‘Ele foi cuidar da gente lá de cima’, diz filha do radialista Joaquim Marinho

Marinho também ficou conhecido como ‘rei do cinema’ em Manaus

Manaus – Um legado repleto de muita cultura e arte. Essa é a herança deixada aos familiares pelo radialista, animador cultural, escritor, empresário e historiador Joaquim Marinho, que morreu, no fim da manhã deste domingo (2), vítima de uma parada cardiorrespiratória, o que causou grande repercussão no meio cultural e político local.

Patrícia Marinho, filha do Joaquim, disse que o pai já estava em um nível avançado de Alzheimer, tinha diabetes e problemas respiratórios mas, mesmo assim, a família não deixou de estimular Joaquim, lendo livros, fazendo com que ele ouvisse música, para que ele pudesse ter uma melhor qualidade de vida. “Há dois anos eles deixou de ser o nosso paizão para ser o nosso bebezão. Ele já estava distante, lutou enquanto conseguiu, mas hoje ele cansou e foi cuidar da gente lá de cima”, disse, emocionada.

Morte de Joaquim e causou grande repercussão no meio cultural e político local (Foto: Raimundo Valentim/08/04/09)

A filha do radialista afirmou que o maior legado que Joaquim deixa é o amor pela arte, pela cultura, pela música e por Manaus, cidade em que viveu por 60 anos. “Isso é o que nós passamos aos nossos filhos, que nós vivemos a vida toda e agora é só agradecer por todo esse conhecimento, essa experiência e esse amor que ele nos deixou”, disse Patrícia.

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A filha do radialista afirmou que o maior legado que Joaquim deixa é o amor pela arte (Foto: Divulgação)

O corpo de Joaquim Marinho está sendo velado no Palácio Rio Negro, na Avenida Sete de Setembro, no Centro, zona sul de Manaus. O enterro será às 16h desta segunda-feira (3), no cemitério São João Batista, também no Centro.

Referência

Referência na história contemporânea do Amazonas, o artista e colecionador José Joaquim Marques Marinho, 76, nasceu na cidade de Porto, em Portugal, mas foi em Manaus que viveu por mais de 60 anos e onde é reconhecido como expoente da comunicação, cultura e arte.

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Marinho foi um dos criadores do Grupo de Estudos Cinematográficos (Foto: Divulgação)

Em 2013, recebeu o título de Cidadão do Amazonas concedido pela Assembleia Legislativa do Estado (ALE). Radialista, escritor, dono de um grande acervo cultural e tendo mantido durante décadas cinemas no Centro da cidade, Joaquim Marinho deixa grande legado cultural para Manaus e todo o Estado do Amazonas.

Marinho foi um dos criadores do Grupo de Estudos Cinematográficos (GEC), criado na década de 1960. Junto com Márcio Souza e outros cineclubistas, como Edinei Azancoth, Cosme Alves Neto, Roberto Kahane, Marcus Barros, além do poeta e jornalista Aldísio Filgueiras, promoveu, em 1969, o 1º Festival de Cinema do Norte com a presença de expoentes da cinematografia brasileira. Esse grupo foi responsável por resgatar o cineasta Silvino Santos, um dos pioneiros da cinematografia mundial.

No começo dos anos 1970, Marinho também presidiu a recém-criada Empresa Amazonense e Turismo e dirigiu o Conselho Estadual de Cultura. Em 1976, chegou a ser demitido ao publicar o romance ‘Galvez, o imperador do Acre’, de Márcio Souza, atual presidente do Conselho Municipal de Cultura.

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Velório será realizado, na noite deste domingo (2)(Foto: Raquel Miranda/GDC)

O diretor-presidente da Fundação Municipal de Cultura,Turismo e Eventos (Manauscult), Bernardo Monteiro de Paula, lembrou que o artista foi homenageado em 2013 pela Prefeitura durante o ‘Manaú Rock Festival’.

A casa de Joaquim Marinho funciona como centro cultural desde 2017 e abriga mais de 12 mil vinis, 25 mil livros, 5 mil CDs, milhares de gibis,objetos raros, a coleção de filatelia, além de filmes históricos e de objetos e símbolos pornográficos do País e de civilizações antigas. A Prefeitura adquiriu, nos últimos anos, três telas do acervo para compor a Pinacoteca: duas do Haneman Bacelar e outro do Manuel Borges.

Marinho também ficou conhecido como “rei do cinema” em Manaus. Era proprietário dos cinemas Chaplin, Oscarito, Grande Otelo, Carmen Miranda, Renato Aragão e mais duas salas de exibição localizadas em um shopping.

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