Delegado preso por matar advogado será alvo de facções na penitenciária, diz Seap

A Seap informou à Justiça que o sistema prisional “não está totalmente estabilizado” para receber o delegado, preso por matar o advogado Wilson Justo, no Porão do Alemão

Manaus – O Estado não possui nenhuma cadeia pública segura o suficiente para abrigar o delegado da Polícia Civil (PC) Gustavo Sotero, conforme informou a Secretaria de Estado de Administração Penitenciário (Seap). O delegado está preso preso, preventivamente, em uma carceragem da Delegacia Geral (DG), por ter assassinado o advogado Wilson de Lima Justo Filho, 35, no Porão do Alemão, Bairro São Jorge, zona oeste de Manaus, no último sábado (25).

A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) informou que o delegado será um dos principais alvos das facções criminosas, caso seja encaminhado para uma unidade prisional comum.

Delegado Gustavo Sotero é suspeito de assassinar um advogado, no último sábado, no Porão do Alemão (Foto: Reprodução)

O documento encaminhado pela Seap, que consta no processo judicial, informa à juíza responsável pelo caso que o sistema prisional “não está totalmente estabilizado”. De acordo com a Seap, é de conhecimento do Tribunal de Justiça do Estado (TJAM) e Ministérios Públicos a situação das penitenciárias, e que em uma “eventual crise”, certamente, Gustavo será alvo dos presos.

VEJA O DOCUMENTO NA ÍNTEGRA

A resposta da Seap foi emitida nesta segunda-feira (27), e foi disponibilizada para consulta processual nesta terça-feira (28). A juíza de Direito Mirza Telma, da 1ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Manaus, questionou da Seap, “em caráter de urgência” e por meio de ofício, se alguma das cadeias públicas de Manaus possui condições de receber o delegado.

O questionamento da juíza está relacionado ao objetivo de resguardar a integridade física e psicológica de Gustavo, devido a ele ser delegado de polícia. O delegado permanece preso na sede da Delegacia Geral, na zona centro-oeste de Manaus.

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Repercussão

O tiroteio e a morte do advogado ganhou repercussão nas redes sociais e os internautas se dividiram entre defender ou acusar o delegado na situação. Em um perfil de uma rede social, o juiz de Direito Luís Carlos Valois, titular da vara de execução penal do Amazonas, publicou que o delegado Gustavo está sendo julgado pela população como bandido antecipadamente.

“Esse delegado está sendo julgado antes da hora, por juízes incompetentes, por pessoas que ouviram falar, sem poder ter defesa e manifestar-se, o que não é julgamento justo”, publicou o juiz, referindo-se ao julgamento do delegado nas redes sociais.

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Ainda na rede social, Valois mencionou que uma pessoa só pode ser condenada apenas pelo processo judicial. “As pessoas não conseguem perceber que só um processo pode levar a considerar uma pessoa culpada, e que isso é garantia de todos, não só do delegado, como de qualquer um, seja tachado de bandido ou não”, publicou o juiz de Direito.

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Delegado é suspeito de entrar no local com arma e disparar contra quatro pessoas (Foto: Divulgação)

Tiroteio e morte

O advogado Wilson de Lima Justo Filho, 35, foi morto a tiros, na madrugada de sábado (25), no Porão do Alemão, localizado no bairro São Jorge, zona oeste de Manaus. O delegado plantonista do 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP), Gustavo Sotero, 40, suspeito de efetuar os disparos que mataram o advogado, foi levado para o 19º DIP, onde foi autuado por homicídio doloso e lesão corporal. Outras três pessoas também foram atingidas no tiroteio, mas não correm risco de morte.

Na delegacia, Gustavo alegou ter agido em legítima defesa após ser agredido pela vítima, conforme consta no Boletim de Ocorrência (BO) sobre o caso, registrado no 19º DIP.

No documento, o delegado preso alega que, quando começou a receber socos da vítima, pediu que ela parasse, mas como não foi atendido, sacou a arma e efetuou os disparos. Ele declarou ainda, conforme o BO, que não se deu conta se teria ou não atingido alguém, porque passou a ser agredido por outras pessoas no local.

De acordo com a corregedora-geral da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), Iris Trevisan, será instaurado um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) que pode resultar na demissão do delegado.

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