Ex-namorado de Djidja Cardoso presta depoimento em Manaus

Bruno Roberto da Silva Lima chegou acompanhado de seu advogado na sede do 1° Distrito Integrado de Polícia (DIP)

Manaus- Bruno Roberto da Silva Lima, 31, ex-namorado da ex-sinhazinha do Boi-Bumbá Garantido Djidja Cardoso, prestou depoimento na tarde desta segunda-feira (3), na sede do 1° Distrito Integrado de Polícia (DIP).

(Foto: Arquivo/ D24am)

Bruno chegou na delegacia acompanhado de seu advogado por volta de 16h, e não teve contato com a imprensa.

A mãe de Djidja Cardoso, Cleusimar Cardoso, revelou em um áudio vazado que Bruno estava presenta no dia em que a ex-sinhazinha  morreu.

“Eu não sei o que ela fez no quarto sozinha, sei lá, eu não dormia com ela. O Bruno estava aqui justamente pra tirar ela disso, porque ela estava tentando parar, a gente tava tentando limpar ela, entendeu? Diminuir… Mas eu não sei o que aconteceu… Ela caiu, parece, lá do lado da cama. Quando ele me chamou, ela já estava sem respirar, ao lado da cama, ele estava dormindo, não sei o que aconteceu, só sei que tinha lá do lado uma xícara quebrada”, afirmou Cleusimar no áudio.

Bruno também estava presente no enterro da ex-sinhazinha no último dia 29, em um cemitério no município de Iranduba (a 27 quilômetros a sudoeste de Manaus).

Investigação

Cleusimar Cardoso e Ademar Farias, mãe e irmão de Djidja foram presos, na quinta-feira (30), na avenida Jurunas, no bairro Cidade Nova, na zona norte de Manaus. Verônica da Costa Seixas apontada como gerente do salão de beleza em que Djidja era sócia também foi presa. Mais tarde, a maquiadora do local, Claudiele Santos da Silva, 34, se entregou à polícia.

O Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) decretou a prisão preventiva de Cleusimar e Ademar (mãe e irmão de Djidja) e de três funcionários do salão de beleza Belle Femme, onde a ex-sinhazinha, era sócia. Todos são alvos da Operação Mandrágora e estão presos preventivamente.

De acordo com o mandado os crimes listados são “estupro“, “associação para o tráfico de drogas” e “venda de drogas“.

As investigações presididas pelo 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP) iniciaram há aproximadamente 40 dias, tendo sido identificado que o grupo coletava a droga ketamina em clínicas veterinárias e realizava a distribuição do fármaco entre os funcionários da rede de salões de beleza da família Cardoso.

“Ao longo das investigações, tomamos conhecimento de que Ademar também foi responsável pelo aborto de uma ex-companheira sua, que era obrigada a usar a droga e sofria abuso sexual quando estava fora de si. A partir desse ponto, as diligências se intensificaram e identificamos uma clínica veterinária que fornecia medicamentos altamente perigosos para o grupo da seita”, disse Cícero Túlio.

Durante buscas realizadas na tarde de quinta-feira (30) e na manhã desta sexta-feira (31), foram apreendidas centenas de seringas, produtos destinados a acesso venoso, agulhas e ketamina foram apreendidos, além de aparelhos celulares, documentos e computadores na residência da família e no salão de beleza e em uma clínica veterinária.

Segundo o delegado Danniel Antony, adjunto da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), a morte dela está envolta na possibilidade do uso de medicamentos fármacos narcolépticos e psicotrópicos, havendo também a possibilidade de ter ocorrido um excesso da droga que possa tê-la levado à morte em relação à seita da família.

“Estamos investigando a situação, mas a questão da autoria de alguém que possa tê-la medicado ainda está sob investigação na DEHS. Estamos em uma fase preliminar em relação à coleta de depoimentos e informações, incluindo áudios e mídias que circulam em redes sociais e aplicativos de mensagens, para verificar sua veracidade”, detalhou Antony.

Seita ‘Pai, Mãe, Vida’

Ademar Cardoso Neto, 29, e Cleusimar Cardoso, 53, mãe e irmão da  ex-sinhazinha do Boi Garantido Djidja Cardoso, encontrada morta na última última terça-feira (28), acreditavam ser ‘Jesus e ‘Maria’ em suposta seita denominada como ‘Pai, Mãe, Vida’, cujo o objetivo era promover  o tráfico de drogas sintéticas de uso veterinário e a administração forçada dessas substâncias. As informações são do Inquérito Policial (IP) que resultou no mandado de prisão de quatro pessoas.

De acordo com o  Inquérito Policial (IP),  Cleusimar e Ademar Neto seriam os líderes da seita “Pai, Mãe, Vida”. Mãe e filho seriam auxiliados pela gerente Verônica e pelo cabeleireiro Marlisson Vasconcelos Dantas.

Segundo depoimento de funcionários no local, Ademar Neto se considerava ‘Jesus’, Cleusimar ‘Maria’ e Djidja Cardoso era ‘Maria Madalena’ na seita.

As testemunhas informaram ainda que eram obrigados a integrarem a seita e  consumirem as drogas sintéticas. Conforme o Inquérito, Neto dizia que o uso dessas substâncias  “auxiliava a resolver os problemas”.