São Paulo – Recentemente, a cantora Billie Eilish revelou sofrer com a Síndrome de Tourette, condição do sistema nervoso caracterizada por tiques que podem ir desde movimentos físicos à verbalização involuntária de palavras ou frases, que podem ser simples ou até mesmo envolvendo expressões de baixo calão, conforme descreve o Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.
Os tiques são divididos entre simples e complexos: o primeiro grupo envolve apenas algumas partes do corpo e pode ser um simples apertar de olhos ou mesmo o ato de cheirar; já o segundo pode ter um padrão, como balançar a cabeça enquanto pula, ou um após o outro.
Além disso, segundo o CDC, os tiques vocais podem envolver atos como cantarolar, limpar a garganta ou gritar palavras e frases. São considerados raros os tiques que envolvem a utilização de frases ou palavras inapropriadas, a chamada coprolalia. Apesar de ter caráter hereditário, as causas da síndrome são desconhecidas.
De acordo com o Manual MSD de Diagnóstico e Tratamento, os primeiros sinais da síndrome costumam aparecer entre os quatro e seis anos de idade, intensificam-se por volta dos dez anos e costumam ir diminuindo ao longo da adolescência, até desaparecem espontaneamente na grande maioria dos casos.
Em entrevista ao apresentador David Letterman, Billie Eilish afirmou que foi diagnosticada com a síndrome aos 11 anos de idade e que atualmente, aos 20, a frequência dos tiques diminuíram, apesar de não desaparecerem por completo. A cantora faz parte do grupo de 1% das pessoas em que os tiques persistem na vida adulta.
Ainda segundo o manual médico, a síndrome de Tourette pode afetar cerca de 20% das crianças, apesar de nem todas serem diagnosticadas ou mesmo avaliadas com a condição. A incidência é maior entre homens, com a proporção de três casos entre meninos para cada um caso entre meninas.
Para uma pessoa ser diagnosticada com a condição, os tiques vocais ou motores precisam se repetir por pelo menos um ano.
O diagnóstico é clínico e o tratamento, que pode incluir intervenção comportamental e uso de medicamento antipsicótico, é indicado quando os tiques interferem na vida da criança.
No geral, a síndrome de Tourette em crianças também pode estar associada a outras comodidades, como transtornos de déficit de atenção e hiperatividade, ansiedade ou transtorno obsessivo-compulsivo, depressão e distúrbio bipolar – condições que também carecem de diagnóstico e tratamento adequado.