França – Uma francesa de 50 anos “cultivou” uma prótese de nariz no próprio antebraço durante dois meses para realizar uma cirurgia reconstrutora. A mulher identificada como Carine foi diagnosticada com câncer nasal em 2013 e se submeteu a diversos tratamentos, como quimioterapia e radioterapia. Os procedimentos eliminaram a doença, mas também comprometeram a maior parte do nariz.
“Fiquei trancada dentro de casa nos últimos oito anos. Quando você está doente, você se isola, e o rosto é o que você vê primeiro”, contou a mulher, ao portal de notícias francês 20 Minutes.
As tentativas de usar enxertos de pele para recuperar a área e próteses para ocultar os danos deram errado. Então, os cirurgiões Agnes Dupret-Bories e Benjamin Valerie tiveram a ideia de “criar” um novo nariz para a paciente.
O modelo foi feito com biomaterial e em uma impressora 3D. Em julho deste ano, os médicos implantaram o nariz artificial no antebraço da francesa, com objetivo de que as células e vasos sanguíneos passassem a “crescer” em todo o entorno do dispositivo.
“É um implante feito sob medida em biomaterial, que era basicamente um andaime para ser colonizado pelo corpo da paciente”, disse Dupret-Bories ao portal de notícias France3.
E acrescentou: “É como um suporte que dá forma. A pele vive ao redor, os tecidos vão para dentro do biomaterial, que é preenchido pelas células do corpo do paciente. O biomaterial impresso em 3D feito sob medida foi colocado sob a pele do antebraço para que pudesse ser colonizado.”
Para Carine, o dispositivo foi “milagroso”. “Esse biomaterial foi meu último recurso e saúdo a pesquisa e o trabalho dos médicos que me ajudaram a aguentar”, comemorou.
A escolha do local se deu devido à semelhança da pele da região com a do rosto – é mais fina. Durante dois meses, Carine visitou o hospital constantemente, para garantir que a pele estava crescendo bem, de forma funcional e sem danos.
Após esse período, a francesa foi submetida a um processo cirúrgico para mover o nariz até o rosto. Com a ajuda de um microscópio, os médicos conectaram os vasos sanguíneos do modelo com os da área desejada.
A pele que teve de ser retirada do antebraço para a realocação do nariz foi substituída com um enxerto da coxa da paciente. Carine ficou dez dias sob os cuidados do hospital para evitar infecções e intercorrências, mas o transplante foi um sucesso.
Hoje, a mulher não tem nenhuma sensibilidade relacionada ao implante e respira um pouco melhor. A reconstrução, nesse momento, foi considerada mais estética. Para restaurar as demais sensações mais comuns do nariz, há necessidade de outra cirurgia.
Apesar de o nariz ainda estar inchado, ele não tem vermelhidão. O implante, para Carine, foi um recomeço.
“Encontro os cheiros do meu jardim, posso sair, volto à vida. É milagroso”, contou.