Cabo Canaveral – Cinquenta anos depois de que três astronautas americanos decolaram da Flórida rumo à Lua, um veterano da Apollo 11 regressou, nesta terça-feira (17), à lendária plataforma de lançamento para comemorar “um salto gigante” que se transformou em um momento histórico da humanidade.
“Nós, a tripulação, sentimos o peso do mundo em nossos ombros, sabíamos que todos estariam olhando para nós, amigos ou inimigos”, disse o piloto do módulo de comando Michael Collins no Centro Espacial Kennedy.
Buzz Aldrin e Michael Collins são os dois tripulantes ainda vivos do Apollo 11, que pousou na superfície da Lua, em uma missão que mudaria a forma como a humanidade concebe seu lugar no universo.
Seu comandante, o primeiro homem a pisar na lua, Neil Armstrong, morreu em 2012.
A nave espacial levou quatro dias para chegar à Lua antes que o módulo lunar, conhecido como “Eagle”, tocasse a superfície do satélite em 20 de julho de 1969.
Armstrong deixou a cápsula horas depois, descendo até o pé da escada, enquanto pronunciava a frase imortal: “Este é um pequeno passo para o homem, mas um grande salto para a humanidade”.
Collins permaneceu em órbita lunar no módulo de comando Columbia, o único meio de transporte que os astronautas tinham para retornar à Terra.
“Sempre penso que um voo para a Lua é como uma longa e frágil cadeia de acontecimentos”, disse Collins, de 88 anos, no primeiro de muitos eventos planejados para esta semana.
Isto inclui a devolução do traje de Armstrong ao Museu do Ar e do Espaço de Washington, após mais de uma década de trabalhos de restauração.
Collins lembrou que a missão se dividiu em pequenos objetivos, como conseguir ir mais rápido que a velocidade de escape da Terra, necessária para se liberar da força da gravidade terrestre, ou reduzir a marcha para orbitar sobre a Lua.
Aldrin, que tem sido relativamente mais esquivo com a imprensa, não participou nesta terça do ato ao lado de seu ex-colega de viagem, embora seu comparecimento estivesse previsto.
Ativo no Twitter e sempre usando meias com a bandeira americana, Aldrin sofreu problemas de saúde e familiares que culminaram em março passado com uma trégua na disputa judicial com seus filhos sobre suas finanças.
Aldrin foi o segundo homem a pisar na Lua. Apenas quatro dos 12 homens que estiveram em solo lunar ainda estão vivos.
O melhor porta-voz
Diferentemente de seus ex-colegas, Collins passou meio século respondendo a perguntas sobre se ele se sentiu sozinho ou excluído.
“Sempre me perguntaram se não sou a pessoa mais solitária em toda a história solitária de todo o sistema solar solitário quando estava sozinho nessa órbita solitária”, lembrou. “E a resposta é ‘não, me senti bem'”.
“Me senti muito feliz de estar onde estava e de ver como se desenvolvia essa complicada missão”.
“Poderia ter desfrutado de um café quente. Se queria música, também tinha. O velho Módulo de Comando do Columbia tinha todas as facilidades que necessitava, e era bastante grande e realmente desfrutei meu tempo em vez de me sentir terrivelmente sozinho”.
Collins acrescentou que lhe ofereceram a oportunidade de ser comandante do Apollo 17, mas a rejeitou porque não queria passar mais três anos longe de sua esposa e de seus filhos pequenos.
O que veio depois?
Depois que os astronautas regressaram à Terra, ficaram em quarentena por precaução, caso tivessem sido infectados por alguma misteriosa doença espacial, o que não aconteceu. Depois embarcaram em uma viagem mundial.
Collins disse que apesar de ser introvertido, Armstrong era o melhor porta-voz da equipe. “Era muito inteligente, tinha um histórico muito amplo de conhecimentos científicos e históricos”.
Nem os Estados Unidos nem qualquer outro país foi capaz de retornar à Lua desde 1972, ano da última missão Apollo. Desde então, apenas máquinas pisaram no solo lunar.
Uma volta à Lua enfrenta um Congresso que não tem interesse em alocar enormes fortunas nesse projeto e uma opinião pública que mudou consideravelmente desde a Guerra Fria.
Mas o presidente Donald Trump novamente lançou a ideia de reconquistar a Lua e retomou o projeto de explorar Marte, depois de assumir o cargo em 2017. O efeito imediato dessas decisões criaram uma certa turbulência na agência espacial da NASA.
Na semana passada, o administrador da NASA indicado por Trump, Jim Bridenstine, demitiu o chefe da exploração espacial humana Bill Gerstenmaier, aparentemente por desacordos sobre o ultimato dado pelo presidente para retornar à Lua antes de 2024.