Houston – A Lua é “a pedra de Rosetta do sistema solar”: 382 quilos de rocha do satélite que astronautas americanos trouxeram à Terra transformaram o conhecimento do universo.
Acinzentadas e à primeira vista nada interessantes, as pedras lunares são “os materiais mais preciosos na Terra”, afirma à AFP Samuel Lawrence, especialista em planetas da Nasa, a agência espacial americana.
“A Lua é a pedra angular da ciência planetária”, destaca.
Muitas descobertas sobre o universo aconteceram graças às mostras transportadas na Apollo 11, a primeira missão que levou humanos ao satélite e que em julho completa 50 anos.
“As pessoas não percebem a importância de estudar as mostras da Apollo para compreender nosso sistema solar e o universo que nos cerca”, declara Lawrence. “Não apenas na Lua, mas também em Mercúrio, em Marte, em alguns asteroides”.
Os cientistas compreenderam, entre outras coisas, como nasceu o satélite, resultado de um grande impacto há entre 4,3 e 4,4 bilhões de anos, quando também se formou o planeta azul.
Os destroços que foram espalhados como resultado do impacto, vagaram pelo espaço na órbita da Terra até que várias centenas de milhões de anos depois foram compactados até formar a Lua.
“Aprendemos que a estrutura interna da Lua era como a da Terra”, continua o cientista.
“Tem crosta, manto e núcleo, mas não tem vida e não tem fósseis nativos ou espécies orgânicas nativas”.
Algumas pedras lunares estão expostas ao público, principalmente no Centro Espacial Johnson em Houston, no estado do Texas.
O presidente Richard Nixon também doou pequenos pedaços às 135 nações que existiam na época em uma demonstração da “boa vontade” americana.
Mas a maior parte está armazenada em “contêineres lacrados em um cofre seguro que pode suportar furacões e muitos desastres naturais” no laboratório de mostras lunares da Nasa, também em Houston. Como precaução, parte do tesouro também pode ser encontrado em White Sands, no Novo México.
Mostras comemorativas
Para celebrar os 50 anos da chegada do homem à Lua em 20 de julho, a agência especial distribuiu algumas mostras a cientistas.
“Somos muito prudentes”, afirma Lawrence. “Os cientistas passam por um procedimento rigoroso para solicitar uma mostra”, porque graças aos avanços tecnológicos estas pedras podem seguir fornecendo informações sobre o universo.
“Recentemente entendemos que a Lua na realidade não carece completamente de água”, disse Lawrence, que não esconde o entusiasmo com o desejo da Nasa de atender a ordem do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de enviar novamente astronautas ao satélite em 2024.
“As seis missões à Lua transformaram nossa compreensão do universo: imagina o que aconteceria se estivéssemos lá por semanas ou meses toda vez que viajássemos para lá”, afirma o cientista. “Ainda há muitos lugares inexplorados na Lua”.
“Será espetacular”, completa.