São Paulo – A Inteligência Artificial (IA), aliada na redução de custos e na sustentabilidade ambiental, está conquistando o trabalho no campo. Tecnologias envolvidas na pulverização seletiva no campo utiliza sensores que captam 30 imagens por segundo. A inovação já garantiu, em alguns casos, economia de 98% no uso de herbicidas e, em média, a redução chega a 75,4%.
O SaveFarm, tecnologia brasileira produzida pela Eirene Solutions, integra sensores, câmeras de alta resolução, inteligência artificial e processamento de imagens. O equipamento pode ser instalado nas barras de qualquer pulverizador comum para tornar o trabalho no campo mais assertivo.
Funcionamento
O equipamento faz uma leitura de superfície do solo, identifica as ervas daninhas em meio à plantação e indica os locais precisos em que a aplicação de defensivos agrícolas é necessária.
O sistema é acoplado com suporte em inox com alta durabilidade. As câmeras são posicionadas a cada 1 metro de barra do pulverizador e controlam de 2 a 4 bicos de pulverização por câmera, em espaçamentos de 50cm, 35cm ou 25cm entre os bicos. Os sensores fazem a leitura do solo e conseguem analisar 3,3 milhões de imagens por hora, em cada máquina. Ao todo, são 27 milhões de pixels analisados por segundo em cada máquina. Além disso, dentro da cabine do pulverizador, é instalada e configurada a tela de interface de controle. Por meio dela, o operador da máquina consegue acompanhar todo o processo, receber diagnósticos e parametrizar a operação por meio de uma interface gráfica.
Segundo o CEO da empresa, Eduardo Marckmann, as plantas que precisam receber o defensivo agrícola são estudadas pela tecnologia conforme o tamanho. “Podemos destacar neste sistema o apelo financeiro devido à redução do uso de herbicidas com a aplicação localizada, além dos ganhos de rendimento operacional, redução de fitotoxicidade da cultura e melhoria na qualidade da aplicação”, afirma.
Na avaliação de Marckmann, entre as principais vantagens do SaveFarm também está a redução de danos ambientais, devido à diminuição do uso de defensivos agrícolas, o que resulta ainda em menor necessidade do descarte de embalagens, além de demandar também menor quantidade de água. “Isso mostra um pensamento focado na sustentabilidade tão necessária, como compromisso das práticas agrícolas mais responsáveis, o que é uma demanda mundial”, comenta.
Diferentes cenários de aplicação
Essa tecnologia desenvolvida no Brasil possui diferentes modos e cenários para realizar a aplicação dos herbicidas. No modo seletivo pré-plantio, os sensores identificam, por meio da IA, as plantas invasoras como alvo. A aplicação neste caso ocorre em áreas sem cultivo, o que permite a aplicação apenas onde há plantas daninhas.
Já o modo seletivo biomassa, o sistema verifica plantas daninhas mesmo em áreas com a produção emergida. A IA percebe quais as plantas com maior biomassa em relação à área cultivada para garantir a pulverização seletiva”, explica o CEO.
No modo seletivo por morfologia, o sistema reconhece as culturas estabelecidas e distingue as ervas que estão fora do padrão de cultivo, independente do tamanho, mesmo as que tiverem tamanho menor do que a cultura principal. E no caso do modo seletivo pré-colheita, a tecnologia analisa a coloração da soja no final do ciclo, o que permite o uso de doses variadas de dessecante conforme o grau de maturação das plantas.
A tecnologia ainda tem como opção de pulverização em área total. Neste caso, o operador pode usar a tecnologia PWM das válvulas para compensação de pressão, o que mantém a uniformidade das gotas, ou usar o sistema original da máquina.
A inovação será um dos destaques da Agrishow 2024, maior feira de agropecuária do Brasil e uma das maiores do mundo, que será realizada em Ribeirão Preto (SP), entre os dias 29 de abril e 03 de maio.