radar.
Os conflitos aumentam. O terrorismo avança. O discurso se degrada. A verdade é sequestrada. A liberdade encolhe. E muitos seguem fingindo normalidade, como se os motores estivessem em perfeito estado.
Há momentos na história em que a omissão não é prudência — é cumplicidade. E há situações em que a fé, longe de paralisar, é o que nos permite seguir adiante sem mentir para nós mesmos.
Este texto é escrito sob esse céu carregado.
Não como quem grita, mas como quem se recusa a fingir que não há risco.
E se há algo que ainda podemos fazer, é isso: pensar, discernir e escolher com lucidez o que não podemos mais ignorar.
E há algo crucial que esse pensar e esse discernir impõem nos conflitos: escolher o lado certo.
Não há neutralidade quando o mal se organiza.
Não há equilíbrio possível entre a civilização e o terrorismo.
E isso — escolher o lado certo — é exatamente o que o atual governo brasileiro parece não saber fazer.
Ou pior: parece não querer fazer.
2. Introdução – Quando a Covardia se Disfarça de Neutralidade
Fui Procurador do Estado por mais de trinta anos. Em quatro governos distintos, ocupei a função de Procurador-Geral. Vi leis sendo torcidas, palavras sendo manipuladas, e o discurso sendo usado ora como escudo, ora como arma.
Aprendi que a retórica, quando separada da verdade, pode se tornar a mais perigosa forma de covardia.
Meu olhar é ideológico no sentido mais elevado e consciente do termo: fundado em valores éticos, em compromisso com a verdade e em fidelidade à tradição civilizacional que reconhece a liberdade como dever, e não como capricho.
Por isso, quando vejo líderes e comentaristas tentando reabilitar o Irã como se ele fosse apenas mais um ator “mal compreendido” no cenário internacional, não vejo ingenuidade. Vejo conivência. Vejo cegueira voluntária. Vejo perversão moral.
Diante do cenário atual do Oriente Médio, e especialmente do papel que o Irã tem desempenhado no teatro da destruição, digo apenas o que os fatos impõem com clareza:
Quem procura, acha.
E não me refiro apenas ao Irã, mas a todos aqueles que, por conveniência, por ressentimento ou por desprezo ao Ocidente, alimentam a ilusão de que é possível dialogar com o fanatismo como se ele fosse apenas uma divergência civilizada.
O fanatismo não dialoga — impõe. Não pensa — segue. Não busca justiça — busca submissão.
E quem finge não ver isso, não é neutro: é aliado.
3. Guerra Também Dá Lucro — O Irã É Sócio, Não Vítima
É verdade: poucos negócios são tão lucrativos quanto a guerra. Antes, durante e depois de cada conflito, uma extensa cadeia de interesses se movimenta.
A indústria armamentista não apenas se fortalece, mas se expande como eixo logístico, tecnológico, político e financeiro de alcance global.
Fábricas de armas, consultorias estratégicas, empresas de reconstrução, redes de segurança privada, bancos de investimento — todos operam sob a lógica da destruição como oportunidade.
E muitos governos, à esquerda e à direita, não estão isentos de se curvar a esses interesses, sob o manto da segurança nacional ou da geopolítica do “mal menor”.
Mas aqui é preciso separar a crítica legítima do cinismo covarde.
O fato de a guerra ser lucrativa não absolve o Irã — desmascara ainda mais sua hipocrisia.
Quem o apresenta como uma vítima útil das engrenagens ocidentais esquece — ou finge esquecer — que o próprio Irã é produtor, fornecedor e beneficiário da guerra.
É preciso ter em mente que o complexo industrial-militar do Irã está entre os mais avançados do Oriente Médio.
Seus drones armados são exportados para milícias e regimes autoritários na Ásia, na África e na América Latina.
Suas vendas de armamentos, embora não declaradas oficialmente, sustentam organizações como Hezbollah, Hamas e Houthis com tecnologia de precisão.
E tudo isso é financiado com os lucros do petróleo do povo iraniano — vendido por baixo dos panos à China, à Rússia e a qualquer um que aceite negociar com quem proclama a morte como projeto de Estado.
Além disso, o Irã mantém laços comprovados com redes de narcotráfico internacional, lavando dinheiro por meio de bancos e operando rotas que cruzam o Oriente Médio, a África e a América Latina, especialmente por meio da conexão com o Hezbollah.
Não se trata de um país oprimido pelo sistema internacional. Trata-se de um regime autocrático e fundamentalista, fomentador do terrorismo, que não sobrevive sem o colapso — ele o cultiva.
Não é vítima — é sócio do caos.
E como todo sócio interessado, não busca a paz, mas o prolongamento do conflito, até o ponto em que possa impor sua verdade fanática pelo fogo — inclusive contra os que hoje fingem defendê-lo.
Basta ver o que alguns grupos islamistas têm feito na Europa que os recebeu como refugiados: desprezam a cultura que os acolheu e semeiam o terror onde deveriam agradecer.
4. O Irã Não Quer Paz — Quer Supremacia Teocrática
Há quem ainda insista em apresentar o Irã como um país defensivo, que busca apenas garantir sua soberania diante das ameaças ocidentais.
Essa narrativa deturpada, repetida com disciplina militante em setores da imprensa e da academia, ignora um dado elementar: o Irã de hoje não é apenas um Estado nacional. É, na verdade, uma teocracia revolucionária que o usa o terror com ambição imperial.
Desde 1979, com a Revolução Islâmica, o regime dos aiatolás declarou como missão institucional a exportação da revolução xiita. Isso não é uma interpretação — está inscrito na Constituição iraniana.
Trata-se de um projeto de poder supranacional, religioso e militar, que visa desestabilizar os países vizinhos, cooptar minorias xiitas em outros Estados, eliminar Israel e expulsar o Ocidente da região.
O Irã não busca paz. Paz implicaria estabilidade, diálogo e reconhecimento da diversidade religiosa, política e cultural no Oriente Médio.
O Irã quer hegemonia.
E para isso, emprega três frentes de ação:
• A teologia como doutrina de submissão: o regime não representa a fé islâmica, mas a instrumentaliza como máquina de controle interno e expansão externa. O clero dominante é militarizado, e a espiritualidade reduzida a instrumento ideológico.
• A guerra como linguagem diplomática: a presença militar iraniana se estende hoje da Síria ao Iêmen, do Líbano ao Iraque. O Irã arma, financia e comanda milícias paramilitares em pelo menos sete países, minando a soberania de Estados frágeis e criando zonas cinzentas de poder.
• A mentira como método de sobrevivência: não apenas mente sobre seu programa nuclear — mente sobre seus objetivos, mente em fóruns internacionais, mente ao seu próprio povo. A dissimulação é parte estruturante da lógica do regime.
O Irã não é um país que deseja sentar à mesa e quando ofaz é para enganar e dissimular — é antes um regime que deseja controlar a mesa, escolher os convidados e expulsar os que pensam diferente.
Por isso, toda tentativa de negociar com base em pressupostos ocidentais — igualdade, reciprocidade, boa-fé — está fadada ao fracasso.
Não se trata de um conflito entre interesses geopolíticos concorrentes, mas de uma colisão entre civilizações: de um lado, a cultura da liberdade e da responsabilidade. Do outro, a cultura da submissão e da morte.
5. Quem Realmente Procurou a Guerra?
Foi o Ocidente quem, desde 1979, declarou a morte do outro como princípio diplomático?
Foi o Ocidente quem inseriu em sua Constituição a missão de exportar revolução teocrática?
Foi o Ocidente quem passou décadas financiando milícias terroristas, treinando mártires, construindo túneis para ataque e jurando apagar Israel do mapa?
O Ocidente invadiu o Irã com slogans de extermínio?
Foi o Ocidente quem impediu o Irã de existir ou o forçou à guerra?
Não.
O que o Ocidente fez foi tentar, por todos os meios, evitar o colapso. Negociou, cedeu, aceitou acordos — e, em muitos momentos, esticou perigosamente a corda da tolerância.
O Ocidente permitiu, diversas vezes, que o Irã mentisse, atrasasse inspeções, enriquecesse urânio acima dos limites, ameaçasse Israel sem sofrer sanções proporcionais. A paciência ocidental foi, talvez, seu maior erro.
Acordos foram assinados. O Irã os violou.
Inspeções foram propostas. O Irã as negou.
Sanções foram impostas. O Irã as burlou com a cumplicidade da China, da Rússia e de países que preferem petróleo a princípios.
Então, quem realmente procurou o conflito?
Quem fingiu dialogar enquanto cavava túneis de ataque?
Quem discursou na ONU prometendo a paz enquanto fabricava mísseis e formava terroristas?
Quem jurou eliminar nações inteiras — e ainda assim foi convidado à mesa?
Não foi o Ocidente quem provocou a guerra.
Foi o Irã quem abusou da paz até não restar mais nada para negociar.
A guerra, neste caso, não foi uma escolha precoce. Foi uma resposta tardia.
E ainda há quem tenha coragem de defender o Irã em seu desejo insano de possuir armas nucleares e passam a acusar os que reagiram — enquanto absolve os que arquitetaram o colapso com seu intento de destruir o Ocidente.
5.1. A Guerra não é a mesma para todos: Quem mira civis revela quem sde fato é
A guerra, por mais trágica que seja, ainda revela — com brutal clareza — quem é quem no tabuleiro moral do mundo. E uma das linhas mais nítidas que separa civilizações de barbáries é esta: o alvo.
Quem você escolhe atingir quando decide reagir?
O Ocidente e Israel, ao se verem forçados a responder militarmente, miram instalações de guerra, arsenais, túneis, refinarias ilegais, centros de comando, líderes militares.
Não são perfeitos — erros existem, e às vezes custam vidas inocentes. Mas erros não são intenção. São falhas em operações complexas, e frequentemente reconhecidas como tais.
Israel envia alertas prévios, dispara panfletos, faz chamadas telefônicas para evacuar civis de áreas prestes a serem atacadas. Já foi criticado por isso, até por seus aliados — por parecer “ceder demais”. Mas a motivação é clara: respeito pela vida civil, mesmo do lado inimigo.
E o Irã?
O Irã não erra. O Irã escolhe.
Seus braços armados — Hamas, Hezbollah, Houthis — miram deliberadamente em civis. Atacam escolas, mercados, sinagogas, festivais. Celebram o terror, filmam a morte, usam crianças como escudos, fazem da vitimização um ativo político.
Não lutam para vencer militarmente. Lutam para humilhar moralmente. É a guerra como teatro de horror, a morte como espetáculo, o civismo como fraqueza a ser explorada.
Quando você mira o outro com intenção de matar o que há de mais vulnerável — mães, idosos, bebês —, você não está lutando por liberdade. Está tentando destruir a própria ideia de civilização.
❌ A falácia da equivalência moral — e o silêncio cúmplice da grande mídia
E ainda assim, há quem ouse dizer que “os dois lados são iguais”.
Não são.
Um lado se arrepende de cada civil atingido.
O outro contabiliza civis como vitória política.
Um lado assume erros.
O outro transforma crimes em bandeiras.
Um lado quer sobreviver.
O outro quer exterminar.
E o mais escandaloso: a imprensa que se apresenta como guardiã da democracia cala-se diante disso.
A grande mídia, que alardeia tragédias quando o agressor é o Ocidente, omite-se covardemente quando o terror vem do outro lado. Ignora mísseis em bairros israelenses. Relativiza massacres do Hamas. Suaviza slogans genocidas como se fossem “protestos legítimos”.
Não é apenas desinformação — é distorção deliberada.
O silêncio é o novo editorial.
A omissão é a nova militância.
E a verdade, mais uma vez, é a vítima que não faz manchete.
6. Lula e o comportamento de quem já não se Importa com o que deixa para trás
A verdadeira natureza de um homem revela-se no que ele faz quando já não teme ser julgado pelo futuro.
É isso que hoje se vê no comportamento de Lula: não um erro de cálculo, mas um abandono deliberado da responsabilidade histórica.
Percebe-se que falas não são somente impulsivas — são pensadas para ferir. E suas omissões não são apenas distrações — são sinais de aliança.
Suas escolhas diplomáticas não são erros táticos — são retratos de um projeto ideológico que já não pretende esconder sua face.
Lula não disfarça quando compara Israel ao nazismo. E não recua quando minimiza o massacre do Hamas como “reação desproporcional”.
Não hesita quando defende Maduro, afaga os aiatolás ou se omite diante do terrorismo.
Lula fala e age exclusivamente para o seu público, aquele que o idolatra independentemente dos fatos, esquecendo deliberadamente seu papel institucional de representar toda a nação.
Deixa de ser presidente para se tornar polemista — não governa um país, governa uma bolha.
Ele fala com a tranquilidade de quem não será mais cobrado.
Age como quem sabe que o tempo lhe escapa — e por isso transforma cada tribuna em palanque, cada crise em palhaçada, cada silêncio em estratégia.
Seu comportamento não é mais o de um chefe de Estado que pensa gerações. É o de um personagem em fim de ciclo, que troca legado por oportunidade, prudência por propaganda, futuro por vaidade.
E nesse teatro, o Brasil não é protagonista — é refém. Refém de uma política externa que relativiza o terrorismo. Refém de uma retórica que inverte o certo e o errado.
Refém de uma diplomacia que nos isola das democracias maduras e nos aproxima de regimes que desprezam a liberdade, a vida e a verdade.
Lula não está apenas errando.
Ele está agindo conscientemente contra os princípios que sustentam o mundo livre.
E o faz com a despreocupação de quem não crê no juízo final — nem da história, nem de Deus.
Quem age assim não pensa nos filhos dos outros.
Não pensa nos jovens brasileiros que herdarão um país menor, mais frágil, mais isolado e mais vulnerável.
Seu comportamento não é político — é moralmente corrosivo.
E como todo veneno, os efeitos vêm depois — mas a destruição começa agora.
7. Interlúdio – O Paradoxo dos Ídolos e o Espelho que Lula Evita Encarar
Há uma ironia cruel — e reveladora — na retórica de Lula.
Ele acusa Israel de “nazismo”, repetindo a cartilha propagandística dos que odeiam o Ocidente. Mas seus ídolos políticos dizem mais sobre ele do que suas palavras jamais admitirão.
Getúlio Vargas, a quem Lula reverencia publicamente, foi um ditador com traços marcadamente fascistas.
Inspirou-se em Mussolini, flertou com o Eixo nos primeiros anos da Segunda Guerra, perseguiu comunistas, centralizou o poder, censurou a imprensa, institucionalizou a propaganda estatal e cultivou um nacionalismo autoritário com claras afinidades ideológicas ao nazi-fascismo europeu.
Se Getúlio acabou alinhando-se aos EUA na reta final da guerra, isso não foi fruto de convicção democrática — foi cálculo geopolítico. A sobrevivência exigia uma escolha. E ele escolheu a sobrevivência do poder.
Lula parece trilhar caminho semelhante:
adula ditadores, se alia a regimes que negam a liberdade e flerta com a relativização do terror — mas poderá, caso o cerco internacional se intensifique, ser forçado a “abrandar” sua retórica e repetir o roteiro do seu ídolo.
Mas o que isso revelará não é sabedoria — é coerência com o passado autoritário que ele sempre se recusou a condenar.
Eis o paradoxo revelado:
Acusar Israel de nazismo enquanto se abraça aos herdeiros ideológicos do nazismo, exalta um ditador fascista como herói nacional e repete a linguagem da propaganda totalitária.
Esse tipo de retórica não é só perigosa — é profundamente desonesta. E o silêncio da imprensa diante disso revela que a verdade histórica, hoje, importa menos do que a conveniência política do momento.
8. Conclusão – A Guerra Começa no Comportamento de Quem a Torna Possível
A guerra não começa com mísseis. Começa muito antes — no comportamento.
Começa quando alguém escolhe mentir sabendo que mente.
Quando alguém chama de “resistência” o que sabe ser terrorismo.
Quando alguém ataca aliados que defendem a vida e protege regimes que a profanam.
Quando a mídia silencia.
Quando a diplomacia se ajoelha.
Quando o discurso justifica a morte porque a verdade já foi vendida.
A guerra começa quando o comportamento se desconecta da consciência.
Quando o medo de parecer “duro demais” é maior do que a coragem de ser justo.
Quando o ódio ao Ocidente é maior do que o amor pela liberdade.
O Irã não está em guerra apenas com Israel.
Está em guerra com a civilização. E o mais perigoso não são os que lançam os foguetes — são os que aplaudem em silêncio, racionalizam, relativizam ou fecham os olhos.
O comportamento de um líder que não se importa com o amanhã também é uma forma de ataque.
O comportamento de uma mídia que finge neutralidade também é um tipo de míssil.
O comportamento de uma população que se cala diante do mal já não é apenas omissão — é adesão disfarçada.
Civilizações não caem apenas por colapsos externos.
Elas se autodestroem quando seu comportamento deixa de distinguir entre o certo e o conveniente.
É por isso que digo, com a clareza que a experiência exige:
Quem procura, acha.
E quem se comporta como cúmplice, será cobrado como autor.
9. Epílogo – Quando a História se Move e o Delírio Fica para Trás
Há momentos em que a história parece cambalear, como se estivesse à beira do abismo.
Mas há também momentos em que ela muda de curso — não porque os tolos finalmente se arrependem, mas porque os acontecimentos os ultrapassam.
É o que pode estar em gestação agora, silenciosamente, nas sombras da diplomacia e nos bastidores da estratégia internacional.
Diante da escalada de ameaças nucleares, do patrocínio explícito ao terrorismo e da corrosão progressiva dos pactos de confiança, cresce — ainda que a contragosto — a consciência de que a destruição da capacidade do Irã de produzir armas atômicas pode ser a única via possível para restaurar o equilíbrio.
Não se trata de exaltar a guerra, mas de reconhecer o limite da tolerância diante do fanatismo.
Não se trata de fetichizar os Estados Unidos, mas de entender que, na ausência de outros, é ainda da democracia americana que pode vir o gesto difícil, porém necessário, que os demais evitam por covardia ou cálculo.
Porque não há estabilidade possível com um Irã nuclear.
Não há convivência possível com um regime que combina messianismo, armamento e desprezo pela vida.
Basta observar o que já vinha acontecendo antes da escalada terrorista: os Acordos de Abraão revelavam um movimento de aproximação histórica entre Israel e o mundo árabe.
Um realinhamento civilizacional começava a nascer, não pela força, mas pelo reconhecimento de interesses comuns, da necessidade de paz e do desejo de prosperidade compartilhada.
Essa reconciliação incomodava o Irã porque demonstrava, com fatos, que a paz é possível mesmo entre antigos rivais — desde que o fanatismo seja removido da equação.
A Europa — titubeante, anestesiada por seus próprios fantasmas — dificilmente liderará essa contenção.
A ONU — refém de sua paralisia moral — seguirá sendo palco de discursos e não de decisões.
E o Brasil — sob Lula — continuará brincando de neutralidade enquanto o mundo se recalibra em torno da verdade que ele insiste em negar: a paz exige coragem.
Pode ser, portanto, que estejamos à beira de uma virada histórica: a desarticulação, por fim, do Eixo do Mal que se consolidou sob os auspícios do Irã, com braços armados no Líbano, na Faixa de Gaza, no Iêmen e em parte da América Latina.
E essa virada poderá abrir um ciclo de estabilidade mais longo no Oriente Médio — não por concessão dos tiranos, mas pela firmeza dos que ainda sabem distinguir civilização de barbárie.
Se esse movimento se concretizar, como parece cada vez mais provável, as intenções ideológicas de Lula serão tragadas pelos fatos.
Sua retórica será exposta como anacronismo.
Seu apoio velado ao terror será interpretado como cumplicidade.
Sua política externa será lembrada como o delírio de um governante que, em fim de ciclo, tentou moldar o mundo a partir da lógica da própria bolha — e foi ignorado pelo mundo real.
Porque a história segue — e os delírios não a detêm.
Os regimes passam.
Os slogans morrem.
E a verdade, mesmo vilipendiada, volta a respirar quando o tempo faz justiça.
Talvez, quando as areias assentarem e a poeira baixar, a América Latina acorde.
Talvez o Brasil reencontre a lucidez que o lulismo sufocou com propaganda.
Talvez os jovens que hoje repetem chavões hostis a Israel e ao Ocidente, um dia percebam que a liberdade que lhes permite criticar é a mesma que o Irã destruiria se pudesse.
Até lá, escrevemos. Pensamos. Lutamos com palavras.
Porque, como dizia Hegel, a coruja de Minerva só alça voo ao entardecer — mas ela voa. E vê.
E quando vê, revela.
(*) O autor é advogado, Procurador do Estado aposentado, ex-Procurador-Geral do Estado do Amazonas e membro da Academia de Ciências e Letras Jurídicas do Amazonas.