São Paulo – Charles Oliveira da Silva, mais conhecido como Charles do Bronx, é o fenômeno do momento no UFC e muitos especialistas estão apostando alto na carreira do brasileiro. Nascido no Guarujá, enfrentou muitas dificuldades até encontrar o caminho para o sucesso. De origem humilde, Charles e seus dois irmãos cresceram vendo os pais batalharem muito: a mãe era empregada doméstica e o pai era feirante.

(Foto: Divulgação)
O lutador começou a ser chamado de “do Bronx” ainda no começo da carreira. O apelido surgiu da comparação entre o bairro periférico que Charles morava e a região do Bronx, em Nova York. O brasileiro diz que aceitou o apelido de bom grado porque, além de representar a favela, também trazia um impacto maior para o seu nome, algo que ele considerava importante no início da carreira.
Foi durante a adolescência que Charles conheceu o MMA e aos poucos foi se desenvolvendo como atleta profissional. Aos 31 anos, o brasileiro escreveu seu nome na história ao nocautear Michael Chandler e conquistar o cinturão dos pesos-leves. Conheça toda a história por trás do lutador que levou o Brasil para os holofotes do UFC novamente.
O encontro do Charles do Bronx com o esporte
Quando ainda era criança, aos 7 anos, Charles começou a sentir dores no corpo e dificuldades para se locomover. Seus pais o levaram ao médico e Charles foi diagnosticado com sopro no coração e febre reumática, uma doença inflamatória que afeta as articulações, o coração, a pele e o cérebro. O médico ainda disse que a doença poderia deixá-lo paraplégico. Foi neste momento sombrio que a história de superação do lutador começou: os pais de Charles não aceitaram o diagnóstico e colocaram o garoto para praticar esportes. Com o passar do tempo, os exames não apontavam mais a presença da doença. Esse foi o ponto de partida de uma trajetória de sucesso no MMA. Hoje, do Bronx costuma dizer que o esporte o curou.
Charles é faixa preta em jiu-jitsu e é visto por muitos como o melhor lutador da modalidade dentro do UFC. Essa história começou quando ele tinha 12 anos. Um vizinho apresentou o garoto a uma academia onde o treinador Roger Coelho dava aulas gratuitas para pessoas de baixa renda. Os demais custos do treinamento eram pagos pela sua família com a venda de materiais recicláveis e lanches na rua. Do Bronxs aproveitou ao máximo aquela chance, treinou bastante e teve uma evolução muito rápida no esporte. Ele se tornou campeão paulista em sua modalidade apenas dois meses depois de começar a praticar jiu-jitsu.
A carreira no MMA
Entre os anos de 2008 e 2010, Charles do Bronx participou de torneios nacionais e já mostrava todo o seu potencial: invicto, com um cartel de 12 vitórias, o lutador despertou a atenção do Ultimate Fighting Championship e passou a integrar o UFC. No seu confronto de estreia, ele mostrou a força do seu brazilian jiu-jitsu, venceu a luta e ainda foi eleito o campeão da categoria “finalização da noite”.
Apesar da grande estreia, nem tudo foi fácil na trajetória de Charles do Bronx. Vivendo entre altos e baixos, o lutador intercalava vitórias e derrotas. Em 2018, depois que Charles finalizou Clay Guida e levou o prêmio de “performance da noite”, as coisas começaram a melhorar para o lutador. Esse foi o início de uma sequência de vitórias que levou do Bronx a conquistar o cinturão dos pesos-leves. Atualmente, Charles ocupa a posição de lutador que mais venceu confrontos pela via rápida, somando 19 vitórias por nocaute ou finalização.
Balança tira o cinturão de Charles do Bronx
Durante o evento de pesagem dos lutadores para o UFC 274, o então campeão dos pesos-leves não conseguiu bater o peso de 70,3 kg: o brasileiro pesou 70,5kg, enquanto seu adversário cravou o peso máximo aceito. A infração custou o cinturão e a luta contra Justin Gaethje deixou de valer o título para o lutador brasileiro. O confronto pode acontecer normalmente, mas, em caso de vitória, apenas Justin é considerado elegível para faturar o cinturão. Se o brasileiro vencer a luta, o título fica sem dono.
A situação se tornou mais polêmica quando outros lutadores presentes no evento afirmaram que a balança foi descalibrada no dia que antecedeu a pesagem oficial. De acordo com os atletas, a balança mostrava uma diferença entre 200g e 300g em comparação com a noite anterior. Diego Lima, um dos treinadores de Charles, afirmou que o lutador estava dentro da faixa de peso permitida para a categoria dos pesos leves. Segundo Diego, no dia anterior ao evento oficial, o brasileiro se certificou de que estava com o peso correto, mas na manhã seguinte, os números na balança já haviam mudado. Essa foi a primeira vez que um lutador perdeu o cinturão por não bater o peso da categoria.