Plásticos podem estar associados a mortes por doenças cardíacas, diz estudo

Ftalatos, encontrados em embalagens de alimentos e cosméticos, podem ter contribuído para mais de 356 mil óbitos em 2018

EUA – Um estudo da Universidade de Nova York (NYU), nos Estados Unidos, revelou que produtos químicos sintéticos chamados ftalatos, presentes em itens do cotidiano, como recipientes de alimentos, xampus, maquiagens, perfumes e brinquedos infantis, podem estar relacionados a milhares de mortes por doenças cardíacas.

(Foto: Imagem gerada por IA/OpenAI)

A pesquisa, publicada na segunda-feira (28) no periódico científico eBioMedicine, estima que, em 2018, a exposição a um tipo específico de ftalato, o di(2-etilhexil)ftalato (DEHP), contribuiu para cerca de 356 mil mortes globais entre homens e mulheres de 55 a 64 anos.

O que são ftalatos?

Os ftalatos são amplamente utilizados para tornar plásticos mais flexíveis e duráveis. Eles aparecem em produtos como tubos de PVC, pisos de vinil, embalagens de alimentos, detergentes, roupas e até equipamentos médicos.

A exposição ocorre ao respirar ar contaminado ou consumir alimentos e bebidas que entram em contato com esses plásticos, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.

Trasande afirma que, nos homens, a baixa testosterona causada por ftalatos é um fator de risco para doenças cardiovasculares.

A pesquisa analisou dados de saúde e ambientais de dezenas de pesquisas populacionais em 200 países, incluindo amostras de urina que continham subprodutos do DEHP. As informações de mortalidade foram obtidas do Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde dos EUA.

O estudo revelou que a África foi responsável por 30% das mortes associadas ao DEHP, enquanto o Leste Asiático e o Oriente Médio responderam por 25%. A Índia registrou o maior número de mortes (103.587), seguida por China e Indonésia.

Regiões como o Sul da Ásia, o Leste Asiático e o Pacífico concentraram cerca de 75% das mortes relacionadas ao DEHP, possivelmente devido à alta produção de plásticos e menos restrições de fabricação.

“Há uma clara disparidade entre as regiões do mundo que sofrem o impacto dos riscos cardíacos causados pelos ftalatos”, disse Trasande, que defende regulamentações globais para reduzir a exposição a esses produtos químicos.

Estudos anteriores já associavam ftalatos a problemas como malformações genitais, infertilidade masculina, asma, obesidade infantil e câncer. A pesquisa atual não estabelece que o DEHP cause diretamente doenças cardíacas, mas aponta sua contribuição significativa.

Os pesquisadores planejam monitorar como a redução da exposição aos ftalatos pode impactar as taxas globais de mortalidade e expandir os estudos para outras condições de saúde, como partos prematuros.