Manaus – A Cacompanhia de Artes Cênicas prepara sua agenda para 2022, com temporada do seu mais novo espetáculo “O Pequeno Príncipe Preto – Para crianças de pessoas grandes”. O espetáculo teve como ponto de partida um dos livros mais lidos e conhecidos do mundo, o clássico ‘O pequeno príncipe’, de Antoine de Saint-Exupéry. A previsão é que seja realizado em março, na capital.

O espetáculo estreou em Tefé, interior do Amazonas. (Foto: Divulgação)
A obra traz os palhaços Caco e Sininho que ao se depararem com a dúvida de suas origens ancestrais, embarcam em uma viagem por mundos para desbravar suas ancestralidades e criar novos mundos, numa dessas viagens encontram o planeta do pequeno príncipe que lhes conta sobre toda sua jornada pelos mundos que passou. O espetáculo tem direção e dramaturgia de Jean Palladino e Francine Marie que juntos levaram para o palco suas inquietações sobre o protagonismo negro em obras que passaram pela suas formações enquanto homem e mulher preta.
“Quando pequena nunca me vi nos filmes e nas histórias clássicas, eu nunca pude ser a princesa, no máximo ia ser a madrasta a vilã, fomos ensinados a viver na margem e esse espetáculo não é só para as crianças de hoje, mas para as crianças de nós adultos que já crescemos, queremos falar para os adultos também, aquela criança que teve seus sonhos negados pelo racismo estrutural”, afirma Francine. Para Jean Palladino, esta montagem representa um momento importante para a companhia. “Em 2019 encenamos o espetáculo ‘Preciso Falar’ que fala sobre a solidão da mulher negra, um solo de palhaçaria com elementos do teatro documental, desde então percebi que toda formação artística que tivemos foi eurocêntrica e não contemplava nossos corpos e nossa história, esse espetáculo faz parte de uma pesquisa que temos nos debruçado sobre o pode do riso de pessoas pretas” destaca Jean.
O espetáculo traz também referencia a personalidades importantes do movimento negro e da cultura pop, bem como nomes importantes nas artes cênicas como Benjamin de Oliveira e Maria Elisa a palhaça Xamego, ambos artistas pretos e precursores da palhaçaria e circo-teatro no Brasil.
Questionamentos como a falta de representatividade negra em figuras heroicas, a importância da cultura afro-brasileira e o empoderamento da beleza de crianças e adolescentes negros dão ritmo à obra.
O espetáculo estreou em Tefé integrando a programação da Mostra de Circo Caconvida que ocorreu na última semana de 2021 e se prepara para uma temporada em Manaus no Centro Cultural Barravento em março de 2022, mês em que se comemora o dia do Circo. O projeto foi contemplado pela Funarte em 2020 pelo prêmio de estímulo ao circo.