‘Negócios na rua’ realizam sonhos e garantem o sustento de empreendedores no AM

O pós-pandemia transformou a maneira como os pequenos negócios passaram a se estabelecer no mercado

Manaus – O pós-pandemia transformou a maneira como os pequenos negócios passaram a se estabelecer no mercado. A tentativa de prosperar em meio a retomada econômica, incentivou ‘negócios na rua’, que além de garantir o sustento de famílias, aquecem a economia local e tornam realidade o sonho de empreendedores.

‘Jonas’ decidiu empreender e montou o ‘Mini Coffee’, que serve cafés especiais em uma bicicleta. (Foto: Luzimar Bessa)

São pequenos negócios regados por sonhos e construídos com muita persistência. De acordo com Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), um dos problemas mais comuns enfrentados por quem inicia um negócio é a falta de recursos financeiros. Com isso, a ideia passa a ser estruturada com as ferramentas que os empreendedores têm na mão, pouco dinheiro e muita força de vontade. 

Glauber Rocha, polêmico cineasta brasileiro e considerado um dos nomes mais importantes do Cinema Novo, instituiu a transformação baseada na ideia de “Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça“. O artista defendia a utilização dos meios de produção artística a serviço da transformação social, usando a câmera como ferramenta para a propagação das ideias. E assim ele construiu obras, com pouco dinheiro, uma câmera e grandes ideias.

Como o cineasta, Jonadabe da Silva Cunha, conhecido como ‘Jonas’, também tinha uma ideia na cabeça e apenas uma bicicleta no quintal. Seu objetivo era transformar as manhãs das pessoas com o prazer de apreciar um bom café.

Jonas, decidiu empreender e montou o ‘Mini Coffee’, que serve cafés especiais em uma bicicleta. Ele pedala 14Km todos os dias com seu empreendimento móvel. O primeiro passo, ou melhor, a primeira pedalada veio após ele abrir mão de um emprego formal com carteira assinada, onde trabalhava como conferente em uma fábrica de polpas, para abraçar o mundo do café.

“Quando chegou a pandemia, me preparava para o pior, no caso a demissão ela não veio, mas durante a pandemia tive a ideia de montar um hobby, e esse hobby era o mundo dos cafés especiais, que começou como um hobby e logo depois se tornou em uma ideia de negócio. Foi quando o negócio ficou sério e tive que me especializar e fazer alguns cursos para entender realmente o que estava fazendo e levar o melhor do café para as ruas”, revelou o empreendedor.

De acordo com relatórios do Project Café USA 2020, uma pesquisa estadunidense, o mercado de cafeterias dos Estados Unidos, avaliado em US $61 bilhões, cresceu naquele ano 3,3%. Por lá não é somente a gigante Starbucks que atua, mas também as cafeterias móveis, como a criada por Jonas, que foi a inspiração para a abertura do seu negócio.

“A ideia da cafeteria sobre rodas veio dos EUA, por lá cafeterias móveis são como nossos cafés regionais, existem em vários pontos e é algo natural. No Brasil temos sim cafeterias móveis, mas dentro de Manaus somos a primeira.”, relatou Jonas.

Estrategicamente, Jonas posiciona seu ‘Mini Coffee’ em uma Avenida, próxima a uma grande Instituição de Ensino na zona centro-sul de Manaus e vende seus cafés especiais a estudantes, docentes e população que transita na área. O empreendimento ainda não é a principal fonte de renda de Jonas, mas tudo que ele ganha ele reinveste e garante o funcionamento do negócio.

O empreendedor posiciona seu ‘café móvel’ estrategicamente em um local de grande fluxo de pessoas. (Foto: Luzimar Bessa)

 “A renda que aplico na cafeteria hoje já se tornou um reinvestimento, os próprios lucros que obtenho utilizo para comprar materiais melhores e continuar fazendo a injeção de capital no dia a dia. Compro os ingredientes e material suficientes para a semana ou quinzena, hoje tenho capital de giro para isso, no começo não tinha, mas hoje já tenho essa facilidade, alguns materiais são comprados e duram o mês todo, disse.

‘Jonas’ sonha em transformar seu pequeno negócio em franquia. (Foto: Luzimar Bessa)

O negócio de Jonas ainda está na rua, mas ele sonha alto e já tem planos, transformar a Mini Coffee em franquia.

“Mais um objetivo como empreendedor é tornar a Mini Coffee, que é a primeira cafeteria sobre rodas de Manaus, em uma cafeteria física, mas continuar com vários pontos móveis. Quem sabe uma franquia desse modelo aperfeiçoado no futuro, esse é só um protótipo em constante evolução. São planos que já estão sendo elaborados e pensados, finalizou.

“Precisamos ser persistentes, acreditar no próprio potencial”

Diferente de Jonas, José Francisco, do ‘Cantinho do Mingau’, se baseou em um hábito cultural do Norte para abrir seu pequeno negócio na rua.  

José Fracisco mirou no regional e fatura alto, conquistando o sustento da família. (Foto: Luzimar Bessa)

José, nasceu em Cruzeiro do Sul, um dos municípios mais distantes da capital do Acre, e se mudou em 1996 para uma das cidades mais desenvolvidas do país, Manaus. Durante muitos anos atuou no setor de hotelaria, mas decidiu abrir um pequeno negócio com base no hábito regional de consumir iguarias tradicionais: Açaí, fonte de energia e nacionalmente apreciado; mingau de banana, originalmente de consumo indígena; mingau de mugunzá, também conhecido no país como canjica ou mingau de milho; e, a tradicional salada de frutas, muito apreciada pelo valor nutricional e grande alivio para a fadiga do calor amazônico.

 O ‘Cantinho do Mingau’ é um empreendimento ‘de bairro’ que nasceu do desejo de empreender de José Francisco e hoje conta com três funcionários. A venda é feita em um ponto fixo, na esquina do bairro onde mora, mas também atende pedidos por delivery. Todos os públicos são alvos, desde a classe alta até a classe mais baixa, além do fluxo de pessoas na área do bairro.

Ao sair da informalidade, o empreender viu um leque de opções surgirem. (Foto: Luzimar Bessa)

José Francisco explicou que ao se tornar Microempreendedor Individual (MEI), as portas se abriram.

 “Ao me formalizar como MEI, conquistei a oportunidade de aderir um aplicativo de refeições que beneficiou bastante meu negócio”, disse Francisco.

O empreendedor revela que sua missão é oferecer um produto de qualidade aos clientes, mas que hoje tem dificuldades em administrar um capital de giro para investir no crescimento. Para ele, mesmo com os altos e baixos o importante é não desistir.

“ Precisamos ser persistentes, acreditar no próprio potencial e saber que cada dia é um dia diferente, com altos e baixos nas vendas”, declarou José Francisco.

José Francisco conquistou as pessoas do bairro onde mora e também de outros locais que vão até seu ponto de venda consumir os produtos. (Foto: Luzimar Bessa)

Hoje, Francisco vive apenas da renda do ‘Cantinho do Mingau’ e diz que sobrevive de um bom faturamento.

 “Eu não tenho outra fonte de renda, vivo desse meu trabalho”, finalizou.

No Portal do Sebrae é possível encontrar apoio, dicas e orientações para quem buscar empreender. O Serviço também oferece cursos de aperfeiçoamento através do link. Para outras informações basta ligar no 0800-5700-800.