Dia Nacional da Empregada Doméstica e a informalidade no setor

Dois Projetos de Lei, que criam estímulos às melhorias do emprego doméstico, estão parados no Congresso Nacional

Brasília – O Dia Nacional da Empregada Doméstica é comemorado dia 27 de abril. Nos últimos 11 anos, o emprego doméstico passou por transformações com a promulgação da Emenda Constitucional nº 72 em 2013 e a aprovação da Lei Complementar 150/2015, que regulamentou a Emenda. O trabalhador do setor passou a ter direito ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), direito ao seguro-desemprego, salário-família, adicional noturno, adicional de viagens, entre outros.

(Foto ilustrativa: Reprodução Unsplash)

A Pec das Domésticas veio trazer mais dignidade ao emprego doméstico. Hoje, por conta dos três anos de pandemia e a crise econômica, nos deparamos com a seguinte realidade. De acordo com a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio Avançada (PNAD) do Instituto Brasileiro Geografia e Estatística (IBGE) do quarto trimestre de 2023 (outubro, novembro e dezembro), o Brasil tem 6.037.000 empregados domésticos, sendo 1.422.000 formais (23,55%) e 4.614.000 informais (76,45%). É composto, em sua maioria, por mulheres pretas ou pardas e com baixa escolaridade. Muitas delas são responsáveis pelo sustento da família.

A categoria foi a que mais sofreu na pandemia com a redução de postos de trabalho. Apesar da recuperação desde 2022, houve um crescimento da informalidade. A diminuição do número de empregados domésticos com carteira assinada se deve ao fato de que muitos empregadores perderam suas rendas e fecharam suas empresas nos últimos anos. Aumentou muito o número de diaristas, que não são profissionais informais e sim autônomas que trabalham até 2 vezes por semana. O home office acabou proporcionando a troca de uma empregada mensalista por uma diarista. Mas muitos empregadores estão arriscando com a contratação, sem carteira assinada, de trabalhadoras por três ou mais dias na semana.

Para Mario Avelino, Presidente do Instituto Doméstica Legal, a informalidade é preocupante no setor, já que em uma ação trabalhista, o empregador vai ter sérios prejuízos. “Queremos que o empregador tenha estímulos ou benefícios para poder contratar formalmente a sua empregada. O patrão doméstico é um grande gerador de trabalho e renda e deve receber benefícios e ser valorizado como tal “, diz.
Melhorias no emprego doméstico
Mario acrescenta que dois Projetos de Lei, que criam estímulos às melhorias do emprego doméstico, estão parados no Congresso Nacional. Um é o Projeto de Lei PL 1766/2019 que visa a dedução do INSS na Declaração Anual de Ajuste de Imposto de Renda, que foi aprovado no Senado Federal, e espera a votação na Câmara dos Deputados Federais desde dezembro de 2019. Outros projetos importantes, que são o Projeto de Lei Complementar PLP 147/2023 do Senado Federal e o PL 2902/2023 da Câmara dos Deputados, propostos pelo Instituto Doméstica Legal- IDL, que propõe o Abono do PIS para o empregado doméstico, que é o único direito que eles não têm.

“É sempre bom lembrar que é mais barato ter o empregado dentro da lei do que fora dela. Quem não cumpre com as obrigações trabalhistas pode ter complicações, principalmente uma ação trabalhista, além de problemas com a Receita Federal, que no último dia 14 de março, notificou 509 mil empregadores domésticos, que estão devendo R$ 672 milhões em INSS e mais R$ 855 milhões em FGTS não recolhidos, o que pode incluir o empregador doméstico na Dívida Ativa da União, gerando graves problemas financeiros. Está sujeito ainda, a fiscalização do Ministério do Trabalho e Previdência e ações trabalhistas. Em muitos casos, pode pagar multas com juros e correção monetária, além de prejudicar o empregado doméstico, pois sem a carteira de trabalho assinada, não há os direitos trabalhistas conquistados pela PEC das Domésticas “, diz.

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