Com expulsão de invasores, Ucrânia sofre para achar e desativar minas terrestres

Até julho, segundo a ONU, pelo menos 298 civis morreram devido a restos de explosivos, sendo 22 crianças

Ucrânia – Nas últimas semanas, a Ucrânia conseguiu reconquistar alguns territórios do leste que estavam sob o domínio da Rússia, que começou a invadir o país em fevereiro de 2022. A expulsão das tropas de Putin deixou um rastro de minas terrestres, foguetes que não explodiram e outros tipos de artefatos que provocam a morte de civis que vivem nessas regiões.

(Foto: Ilustrativa Gerald Simon / Reprodução Pixabay)

Hoje, a Ucrânia é o país do mundo com o maior território com minas terrestres. Algumas entidades internacionais, de caridade, costumam ajudar os soldados ucranianos a encontrá-las e desarmá-las, mas se trata de um ‘trabalho de formiga’ e que exige muita concentração.

Em setembro, o primeiro-ministro da Ucrânia, Denys Shmygal, estimou que a invasão da Rússia criou uma área sob influência de minas estimada em 250 mil km quadrados. Isso equivale a toda a área do Estado de São Paulo. No mês passado, um fazendeiro morreu e outro se feriu na região de Kherson, no sudeste da Ucrânia, depois que o trator que eles operavam passou por cima de uma mina.

Agora sem o domínio da Rússia, a região de Kherson está abarrotada de minas terrestres, o que põe em risco a vida dos fazendeiros que tentam trabalhar a terra. Até julho deste ano, de acordo com balanço da ONU (Organização das Nações Unidas), pelo menos 298 civis morreram em decorrência de explosões com restos de artefatos. Deste total, 22 eram crianças. Os acidentes também provocaram ferimentos em 632 pessoas.

A região de Kharkiv, também liberada do domínio das tropas de Putin, também está cheia de minas terrestres. Há poucas equipes de desativação disponíveis, e os equipamentos são precários e poucos. O uso de drones, com sensores capazes de achar as minas, que também estão escondidas nas áreas mais rasas do rio Dnipro. Isso porque os russos queriam impedir a chegada dos tanques ucranianos.

Até junho deste ano, ao menos 540 mil itens que não explodiram, de foguetes a minas terrestres, foram localizados. O Banco Mundial estima que o processo de desativação de minas terrestres custará algo em torno de US$ 37 bilhões (cerca de R$ 200 bilhões).

Até agora, a Ucrânia conta com recursos da União Europeia, Croácia, Dinamarca, França, Japão e Reino Unido para tentar localizar e desarmar os artefatos. A tecnologia é aliada para localizar as bombas. Enquanto isso, a Ucrânia prevê que levará décadas para identificar e livrar o solo das ameaças deixadas pela Rússia