Artista amazonense cria ‘Liga da Justiça’ baré

Tamie Gadelha acrescentou novos traços indígenas a personagens universais, como a Mulher-Maravilha. Características amazônicas também já recriaram Alice no País das Maravilhas

Manaus – Aos 12 anos de idade, o amazonense Tamie Gadelha teve o seu primeiro contato com povos indígenas. Enquanto caminhava pelo Centro de Manaus, ele se deparou com uma índia correndo em sua direção. O aspecto forte e a pele vermelha chamaram a atenção do garoto, que, cerca de 20 anos depois, usou a moça como inspiração para ilustrar uma versão amazônica da heroína Mulher-Maravilha. A arte compõe uma série de desenhos do artista visual que, utilizando-se dos traços indígenas, adaptou alguns super-heróis das HQs para o Amazonas.

A Mulher-Maravilha virou Cunhã-Maravilha, na releitura de Tamie Gadelha (Foto: Divulgação)

A primeira ilustração desta coletânea feita por Tamie foi a da personagem Supergirl — ou melhor, Superíndia. Ele a criou no início do ano. “A ideia de começar esses desenhos veio por acaso. Estava fazendo meus estudos costumeiros de anatomia, para treinar o traço, quando decidi ilustrar a heroína original (Supergirl) com um visual mais diferente”, conta o artista ao PLUS.

Tamie acrescentou cabelos escuros e pele amorenada à prima do Super-Homem, entre outros detalhes. “Quando finalizei, mostrei para os meus amigos. Eles adoraram a ideia e sugeriram que eu fizesse versões amazônicas de outros heróis”, acrescenta.

A partir daí, o Super-Homem virou Supercacique, Mulher-Maravilha se transformou em Cunhã-Maravilha e, por fim, Batman se tornou Batpajé. “A repercussão desssas ilustrações foram bem mistas. Muita gente curtiu e compartilhou, mas tiveram outras pessoas que resolveram problematizar a questão do indígena”, revela Tamie.

Quem quiser conferir as adaptações dos super-heróis pode acessar a página profissional do artista na internet: ‘Artwork Coelho Branco’, no Facebook; e @tamiegadelha, no Instagram.

País das maravilhas

Esta não é a primeira vez que Tamie Gadelha se utiliza das características amazônicas para recriar um personagem icônico. Há dois anos, ele deu início à HQ ‘Alice in Badland’ — uma versão miscigenada do clássico de Lewis Carroll. O quadrinho foi publicado pela editora porto-alegrense Avec.

“‘Alice in Badland’ é uma releitura moderna do clássico ‘Alice no País das Maravilhas’. Nela, a protagonista já está adulta e lida com os problemas do dia a dia, até que descobre que tudo o que viveu no País das Maravilhas foi verdadeiro. Ela, então, retorna para este mundo que agora está em guerra”, detalha o artista.

Na HQ, Alice e os outros personagens famosos da história receberam traços e características miscigenados em seus visuais.

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