Manaus – Após a repercussão do caso envolvendo Lidiane Fontenelle, sogra do prefeito David Almeida (Avante), e os pagamentos que ela recebeu de uma empresa contratada pela Prefeitura de Manaus, novas revelações trouxeram à tona o envolvimento de Izabelle Fontenelle, noiva de David com transações parecidas e, contrato com empresa ligada à família de Gabriel Alexandre da Silva, genro do prefeito.
Segundo o site Estadão, do jornal O Estado de S. Paulo, uma produtora de audiovisual que recebe recursos da Prefeitura de Manaus pagou R$ 120 mil para a produtora cuja dona é Izabelle Fontenelle, noiva de David Almeida, candidato à reeleição. O agravante é que outra empresa que presta serviços para a Prefeitura também fez pagamentos parecidos à empresa de Lidiane Fontenelle, mãe da noiva de David, conforme divulgou a imprensa nacional, na última semana, o que levou vereadores da Câmara Municipal (CMM) a defenderem a instalação da ‘CPI da Sogra’ para apurar o caso. Mas, as curiosas transações que envolvem a gestão de David Almeida não param por ai. Segundo a revista VEJA, a prefeitura gastou 2,4 milhões para contratar uma empresa ligada à família do genro do prefeito. Controlada por Edgard Lima Cordeiro, a Eleven da Amazônia celebrou sete contratos para fornecimento de carros ao governo municipal. Parte desses contratos foram assinados em regime emergencial, ou seja, sem licitação. Edgard é primo de Gabriel Alexandre da Silva, casado com Fernanda Aryel, filha do prefeito de Manaus. De acordo com dados da Receita Federal, a empresa, fundada em 2022, possui um capital social de 1,5 milhão e declara desempenhar atividades que vão de limpeza à construção de estações de energia elétrica.
Já em outras apurações, conforme publicou o Estadão, Izabelle teria recebido de uma produtora de audiovisual que presta serviços para a prefeitura, a quantia de R$ 120 mil referentes a um modelo de subcontratação de serviços, através da empresa da qual é proprietária, a Skyline Produções LTDA. Izabelle é dona da empresa desde abril de 2021, mas só emitiu sua segunda nota fiscal mais de um ano depois, em dezembro de 2022.
A contratante da Skyline é a produtora audiovisual The Set Filmes LTDA, cujo nome fantasia é D7 Filmes. Ainda de acordo com o Estadão, um dos pagamentos à Skyline, de R$ 10 mil, foi por “serviços prestados no mês de novembro 22 – diretoria comercial”, segundo a nota fiscal. A D7 Filmes recebe da prefeitura de Manaus também como subcontratada de uma agência de publicidade chamada Thera Publicidade.
O contrato da Thera com a prefeitura é de R$ 22,5 milhões, e foi firmado em 09 de novembro de 2022, para “prestação de serviços de publicidade, por intermédio de agência de propaganda (…)”. No site da prefeitura manauara, porém, é possível ver pagamentos feitos diretamente à D7 Filmes, no âmbito do contrato com a Thera, revela o Estadão.
Várias das notas fiscais emitidas pela Skyline, empresa da noiva do prefeito, à D7 Filmes são sequenciais. É o caso das notas de números 2, 3 e 4, e também 7 e 8. Em geral, as notas são emitidas sempre no começo ou no fim de cada mês. Contemplam vários tipos de serviços, que vão desde a locação de equipamentos até o recrutamento de figurantes, passando por serviços administrativos e edição de vídeo. Somam, ao todo, R$ 120 mil. A última nota à qual a reportagem do Estadão teve acesso é do dia 02 de janeiro deste ano, no valor de R$ 10 mil, e diz respeito à “contratação de figurantes para encenação/ pagamento de figurino”.
O mesmo método é usado por outra empresa, a Agência de Interatividade e Marketing, do publicitário Durango Duarte. A empresa dele que já faturou mais de R$ 35 milhões na gestão David, têm mostrado uma relação próxima com Izabelle. Isso porque a noiva do prefeito recebeu R$ 15 mil em apenas uma das várias notas fiscais emitidas para o Durango.
Já a empresa L O F Fênix, da mãe de Izabelle, emitiu ao menos seis notas fiscais, entre novembro de 2023 e abril de 2024, que somam R$ 124 mil referentes a serviços prestados à Construtora Rio Piorini, empresa que também presta serviços para a Prefeitura de Manaus. Um fato curioso é que a Rio Piorini assinou contrato de R$ 32,5 milhões com a Prefeitura em outubro de 2023, mesmo mês da abertura da microempresa Lidiane, sogra de David. O contrato foi renovado em abril de 2024, também por R$ 32,5 milhões, resultando em um total de R$ 65 milhões para aluguel de veículos de terraplanagem e drenagem à Secretaria Municipal de Infraestrutura.
Com a repercussão do caso, na CMM cresce a pressão para criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Sogra.
Relações
Um detalhe que chama a atenção é que o sócio- administrador da Rio Piorini é José Curcino Monteiro Neto, primo do empresário Roberto Lopes, conhecido como “Bebeto”, que no Carnaval deste ano financiou uma viagem de jatinho particular ao Caribe para David Almeida e sua comitiva.
A relação do empresário José Curcino com a Prefeitura de Manaus não é novidade. Ele é administrador da Murb Manutenção e Serviços Urbanos Ltda. Em setembro do ano passado, a Murb ganhou contrato com a Prefeitura para serviços de conservação e limpeza pública no valor de R$ 114,8 milhões, com prazo de 12 meses.
Curcino foi um dos alvos da Operação Eminência Parda, desdobramento da Operação maus Caminhos. A Murb, que antes se chamava Arganorte Indústria e Comércio Ltda. também já foi alvo de investigação em 2016.
Desde maio, Almeida é alvo de uma CPI na Câmara Municipal de Manaus (CMM), instalada para investigar o suposto envolvimento em esquema de Caixa 2.
Notas da Prefeitura
Sobre a Eleven da Amazônia, a Prefeitura informou que a empresa não pertence a nenhum parente de primeiro, segundo ou terceiro grau do prefeito, não existindo qualquer espécie de ilegalidade ou influência.
Já sobre a Skyline a prefeitura se limitou a dizer que “a relação entre empresas terceirizadas a fornecedores fogem do espectro de responsabilidade da prefeitura, uma vez que não há contrato de exclusividade e, as agências licitadas, podem prestar serviços para outros entes”.
Com relação a Rio Piorini a prefeitura informou que a empresa venceu licitação da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf) que a mesma possui contrato desde 2011 e que a gestão não tem acesso ou dados sobre contratações que a empresa privada faz com seus fornecedores.
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