Manaus – Ociosidade, depressão e ansiedade foram alguns dos problemas que afetaram quem respeitou o período de isolamento social para evitar o contágio pela Covid-19. Pela impossibilidade de sair de casa, algumas pessoas acabaram com a saúde mental e até mesmo a física afetadas.
Segundo a especialista em emoções Ghysa Benchimol, durante a quarentena as emoções ficaram “à flor da pele”. “Isso aconteceu com muitas pessoas: crises de pânico e ansiedade. Houve indicadores de divórcios no mundo inteiro. Então, as emoções começaram a aflorar com o confinamento”, explicou.
Ainda segundo a especialista em emoções, a privação da liberdade pode resultar em coisas boas ou ruins. A partir deste princípio, conforme o período de quarentena foi passando, as pessoas, dentro de suas casas, começaram a desenvolver novas habilidades e até criar negócios.
Foi o caso da jornalista e artista Suammy Saiury, 22. Já habituada a pintar quadros, durante a quarentena ela expandiu as habilidades dentro do mundo artístico e passou a fazer esculturas de cimento e gesso. Porém, o que a conquistou foi a arte com resina, que passou de hobby para negócio.
“Com o decorrer da pandemia eu pude ter um contato maior com outras áreas do mundo artístico – que é bem amplo. Comecei a trabalhar com resina e madeira, que são itens bem difíceis de ser encontrados em Manaus, e fui criando as peças a partir de tutoriais no YouTube. Fiz a compra dos produtos e surgiu a ideia da minha marca Ianomami”, contou.
- A jornalista e artista Suammy Saiury expandiu as habilidades dentro do mundo artístico (Foto: Carlos Nascimento/GDC)
- A jornalista e artista Suammy Saiury expandiu as habilidades dentro do mundo artístico (Foto: Carlos Nascimento/GDC)
Artesanato e tecnologia
Quem aproveitou a quarentena para desenvolver o lado artístico pôde encontrar inspiração durante o isolamento social e até fazer uma renda extra. Foi o caso da universitária Mariane Marques, 19, que criou um produto que une artesanato e tecnologia, a partir do pedido de um amigo que queria elaborar um presente criativo.
“Eu estava pesquisando junto com meu amigo um presente para o Dia dos Namorados, porque ele queria uma lembrança diferente. Então encontramos uma pulseira com a gravação de um código do Spotfy (aplicativo de música), que só bastava abrir (o aplicativo) no celular, colocar a câmera sobre o código e a música tocava automaticamente”, contou.
A partir daí, Mariane teve a ideia de fazer quadros com esse mesmo princípio. Com a foto dos homenageados, ela grava o código da música no quadro – que funciona como uma espécie de QR Code – para reproduzi-la dentro do aplicativo. A ideia fez tanto sucesso que ela organizou uma loja virtual devido a tanto pedidos que recebeu . Somente para o Dia dos Pais, a loja virtual teve mais de 20 encomendas.
- A universitária Mariane Marques criou um produto que une artesanato e tecnologia (Foto: Thiago Modesto/GDC)
- A universitária Mariane Marques criou um produto que une artesanato e tecnologia (Foto: Thiago Modesto/GDC)
- A universitária Mariane Marques criou um produto que une artesanato e tecnologia (Foto: Thiago Modesto/GDC)
Desempenhar novas atividades e desenvolver a criatividade melhoram a saúde mental e física, como explica a especialista emocional Ghysa Benchimol. “Abaixa o cortisol, diminui o envelhecimento e o stress. Além disso, muda os nossos relacionamentos. Quando você exerce essa pausa, começa a melhorar em tudo na sua vida”.
Chamar para a ação
A especialista emocional Ghysa Benchimol propõe um pequeno exercício diário para quem quer ficar mais tranquilo, aflorar a criatividade durante a quarentena e tirar o foco dos problemas emocionais.
“Chama-se chamar para a ação. Você vai separar um caderninho ou um bloco de notas e todos os dias, antes de dormir, vai escrever três coisas positivas que aconteceram durante o dia. Por mais que você pense que não acontece nada de positivo na sua vida, basta você parar, respirar e observar. Esta é uma forma de desvincular o cérebro da tensão daquele momento”, finalizou.
A especialista emocional Ghysa Benchimol (Foto: Carlos Nascimento/GDC)