Manaus – O policial militar Reury Barros Matias, acusado de estuprar uma menina de 17 anos, em 2016, será julgado pela Polícia Militar do Amazonas (PM-AM), na próxima segunda-feira (22). De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), um Conselho de Disciplina será aberto para julgar se o policial reúne condições de permanecer na tropa. Uma audiência de instrução e julgamento também está marcada para o dia 8 de fevereiro na Vara Especializada em Crimes Contra a Dignidade Sexual de Crianças e Adolescentes do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM).
A mãe da vítima, a estudante de psicologia Sulamita Vargas, procurou a REDE DIÁRIO DE COMUNICAÇÃO, na última semana, para denunciar o caso. Segundo ela, desde que o crime aconteceu, em 2016, o policial continuou atuando normalmente na corporação e fazendo novas vítimas.
“Na época, a delegada disse que ele não podia ser preso porque ele fugiu do flagrante e em caso de estupro é muito difícil ter flagrante. O que mais tá me deixando revoltada é o fato de ele ainda estar trabalhando na polícia e de se quer ter sido advertido. Até onde eu tenho conhecimento, ele não foi punido. Eu quero que a polícia expulse ele, ele não pode continuar trabalhando”, ressaltou.
De acordo com Sulamita, que registrou Boletim de Ocorrência (B.O), na noite do crime, os exames de corpo delito comprovaram o estupro. Além de menor de idade, com 17 anos, a menina era virgem, segundo a mãe.
Em nota enviada pela SSP-AM, a Polícia Militar informou “que, em 2016, foi aberta uma sindicância com o objetivo de apurar suposto estupro cometido pelo Policial Militar de folga. Após a constatação de indícios de crime, em 2017, a PM instaurou um inquérito policial militar onde foi comprovado delito”.
Ainda, de acordo com a nota um Conselho de Disciplina foi criado para julgar o caso e, “após o resultado do julgamento, o militar poderá ser excluído a bem da disciplina da Corporação. Atualmente ele cumpre expediente no serviço administrativo”.
O caso
Segundo Sulamita Vargas, o crime aconteceu na noite do dia 16 de março de 2016. Na época, sua filha era menor de idade e o policial identificava-se como Rafael, omitindo o nome verdadeiro. Sulamita alega que o militar já fez outras vítimas e que as mesmas não o denunciaram por medo.
Na noite do ocorrido, a estudante de psicologia contou que a filha estava em casa jantando, quando o policial ligou e insistiu que ela descesse para conversar com ele. De acordo com Sulamita, ele estava em um veículo Gol G4, de cor cinza e placa apagada, estacionado em frente à garagem de sua casa. “O militar ficou insistindo que minha filha entrasse no carro para que eles pudessem conversar melhor. No momento em que ela entrou no veículo o PM a levou até um motel. Ao chegar no local ela começou a gritar por socorro”, contou.
Segundo relatos da filha para a mãe, na época, ele teria dito que entendia o fato da menor não querer se envolver com ele. “Ela contou que ele tampou a boca dela e começou a dizer que já tinha entendido. Pediu para que ela se acalmasse, pois ele a levaria para casa. Quando ela entrou no carro, achando que já ia para a casa, ele a levou para uma ramal onde agrediu minha filha com socos, além de abusar dela”, relatou.
A menor, segundo conta a mãe, ainda travou luta corporal com o policial, mas por medo de morrer, ela desistiu e prometeu que não contaria nada para ninguém, mas que ele a levasse para casa.
“Ele só deixou ela viva porque ela percebeu que ele ia matá-la e parou de lutar com ele na estrada. Ela disse para ele que não tinha mãe e nem pai, que eu não gostava dela, que se eu soubesse do ocorrido não iria me importar”, contou a mãe.
Sulamita pediu ajuda a um amigo quando percebeu que a filha não estava em casa. “Quando ela apareceu eu estava em frente a casa com meu amigo. Ela desceu do carro, de cabeça baixa, e pediu que eu o deixasse ir embora (o policial). Quando ele saiu ela levantou a cabeça e mostrou o rosto inchado e as marcas dos dedos dele no pescoço”, relembra.
De acordo com Sulamita, o PM ameaçou a filha com uma arma. “Ela disse que ele tinha uma arma no porta-luvas do carro dele. Quando eles desceram do carro eu perguntei onde eles estavam e com que autoridade ele tinha levado minha filha. Ele disse para eu me acalmar, que não tinha acontecido nada, só tinham ido dar uma volta para conversar”, acrescentou.
Audiência
A audiência de instrução e julgamento marcada para fevereiro, segundo o TJAM, é para instruir o processo judicial. A audiência é presidida pelo juiz da Vara onde tramita o processo e cada sessão conta com a participação das partes, advogados, testemunhas, promotor de justiça e servidores do Judiciário. Tem por objetivo reunir documentos, informações, testemunhos e provas para que o juiz possa decidir se o réu é culpado ou inocente das acusações. É a oportunidade onde defesa e acusação expõem seus argumentos à Justiça para que o juiz posse sentenciar.