Manaus – Após a prisão do casal Clayton Augusto Souza do Carmo, 32, e Beatriz Rodrigues Matos, 29, pelo crime de maus-tratos contra o pequeno Davi Lucas, de 4 anos, em Manaus. A polícia deu mais detalhes do caso. Clayton é o pai do menino e Beatriz a madrasta. O caso ganhou repercussão já que após as agressões a criança ficou em estado vegetativo desde junho de 2022.

(Foto: Reprodução)
De acordo com as informações da Polícia Civil do Amazonas, por meio Delegacias Especializadas de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA), o casal estava com um mandado de prisão preventiva em aberto desde setembro de 2023 e estava foragidos.
A delegada Joyce Coelho, titular da Depca, informou que o casal foi preso em um ramal nas proximidades da rodovia AM-070, no município de Iranduba (a 27 quilômetros de Manaus).
Ainda segundo a polícia, atualmente, os dois são pais de um bebê de três meses, que está com a avó materna após a prisão do casal. A delegada explicou que Davi sofreu uma tentativa de homicídio por parte da madrasta.
Crime
Conforme a delegada Joyce Coelho, titular da Depca, a investigação em torno do caso começou em maio de 2022, quando a unidade policial recebeu um Boletim de Ocorrência (BO) noticiando que a criança havia sofrido maus-tratos após passar um fim de semana na casa do autor.
“A criança relatou para a mãe que a madrasta pisava na barriga dele, e o corrigia agredindo com cinto e ripa. As agressões ocorriam sempre quando o pai estava fora de casa. Nós fizemos esse BO tipificando inicialmente como maus-tratos, no entanto, a questão da violência que acontecia dentro de casa foi ficando cada vez mais complexa”, contou a delegada.
Mesmo já instaurada a primeira investigação de maus-tratos, a criança retornou no dia 3 de junho para novamente passar uns dias na casa do genitor e deveria retornar para a residência da mãe no dia 5 do mesmo mês, mas nesse período aconteceu o primeiro episódio grave de violência. O menino teria engolido uma moeda, que foi expelida com bastante sangue.
Pelo fato da criança passar mal, ela foi levada ao pronto-socorro. No entanto, o genitor omitiu esse fato da mãe e não devolveu a criança na data marcada. Alguns dias depois, o menino desfaleceu e foi levado a uma unidade hospitalar já em parada cardiorrespiratória. A madrasta relatou que ele teria caído, estava roxo e sem respirar.
Posteriormente, ficou constatado que a demora para levá-lo ao hospital foi responsável pelas sequelas que ele ficou. A partir desse momento, a criança foi reanimada e entubada, após isso ficou na UTI.
Investigação
No dia 14 de junho de 2022, a Depca recebeu um novo BO dando notícia de que o socorro havia demorado e que o menino estava sozinho com a madrasta. Também foi mencionado que haviam retirado outro objeto semelhante a uma tampa de pasta de dente da via respiratória dele, além do mesmo apresentar hematomas em diversas partes do corpo.
Posteriormente, em escuta especializada, um outro menino que é irmão da vítima, contou que presenciou as agressões e relatou também sofrer maus-tratos pela madrasta. Baseado nisso, foi representada à Justiça pela prisão temporária do casal, a madrasta pela ação e o pai pela omissão, tipificando esse delito como tortura.
De acordo com a titular da Depca, no dia 15 de junho daquele ano, durante a Operação Acalento 1, o casal foi preso. Nessa ocasião, ambos foram indiciados por tortura com agravante da lesão corporal grave. O procedimento foi encaminhado à Justiça, mas ao término do prazo da prisão, ambos passaram a responder em liberdade.
“Esse processo evoluiu, foram coletadas todas as provas e encaminhadas para o Tribunal do Júri e o Ministério Público do Amazonas (MP-AM) que, após aditar a denúncia, também fez a representação da prisão preventiva de ambos, tendo a ordem judicial sido decretada no dia 22 de setembro de 2023”, explicou Joyce.
A polícia informou que a mãe de Davi já tinha registrado uma denúncia contra Beatriz em maio de 2022 por agressões contra o menino. Porém, segundo a polícia, a mãe tinha a guarda compartilhada do filho com Clayton, e o menino teve que voltar para a casa do pai.
“Ele relatou para a mãe que a madrasta pisava na barriguinha dele e o corrigia com cinto, com ripa”, disse a delegada Joyce. A titular disse que as agressões aconteciam quando Clayton não estava em casa, mas o irmão mais velho de Davi, uma outra criança de 6 anos, presenciava tudo.
“Tanto o Davi quanto o irmão confirmaram os maus-tratos durante escuta especializada”, informou Joyce. Entre os relatos, os irmão falaram à polícia que chegaram a contar sobre as agressões para o pai, mas o homem não acreditou nos filhos.
A delegada informou que a madrasta dizia que o menino se machucava porque “era muito danado”. Em junho, após a criança ser internada desfalecida e ficar com sequelas neurológicas que resultaram no estado vegetativo dela, o casal chegou a ser preso.
Porém, após 30 dias o prazo de prisão temporária acabou e eles ficaram respondendo em liberdade, até que decidiram sair da cidade sem autorização judicial.
Em setembro de 2023, após a análise das provas, a Justiça determinou a prisão preventiva e desde então, o casal estava sendo procurado. Agora eles devem permanecer presos e a Justiça vai decidir sobre os próximos procedimentos contra eles.