Retinoblastoma: a redescoberta da doença

O retinoblastoma é um tumor maligno que se desenvolve na retina e, pode acometer os dois olhos de crianças recém-nascidas

Nos últimos dias fomos bombardeados com a informação que a filha do apresentador Tiago Leifert, a pequena Lua de apenas 1 ano, teve o diagnóstico confirmado de Retinoblastoma, uma doença pouco conhecida que podia acometer os olhos de crianças recém-nascidas. O burburinho foi grande, afinal, o que é o Retinoblastoma? O que ele podia causar? E principalmente, o que pode ser feito para evitá-lo?

De acordo com dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer) o retinoblastoma, corresponde de 2,5 a 4% de todas as neoplasias pediátricas e por ano acomete cerca de 400 novos casos. Ocorre na criança pequena, sendo que dois terços são diagnosticados antes dos 2 anos de idade e 95% antes dos 5 anos.

O retinoblastoma é um tumor maligno que se desenvolve na retina, pode acometer os dois olhos e resulta em leucocoria (reflexo branco). A leucocoria é resultado do crescimento do tumor no fundo do olho, que descola a retina e cria o reflexo. A principal causa é genética. O portador herda uma mutação no gene Rb1 que ocasiona no aparecimento do tumor. Estudos mostram que crianças que tiveram a doença apresentaram 50% de chance de passar a condição para seus descendentes. No entanto, este tipo de câncer pode aparecer como qualquer outro, a famosa loteria do azar.

Dentro da rotina de exames das crianças recém-nascidas existe o teste do olhinho, um teste simples de rastreio que procura identificar através do reflexo vermelho da retina, à presença de alterações nos olhos dos pequenos. E realizado nas primeiras 72 horas, ainda dentro da maternidade pelo médico pediatra e funciona como a primeira estratégia para o combate à doença, afinal, o diagnóstico precoce é essencial para um desfecho favorável no tratamento. Vale lembrar que ele pode ser repetido a cada 3 meses e toda criança como forma de prevenção das doenças oculares na infância, deve passar por checkup oftalmológico pelo médico oftalmologista no primeiro ano de vida.

O tratamento é complexo e depende de fatores como o tamanho do tumor, a localização dentro do olho e a possibilidade de preservação da visão da criança. Pode incluir a quimioterapia, terapia focal, uso de laser e métodos cirúrgicos. Os estudos mostram que existe chance superior a 90% de cura e o principal objetivo do tratamento é eliminação do tumor e prevenção do retorno do câncer.

Nos últimos dias recebemos com consternação a informação do diagnóstico de retinoblastoma, um tipo de tumor intraocular de origem genética que acomete os olhos das crianças pequenas ao nascer, na filha do apresentador Tiago Leifert. Com alegria soubemos que ela já está em tratamento e como a maioria dos acometidos, possui grandes chances de sucesso. Uma festa para os familiares e uma alegria para o publico em geral; nada melhor que boa notícia nesses tempos de pandemia, afinal, como diria Lulu Santos, para todo mal, que haja à cura.

 

 

 

*Médico oftalmologista. Tem formação em Oftalmogeriatria, com especialização em Gerontologia e Saúde do Idoso. Atua como diretor clínico na Policlínica Codajás, é coordenador do ambulatório de oftalmologia na FUnATI (Fundação Universidade Aberta da Terceira Idade ) e cursa mestrado em Doenças Tropicais e Infecciosas pela Fundação de Medicina Tropical (UEA/FMT – HVD).

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