São Paulo- Um ano após a morte da professora Ellida Tuane, assassinada aos 26 anos em um caso que causou comoção, o marido dela e ex-lutador de MMA, Luis Paulo Lima dos Santos, 45, será julgado por homicídio qualificado, com prática de feminicídio e ocultação de cadáver. O julgamento está marcado para o dia 21, no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo
O suspeito está preso desde o ano passado. Ele era dono de uma academia na época do crime. Ellida, morava na zona leste de São Paulo, e foi encontrada morta em um córrego da região, com as mãos e os pés amarrados e o rosto coberto.
Ela teria sido morta por Luis Paulo um dia antes, em 5 de novembro, no apartamento do casal e na presença do filho deles, de apenas 6 meses. O laudo necroscópico mostrou que ela foi atingida por três disparos.
O promotor Antonio Nobre Folgado, do 4º Tribunal do Júri da Capital e que será responsável pela acusação, relata detalhes do caso. Entre os principais argumentos estão as imagens registradas por câmeras de segurança.
Ellida foi filmada na noite de 4 de novembro subindo no elevador até seu apartamento, de onde não mais saiu. Já Luis Paulo foi flagrado retirando do imóvel o que seria o corpo da esposa enrolado em um lençol, dentro de um carrinho de supermercado, na noite de 5 de novembro.
“O corpo foi encontrado com um lençol e uma lona que estava na casa deles. Inclusive, esses panos foram fotografados no carrinho quando ele saía com ele. Além disso, há sangue da vítima no carrinho de supermercado, bem como no porta-malas do carro do réu”, ressalta o promotor.
O crime teria ocorrido na madrugada daquele dia 5. Uma vizinha contou que ouviu quatro disparos por volta das 2h.
Luis é também acusado de fingir que a esposa havia desaparecido e de prestar falsa informação em documento público — ele fez um boletim de ocorrência sobre o desaparecimento.
Segundo a acusação, ele acessou o celular dela e simulou uma conversa em que Ellida afirmava que iria a Campinas, visitar a mãe. Em seguida, ele próprio foi à casa dos parentes da esposa. “Com a vítima morta, ele teve a frieza de almoçar na casa da mãe dela, fingindo preocupação com o sumiço”, afirma.
Desesperados, parentes procuraram pistas do paradeiro de Ellida em rodoviárias em São Paulo e em Campinas, sem obter nenhum indício.
Diante das evidências, o ex-lutador de MMA foi preso e admitiu à polícia ter atirado contra a esposa. Inicialmente, ele alegou legítima defesa em uma briga que teria sido motivada por ciúme. O réu tinha duas armas registradas, e a versão apresentada foi de que Ellida teria apontado para ele. Luis Paulo teria então reagido e atirado na mulher. A arma usada por ele, uma pista calibre 380, nunca foi encontrada.
Quando o caso chegou ao Judiciário, Luis Paulo ficou em silêncio em audiência ao ser perguntando sobre os fatos ocorridos naquele dia.
Procurada na quarta-feira (15), a defesa de Luis Paulo afirmou que o réu admite parcialmente as “imputações do Ministério Público”, sem detalhar a quais crimes se refere.
“O acusado aguarda a decisão de seus pares e do julgador dentro dos limites legais, sendo este o justo perante a lei. Luis Paulo admite parcialmente as imputações do Ministério Público que chegam a esta fase”, afirmou a advogada Simone Cabredo, por meio de nota.
Os indícios que mostravam a participação do marido, de certa forma, surpreenderam a polícia, já que, nas redes sociais, o casal aparentava ter uma vida feliz. “Até então, teriam um relacionamento de conto de fadas”, afirmou à Record TV o delegado Bruno Cogan, que investigou o caso.