Manaus – Na maioria das vezes, o óbvio é a verdade mais difícil de se enxergar, e o que deveria ser entendido como lição nas atividades que envolvem a prática do bem, é que a caridade e a solidariedade tem a ver com o seu próximo e não com você – ou comigo – mesmo. É a lição que aprendemos observando, agindo e calando ao mesmo tempo, para dar com a esquerda sem que a direita veja. Um já falecido jornalista e escritor uruguaio chamado Eduardo Galeano, disse não acreditar em caridade, mas em solidariedade.
Explicou que a caridade é muito vertical, de cima para baixo, enquanto a solidariedade é horizontal, respeitando as outras pessoas e aprendendo muito com elas. Para a prática do bem não importam os termos, mas sim as ações, desde que elas respeitem o próximo e sua condição. A caridade é a essência, é o amor em ação criando laços de fraternidade com o próximo, enquanto a solidariedade o sentimento que leva os homens a se ajudarem mutuamente.
Nada disso tem a ver com pena, pois pena e compaixão são sentimentos completamente diferentes: o primeiro é a tristeza muitas vezes acompanhada de culpa, e o segundo é a tristeza acompanhada da vontade de ajudar. É difícil acreditar que, com tantas mazelas, a grande maioria continue sentindo dó do flagelo alheio sem fazer nada, secando as lágrimas e voltando à rotina.
Pior do que isso é aproveitar-se do assistido para a autopromoção sem gerar qualquer benefício a ele. A prática do bem gera muitos outros benefícios tangíveis (sociais e econômicos) e intangíveis (espirituais e cármicos) em longo prazo. Isso deveria nos bastar. O homem é tão egoísta que é preciso falar em recompensa em outra vida para que ele pratique o bem nesta. E isso é uma pena. Nada há de novo debaixo do Sol.
*Deputado federal (PSL/AM) e delegado de Polícia Federal