Adail Filho quer tirar promotor do cargo

O prefeito de Coari Adail Filho entrou na Justiça para afastar do cargo quem investiga denúncias de corrupção na administração municipal: o promotor de justiça Weslei Machado

Manaus – Uma semana após a procuradora de Justiça do Amazonas, Leda Albuquerque, criar uma força tarefa formada para atuar no combate à corrupção no poder público em Coari (a 363 quilômetros a oeste de Manaus), no último dia 12, o prefeito da cidade Adail Filho entrou na Justiça para pedir o afastamento do coordenador da equipe, o promotor de Justiça Weslei Machado. O prefeito quer tirar do cargo o promotor que comanda uma força tarefa que investiga denúncias contra a administração de Adail Filho.

Segundo o prefeito, o promotor atua aliado a outras pessoas e vereadores da cidade para tirá-lo da administração municipal. O pedido está sendo analisado pelo desembargador do Tribunal de Justiça do Amazonas Jomar Ricardo Saunders Fernandes.

Coari foi alvo de uma reportagem da TV Record citando denúncias de corrupção na administração municipal (Foto: Reprodução/Facebook)

Um dia antes da criação da força-tarefa – chamada pelo Ministério Público do Amazonas (MP-AM) de grupo de trabalho – o prefeito de Coari Adail Filho e familiares foram tema de uma reportagem especial exibida, no programa ‘Câmara Record’, da TV Record. A matéria apresentou esquema de corrupção que, segundo o programa, retirou milhões dos cofres públicos da cidade que é rica em petróleo.

O atual prefeito da cidade, Adail Filho, é acusado de desviar dinheiro público para os amigos.

Em julho, o GRUPO DIÁRIO DE COMUNICAÇÃO (GDC) publicou reportagem informando que o MP-AM está processando Adail Filho (PP), por ter acusado ‘falsamente’ o promotor de Justiça do município, Weslei Machado, de participar de conluio para tirar o prefeito do cargo, além de ter recebido R$ 500 mil de propina com esse objetivo.

Na ação do MP-AM, assinada pela procuradora de Justiça Leda Mara Nascimento Albuquerque, o órgão narra que, “ao noticiar a existência de um fato inexistente que gerou a instauração de um processo extrajudicial, de índole criminal, Adail José Figueiredo Pinheiro incorreu no crime de denunciação caluniosa”.

Na acusações apresentadas ao MP-AM, o prefeito Adail Filho afirmava que o promotor Weslei Machado passou informações privilegiadas a Raione Queiroz. Ainda segundo o prefeito, o promotor solicitou R$ 500 mil, em forma de propina. Nenhuma acusação do prefeito de Coari contra o promotor foi provada.

Ao tomar ciência da denúncia apresentada pelo prefeito ao MP-AM, o promotor Weslei se defendeu relatando que, em setembro de 2018, o advogado Raphael Martins Borges foi até o gabinete da 1ª Promotoria de Justiça de Coari, onde fez o seguinte relato, segundo o promotor: “(…) Eu aconselhei o prefeito (Adail) e disse para que não fizesse isso contra o senhor (Weslei). Eu avisei do risco para o prefeito e da sua boa-fé e que, com o senhor, não tinha esquema. Entretanto, o senhor sabe, eu não tenho controle e preferiram ouvir o Fabrício (se referindo ao advogado Fabrício Melo Parente), que é mais contencioso. Vim aqui hoje a pedido do grupo para saber se for feita uma retratação com o senhor, se isso resolve o problema (…)”.