Hipertensão na gravidez continua a ser causa principal de óbito materno

Falta de diagnóstico e tratamento adequados para pré-eclâmpsia e eclâmpsia destacam-se como fatores de risco

São Paulo- As mortes maternas por hipertensão persistem no Brasil, apesar de serem totalmente preveníveis. É o que mostra um estudo de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que analisou dados de 2012 a 2023 e reforçou que o problema tem grande relação com a desigualdade. Este levantamento, divulgado pela Agência Brasil na última segunda-feira (21), destaca a urgência de medidas efetivas para enfrentar esse problema de saúde pública, que continua a ser uma das principais causas de óbito materno no país e no mundo.

(Foto:© Arquivo/Andre Borges/Agência Brasília)

A hipertensão durante a gestação, incluindo pré-eclâmpsia e eclâmpsia, pode resultar em consequências severas, como falência renal e convulsões, podendo levar à morte da mãe e do bebê se não forem prontamente diagnosticadas e tratadas. A pré-eclâmpsia normalmente surge após a vigésima semana de gravidez, marcada por elevação da pressão arterial e indícios de lesão em outros sistemas orgânicos, frequentemente o fígado e os rins.

Especialistas indicam que a persistência dessas mortes está ligada à falta de acesso a cuidados pré-natais adequados e às disparidades no sistema de saúde. Muitas gestantes, especialmente nas áreas mais carentes e distantes, não têm acesso ao acompanhamento necessário, que inclui monitoramento da pressão arterial e manejo dos riscos associados à hipertensão.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já estabeleceu diretrizes para a prevenção e tratamento da pré-eclâmpsia e eclâmpsia, ressaltando a importância do diagnóstico precoce e intervenção apropriada. Entre as recomendações está o uso de sulfato de magnésio para prevenir convulsões em casos severos de pré-eclâmpsia, além de estratégias para controlar a pressão arterial e assegurar um parto seguro no momento correto.

A necessidade de investimentos em educação e infraestrutura de saúde é evidente, visando assegurar que todas as gestantes recebam cuidados pré-natais de qualidade. Isso não apenas salvaria vidas mas também diminuiria os custos de saúde a longo prazo, prevenindo complicações graves que demandam tratamento intensivo.

Além disso, é crucial promover campanhas de conscientização sobre os sinais e sintomas da pré-eclâmpsia, encorajando as gestantes a procurarem atendimento médico imediatamente ao perceberem qualquer sinal de alerta. A colaboração entre governos, organizações não governamentais e a sociedade civil é essencial para criar um ambiente de suporte que permita às mulheres gestantes o acesso a um cuidado pré-natal de qualidade, independentemente de sua localização ou condição socioeconômica.