Brasília – O presidente da Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) das apostas, deputado federal Júlio Acorverde (PP-PI), afirmou que não descarta o depoimento do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, no processo. A comissão busca investigar os infratores no recente escândalo de manipulação de resultados no futebol brasileiro.

(Foto: © Lucas Figueiredo/CBF)
Além do atual mandatário da CBF, segundo o deputado, outras entidades do futebol e associações de casa de apostas esportivas podem ser acionados. Os envolvidos na operação “Penalidade Máxima “, do Ministério Público de Goiás, também serão escutados.
“Primeiro, (vamos ouvir) todos os envolvidos nessa Operação Penalidade Máxima, em Goiás, depois vamos ouvir jogadores, sindicatos de jogadores, sindicatos de árbitros, associação de empresas de apostas e entidades do futebol, não descartando até o convite do presidente da entidade máxima do nosso futebol, a CBF” afirmou o presidente da CPI das apostas.
Júlio Acorverde ainda destacou que é necessário que as apurações dos casos sejam concretas, com o intuito de não cometer equívocos. A preocupação é de não manchar a imagem de inocentes e sim identificar os verdadeiros culpados.
CPI das Apostas
De acordo com investigações do Ministério Público de Goiás (MPGO), em abril resultados em seis jogos da Série A do Campeonato Brasileiro de Futebol de 2022 foram manipulados. Além disso, partidas de campeonatos estaduais também estão sob investigação.
De acordo com o MPGO, os atletas envolvidos receberiam entre R$ 70 mil e R$ 100 mil por pênaltis cometidos, escanteios e cartões amarelos e vermelhos nas partidas. A manipulação de resultados daria vantagem a apostadores.
As operações foram conduzidas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e pela Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI) do estado.
Veja quem são os jogadores envolvidos:
- Richard (Cruzeiro)
- Nino Paraíba (sem clube, ex-América)
- Leone Barros Costa Junior (Maranhão FC)
- Eduardo Bauermann (Santos)
- Fernando Neto (São Bernardo)
- Matheus Gomes (sem clube)
- Gabriel Tota (sem clube)
- Igor Cariús (Sport)
- Paulo Miranda (sem clube)
O escândalo das manipulações de jogos da Série A do Brasileirão também jogaram luz a outro assunto muito debatido nas últimas semanas: a regulamentação das casas de apostas.
“Desde que as apostas esportivas foram legalizadas no Brasil, no fim de 2018, nós não tivemos uma regulamentação da Lei. Quando você não tem regulamentação da Lei, você vira um território fértil para esse tipo de coisa, porque não há fiscalização adequada. Os sites de apostas operam quase sem nenhuma regra”, comenta o especialista em direito desportivo e sócio da Ambiel Advogados, Marcelo Belfiore.
Ele ressalta que os sites de aposta não são os responsáveis pela manipulação de resultados, mas que as plataformas são usadas para esse fim pois, num ambiente em que há diversos sites que oferecem esse serviço, fica mais fácil de “pulverizar essas fraudes”.