Tráfico de armas de guerra com suspeita de agentes é alvo de operação no AM

A ação é um desdobramento da prisão de um policial militar flagrado com duas metralhadoras 

Manaus –O Ministério Público do Amazonas (MPAM) deflagrou, nesta sexta-feira (30), a Operação Fogo Amigo, com o objetivo de desarticular um esquema de tráfico de armamento de guerra de uso restrito, supostamente envolvendo agentes da segurança pública do Estado. A ação é um desdobramento da prisão de um policial militar ocorrida no dia 1º de maio, quando ele foi flagrado com duas metralhadoras no interior de um veículo.

(Foto: Divulgação)

A operação desta sexta envolveu o cumprimento de seis mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva contra um ex-militar das Forças Armadas, que está foragido. Além disso, houve apreensão de veículos e fiscalização em unidades prisionais.

Segundo o procurador do MP, Armando Gurgel, que coordena a investigação, o alvo da prisão é apontado como o possível responsável pela logística e transporte do armamento que foi apreendido com o policial militar.

“Com relação ao mandado de prisão em aberto, nós continuamos em diligências, tendo em vista que a pessoa que está sendo investigada — nós temos indícios da responsabilidade que ainda está em apuração — organizou o transporte de armamento e demandou isso por parte do policial militar. Mas também temos a comprovação de que ele é CAC, e como CAC ele possui 28 armas em seu nome. Armas estas que não foram encontradas no local em que deveriam estar guardadas, conforme a comunicação que é feita ao órgão de controle do Exército. Então também vamos verificar o destino dessas armas, e buscas estão sendo feitas para alcançar a pessoa e evitar que esse armamento caia em mãos erradas”, afirmou Gurgel.

Durante o cumprimento dos mandados, uma nova frente de investigação foi aberta após ser flagrado o uso indevido de celular pelo PM que está preso no Núcleo Prisional da Polícia Militar.

O incidente levou a uma fiscalização imediata, revelando que dois presos haviam saído da unidade sem escolta, supostamente para ir ao banco.

“Durante os mandados de prisão, um foi endereçado à casa do policial militar que já se encontra preso. Nesta oportunidade, verificou-se que a companheira do mesmo recebeu uma ligação, onde a localização identificava que ele era o interlocutor que chamava. O fato foi observado e registrado, que a chamada era da parte do policial militar que estava dentro do presídio. Foi registrado o procedimento policial, o que deu também motivação para o Ministério Público realizar diligências in loco no Núcleo Prisional da Polícia Militar do Amazonas, onde se encontrava o preso PM. Na oportunidade, encontramos o celular e uma máquina de pagamento que estaria na posse do PM — inclusive ele ainda tentou se desfazer do celular”, explicou o procurador.

“Fizemos uma chamada dos presos e foi verificado que dois deles tinham saído para ir ao banco sem que tivessem saído com escolta. Nessa situação de falha do estabelecimento prisional, foi acionado o Departamento de Justiça para as tomadas de providências”, acrescentou.

A operação contou com o apoio das Polícias Civil e Militar, do Exército Brasileiro e do Centro de Apoio Operacional Criminal do MPAM (CAOCRIMO).

Prisão em 1º de maio

(Foto: Divulgação)

A investigação teve início após a prisão de um policial militar, no dia 1º de maio, em Manaus, com duas metralhadoras Browning modelo M1919 calibre .30, armamento de uso exclusivo das Forças Armadas.

O policial foi abordado após denúncia anônima que alertava para um veículo circulando com armamento pesado. Ele foi preso em flagrante, mas acabou sendo solto no dia seguinte. A Justiça do Amazonas, a pedido do Ministério Público, revogou a liberdade provisória e determinou a volta à prisão preventiva.

Foram apreendidas:

  • 1 Metralhadora Browning Modelo M1919 A4/A6 Calibre .30 N°000262

  • 1 Metralhadora Browning Modelo M1919 A4 Calibre .30 (sem numeração visível)

O Ministério Público segue em diligência para localizar o ex-militar foragido, considerado peça-chave para entender a origem e o destino dessas armas de guerra no Estado.