São Gabriel da Cachoeira – Documentário dirigido por Vicente Ferraz (“Soy Cuba — O Mamute Siberiano” e “Estrada 47”), “O Contato” acaba de ganhar trailer e cartaz oficiais. A estreia está marcada para 15 de agosto nas salas de cinema do Brasil. Rodado na região de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, e falado em quatro línguas indígenas, o longa acompanha o cotidiano de três famílias de diferentes etnias: os Yanomami, os Arapaso e os Hupda.

(Foto: Divulgação)
O município é conhecido por ser uma das regiões com maior diversidade étnica do Brasil, onde convivem 23 etnias e 18 idiomas nativos. Produzido pela Bang Filmes, de Juliana de Carvalho, com distribuição da Pipa Pictures, o filme teve sua première mundial durante a Mostra Competitiva do Festival É Tudo Verdade 2023 e foi exibido, também ano passado, no Festival Internacional do Novo Cine Latino-Americano, em Havana, Cuba.
As três histórias estão conectadas pelo Rio Negro, via pela qual os personagens percorrem cerca de três mil quilômetros para chegarem aos seus destinos. Durante a jornada, a narrativa é conduzida por alguns personagens centrais: um grupo Yanomami que leva um filme sobre eles para ser exibido na aldeia; uma mulher Arapaso que viaja até a cidade para cuidar da filha que tem depressão; e uma família formada por Hupda e Baniwa, duas etnias que historicamente não se relacionavam, que vai apresentar seu filho Baniwa para os parentes distantes Hupda.
Contadas sob o ponto de vista dos indígenas, estas narrativas paralelas também levantam temáticas atemporais sobre o impacto do contato com o homem branco, como a perda da língua, da tradição e identidade, além do extermínio de florestas e povos nativos. Também são relatadas histórias sobre a relação entre os diversos grupos étnicos, suas crenças e a sagrada conexão com a terra.
São Gabriel da Cachoeira, o ponto em comum para as três famílias, é um dos municípios com maior extensão do mundo, com 109.184,996 km². Localizado na região da Cabeça do Cachorro, que faz fronteira com Brasil, Venezuela e Colômbia, 95% da sua população é composta por indígenas. Além de destacar o local, a produção do longa também contribuiu com projetos concretos para os povos envolvidos no filme. Entre as iniciativas, estão a reforma de um centro social, a construção de uma escola e o fornecimento de equipamentos de tecnologia para escolas e associações dessas comunidades.
O patrocínio do longa é assinado por Austral, Valid, Civil Master e CSP Consultoria e Informática, com a complementação do Fundo Setorial do Audiovisual/ ANCINE/ BRDE.
O diretor do filme, Vicente Ferraz, falou com exclusividade ao GRUPO DIÁRIO DE COMUNICAÇÃO (GDC) e explicou a concepção da obra. “O Contato, desde sua concepção, foi pensado para ser visto nas salas de cinema. Porque é um filme intimista, que observa e acompanha o cotidiano de três grupos indígenas em uma viagem pelas suas memórias e afetos. É subjetivo, sensorial. Trabalha com a sensibilidade do espectador nos seus detalhes, no som, nas imagens, na contemplação. É uma imersão radical em um universo pouco conhecido do Brasil”, explicou.
Em seguida, Ferraz completa: “’O Contato’ é uma reflexão sobre um choque de culturas que existe há quinhentos anos. Ao narrar histórias singelas e contundentes vividas pelos habitantes do Alto Rio Negro, revela o nosso fracasso como uma civilização voltada para o consumo turbinado e um hipercapitalismo sem fronteiras. Enquanto escrevo essas palavras, leio sobre o último massacres dos fazendeiros contra os Guarani Kaiowá. Será que o Brasil está fadado a ser um eterno faroeste?”, frisou.
Sinopse
Três grupos de personagens, indígenas moradores dos territórios no alto do Rio Negro – AM, contam sobre a história da colonização da região desde os primeiros contatos entre indígenas e não indígenas até os dias de hoje.