Torcedores de Caprichoso e Garantido falam do amor centenário pelos bois

Festival acontece nos dias 30 de junho, 1º e 2 de julho

Parintins- O amor que move os torcedores dos bois Caprichoso e Garantido é uma tradição que tem mais de 100 anos. Ao longo desse período, os amantes dos bumbás transbordam o sentimento de várias formas. Uma delas é a não utilizar cor do boi “contrário” em nenhuma hipótese ou guardar uma toalha de rosto utilizada pelo levantador da sua agremiação favorita.

(Foto: Lucas Silva/Secom)

Morando há quase cinquenta anos na casa de número 1913 da Avenida Amazonas, ano de fundação do boi Caprichoso, a aposentada Ana Maria Azedo, 66, é uma torcedora apaixonada pelo boi da estrela na testa. Ana conta que sua primeira memória do boi azul e branco é de quando tinha oito anos de idade e visitava seu tio que morava perto do curral Zeca Xibelão, sede da agremiação.

“Enquanto meu pai entrava para fazer a visita, eu corria para lá [curral], para ir olhar o ensaio do Boi. Então por isso que eu digo assim: desde criança eu brinco em boi no Caprichoso. Eu amo esse boi, ninguém gosta mais desse boi do que eu”, explica a aposentada que tem sua casa pintada nas cores azul e branca e afirma que a cor vermelha não entra em sua casa.

“Amo a cor azul. Não gosto de vermelho. Vermelho para mim nem tomate entra aqui. Olha que eu sou Flamengo, mas não uso a cor vermelha”, conta Ana, que há mais de 30 anos também faz parte da marujada do boi da estrela na testa. Ana explica o que acontece se chegar alguém de vermelho na sua casa. “É do portão para fora”.

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(Foto: Lucas Silva/Secom)

Do lado vermelho, a empreendedora Delma Góes, 58, explica que a única peça azul em sua casa é o manto da santa de quem é devota. “Nossa Senhora das Graças não pode ficar sem o manto dela, mas é porque ela é consagrada com este manto azul, mas ela sabe que dentro dela ela vê aqui só gente do Garantido e ela entende”, explica.

Delma descreve o que sente pelo boi do coração. “O Garantido para mim é o boi de pano, mas é algo muito maravilhoso que aconteceu na minha vida. O que for preciso eu faço pelo Garantido. Tenho a toalha que o Sabá me deu, que está ainda sujinha do rostinho dele. Tenho camisa do Israel”, detalha a torcedora que também guarda objetos entregues pelos itens.

Apesar de torcerem por bois diferentes, as torcedoras comungam do mesmo sentimento: “A rivalidade é lá na arena. Fora da arena, nós somos amigos”, ressalta Ana. “Os dois bois se completam. A gente tem rivalidade, mas se não tiver os dois não existe Festival”, acrescenta Delma.

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(Foto: Lucas Silva/Secom)

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