Irmão de mulher morta em briga de torcidas processa o Palmeiras

Além da ação contra clube paulista, advogado de família da vítima analisa possibilidade de também acionar CBF na Justiça

São Paulo- O irmão de Gabriela Anelli, que morreu após ser atingida por estilhaços de vidro em uma confusão entre a torcida do Palmeiras e do Flamengo, antes de uma partida, entrou com uma ação contra a equipe palmeirense, cobrando R$ 1 milhão de indenização e R$ 150 mil com as custas do processo.

(Foto: Reprodução/@anelli_mvzs/Instagram)

O juiz Danilo Fadel De Castro, da 10ª Vara Cível, deu 15 dias para o Palmeiras se manifestar sobre o caso, que corre no TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo).

Felipe Anelli Marchiano entrou com a ação no dia 15 de outubro. O irmão da vítima conseguiu sigilo em documentos juntados na ação e a Justiça gratuita, que o isenta do pagamento das despesas com o processo.

Marchiano pediu ainda o sigilo completo do processo, o que não foi concedido pelo magistrado.

A defesa da família explicou ao R7 que a ação se baseou na Lei Geral do Esporte (14.597/2023) e no depoimento de um dos guardas civis que estava no local.

O agente confirmou que, em certo momento, o portão de ferro que dividia palmeirenses e flamenguistas foi aberto, possibilitando que a garrafa passasse para o outro lado.

A Lei Geral do Esporte diz que o torcedor tem o direito de segurança nos locais das partidas antes, durante e após o jogo (artigo 146), e que a responsabilidade de garantir a segurança do público é da organização ligada diretamente ao evento e seus dirigentes, sendo, nesse caso, o Palmeiras e a CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

O advogado detalhou ainda que analisa a possibilidade de uma nova ação ser aberta, desta vez contra a CBF, por ser a organizadora do Campeonato Brasileiro.

A reportagem pediu posicionamento para o clube, porém, até o momento, não recebeu retorno. O espaço está aberto para manifestação, e o conteúdo será acrescentado à matéria assim que enviado.

Relembre o caso

Gabriela Anelli, de 23 anos, foi atingida por estilhaços de uma garrafa de vidro, que se quebrou durante uma confusão entre torcedores do Palmeiras e do Flamengo, na rua Padre Antonio Tomás, no dia 8 de julho de 2023.

A mulher foi atingida na região do pescoço, foi socorrida para a Santa Casa de São Paulo, mas não resistiu aos ferimentos e morreu dois dias depois. Ela foi enterrada no dia 11 de outubro, em Embu das Artes.

No dia do crime, a Polícia Civil chegou a prender um homem, de 26 anos. A época, o delegado César Saad, da DRADE (Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva), afirmou que o suspeito havia confessado que era o autor do arremesso.

Contudo, no boletim de ocorrência, o detido, que era torcedor do Flamengo, afirmou que tinha jogado pedras de gelo na direção dos palmeirenses. Então, Saad alegou que a confissão foi feita de forma informal e que dois torcedores tinham o identificado.

Dias após o acontecido, imagens feitas por moradores da região começaram a viralizar e nelas, era possível ver que o homem que jogou o objeto tinha barba e estava com uma blusa cinza, sendo que o preso não tinha pelos no rosto e usava uma camisa do Flamengo.

No dia 12 de outubro, o MP-SP (Ministério Público de São Paulo) pediu a soltura do rapaz, o que foi atendido pelo TJ-SP. Por conta da situação, a juíza ainda determinou que a investigação saísse da DRADE e fosse repassada ao DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).

Cerca de 13 dias após assumir o caso, a delegacia prendeu Jonathan Messias dos Santos Silva, torcedor do Flamengo, no bairro Campo Grande, no Rio de Janeiro. Ele seria o suspeito de arremessar a garrafa.

Após a prisão, Jonathan foi transferido para São Paulo, onde aguarda o julgamento.