São Paulo – Os casos confirmados de varíola do macaco, ou varíola símia, já passam de duas centenas em mais de 20 países, juntamente com outras dezenas de suspeitas. A doença acendeu o sinal de alerta na Organização Mundial da Saúde (OMS) porque nunca havia aparecido nessa proporção fora da África, onde em muitos países é endêmica (constantemente registrada).

(Foto: Microscópico de um vírus / Reprodução Pixabay)
O Brasil, todavia, ainda não tem protocolos definidos para testagem e isolamento de casos suspeitos que possam surgir por aqui, tampouco insumos necessários para disponibilizar testes, caso sejam necessários.
Quando aconteciam casos fora do continente, davam-se a partir do contato com um animal silvestre após viagem aos lugares onde a doença está presente ou com animal silvestre tirado da natureza e levado para o contato humano.
No surto desta vez, que começou há cerca de um mês na Europa, a velocidade de transmissão é diferente, e o surgimento em lugares distantes intriga os pesquisadores.
Pensando nisso, o Ministério da Saúde e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) criaram grupos de trabalho para desenvolver protocolos e procedimentos para possível chegada da doença ao Brasil.
A virologista, que também faz parte da Câmara Técnica Temporária – CâmaraPox MCTI, é taxativa ao afirmar que o país tem recursos humanos e técnicos para diagnosticar a doença, mas a preocupação é com insumos específicos para detectar esse vírus especificamente.
Além de coleta via swab (cotonete estéril) das lesões, que são ricas em materiais virais, a doença pode ser diagnosticada por exames de sangue feitos no começo dos sintomas, quando o vírus circula pela corrente sanguínea.
Após a disponibilização de insumos, a orientação dos profissionais de saúde deve estar entre as prioridades das autoridades de saúde.
O Ministério da Saúde encaminhou a todos os Estados um comunicado de risco com orientações aos profissionais de saúde e informações disponíveis até o momento sobre a doença.
Por enquanto, na América do Sul, apenas a Argentina investiga uma pessoa com suspeita da doença. Mas já há registros de infectados na Europa, América do Norte, Oceania e Ásia. A OMS considera o pior surto do vírus fora da África.
A partir da suspeita e do diagnóstico positivo, a orientação é o paciente ficar em isolamento de três a quatro semanas ou enquanto tiver lesões no corpo.
O Instituto Butantan, um dos principais produtores de vacina do Brasil, também criou um grupo de trabalho para avaliar a disseminação do vírus da varíola do macaco no cenário mundial e uma possível confirmação de casos em território nacional.
O grupo está na fase de estudar a doença e avaliar as vacinas disponíveis no mercado, que são poucas e produzidas em pequena escala.
A vacina produzida contra a varíola tradicional, que foi declarada erradicada no mundo em 1980, tem considerável eficácia (cerca de 85%) contra a varíola do macaco. Porém, o imunizante não é mais produzido e “usava uma tecnologia que, talvez, não caiba mais com o atual contexto tecnológico”, informou em comunicado o Butantan.
Caso seja necessário, o instituto se comprometeou a produzir uma nova vacina. Vale destacar que a OMS afirmou na última segunda-feira (23) que não vê a necessidade de imunização em massa da população.
Além de conferir proteção antes da exposição, o imunizante pode ser usado em pessoas já infectadas.