Manaus – Nem começou 2020 e o mundo acordou assustado com um bombardeio norte-americano que eliminou o general Qasem Soleimani, do Irã. Não era qualquer oficial. Soleimani comandava a Força Al-Quds, unidade especial da Guarda Revolucionária Iraniana, a quem os ‘yankee’s atribuem inúmeros atentados terroristas no mundo. Todavia, o general era considerado um herói pelos iranianos, conhecidos por suas tradições religiosas e implacáveis por vingança quando uma morte dessas abate um dos seus. Mas peraí, no quê isso nos importa? O Brasil não está bem longe disso?
Pensar assim, é o mesmo que achar que só porque você não tem dólar na carteira, o câmbio internacional não tem nenhuma importância. Claro que tem! Com a globalização, todo evento em escala mundial pode afetar nossas vidas. A geada na Argentina compromete o trigo que vem até o Brasil, resultado: pão mais caro na nossa mesa. Os comandantes do petróleo do mundo são os árabes, grandes consumidores de produtos exportados daqui, como grãos e carne brasileira. Ainda não há motivo para alarmes, pois nenhuma exportação foi cancelada ou a gasolina teve reajuste. Os eventos de lá demoram um pouco para surtir efeitos aqui e o momento é de atenção no desdobrar dos acontecimentos.
O Itamaraty apresentou nota condenando as práticas terroristas, mas deixando claro que se une aos “esforços internacionais que contribuam para evitar uma escalada de conflitos”. O problema é que, como asseverou Tolstói no best-seller ‘Guerra e Paz’, “tal qual o mecanismo de um relógio, a máquina militar tem de ir até ao fim desde que se verifique o primeiro movimento”. Ao que parece, as engrenagens que até então estavam congeladas por uma guerra só de palavras saíram da inércia, rumo a perigosos embates; e como diz um brocado conhecido: “se queres paz, prepara-te para a guerra” (continua).
*Deputado federal (PSL-AM) e delegado de Polícia Federal