Manaus – A Delegacia Especializada em Roubos, Furtos e Defraudações (Derfd) cumpriu 16 mandados de prisão temporária, durante a operação ‘Falsários’, deflagrada na última terça-feira (3), que investigou uma associação criminosa envolvida em um esquema realizado em um site de vendas. Os suspeitos agiam de dentro e fora do presídio estadual, em Rondonópolis (Mato Grosso), e fizeram vítimas em, pelo menos, oito Estados brasileiros, dentre eles o Amazonas. A ação policial cumpriu, ainda, três mandados de busca e apreensão.
Os mandados de prisão foram cumprido em nome de Bruno Henrique da Silva, 26; Diego Gabriel Mariano Garcia, 25; Jailson Soares Anicesio, 27; Jefferson Matos de Arruda, 30; Jheimison Junior Lima Martins, 25; Joverson Nunes Pereira, 24; Itamar Sipriano, 31; Ivan Braga Dourado, 48; Marcelo Pinho dos Sonhos, 26; Moacyr José Barbosa de Souza, 63; Natal Moraes dos Santos, 29; Rafael Germano Gil dos Santos, 23; Ronaldo Augusto de Carvalho, 33; Suelene Matos da Silva, 54; Thaynara Paula Araújo da Silva, 24, e Toledal Francisco Santos, 41.
Conforme o delegado titular da Derfd, Guilherme Torres, desde janeiro deste ano, aproximadamente 30 Boletins de Ocorrências (BOs) foram registrados, na delegacia, relatando o crime. No Distrito Federal foram registrados 200 BOs. Após investigações, os policiais descobriram que se tratava de uma organização criminosa que agia de dentro do presídio como intermediadores durante as negociações e aplicavam golpes em compradores e vendedores do site OLX. O grupo criminoso tinha, ainda, o suporte de duas mulheres que são parentes dos suspeitos. Elas eram responsáveis pelas movimentações financeiras e foram presas em bairros distintos, em Rondonópolis.
Torres explicou que o esquema funcionava da seguinte forma: o vendedor anunciava um veículo pelo valor de R$ 50 mil, por exemplo. O presidiário entrava em contato, demonstrava interesse e iniciava a negociação. Em seguida, ele pedia para o vendedor excluir o anúncio, pois ele garantia que ia fechar o negócio. O vendedor excluía a publicação, mas, antes disso, o suspeito já tinha feito a clonagem do anúncio. A partir disso, o presidiário passava a divulgar o carro por R$ 30 mil, um valor abaixo do mercado e menor do que o vendedor originário havia pedido no produto.
“Nesse momento, uma terceira pessoa, que é a vítima, entra em contato já com o criminoso, achando que é o vendedor originário, e se interessa pelo veículo. A partir do momento que eles começam a fazer a negociação, a vítima pede pra ver o veículo e o criminoso entra em contato com o vendedor originário, dizendo que um amigo dele, no qual ele deve um dinheiro, vai ver o carro, mas pede que ele não trate sobre valor”, explicou.
Posteriormente, a vítima entrava em contato com o vendedor, ia até o local para ver o carro, mas não tratavam de valores. Em seguida, o comprador entrava em contato com o suspeito e fechava o negócio. O presidiário, então, fornecia os dados da conta de um laranja e a vítima depositava um valor, sem saber que estava participando de um golpe.
“A vítima depositava e depois era bloqueada no WhatsApp. Em seguida, ela ia até o vendedor originário e perguntava pelo carro que pagou. O vendedor dizia que não tinha recebido nada e nisso eles descobriam o golpe”, disse Torres.
Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão nas celas em que o suspeitos cumprem pena, foram apreendidos R$ 1 mil, documentos, celulares, cadernos contendo anotações do esquema ilícito e 75 chips com o número das operadoras anotados. Os policiais apreenderam também um terreno com uma casa que eles estavam construindo para lavar o dinheiro oriundo dos golpes.
O grupo criminoso foi indiciado por estelionato, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Os homens permaneceram na unidade prisional onde já cumpriam pena por crimes distintos. Já as mulheres foram encaminhadas para o presídio feminino, em Rondonópolis.