Manaus – O ex-secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo, ficousem repostas diante dos questionamentos do senador Otto Alencar (PSD-BA), durante a CPI da Covid, na tarde desta terça-feira (15), no Senado Federal.
Alencar fez perguntas que deixaram Campêlo sem palavras. “As perguntas mais banais vou formular aqui ao secretário e certamente ele não vai saber responder. Secretário, se o senhor fosse construir uma casa, o senhor contrataria um médico para fazer o projeto? Claro que não. Mas o governador (Wilson Lima) indicou um engenheiro para ser secretário de Saúde. Quando a doença começou, o senhor fez barreira sanitária? O senhor sabe fazer barreira sanitária?”, indagou o senador.
O ex-secretário de Saúde do Amazonas respondeu apenas que “não tomava decisão sozinho”, o que foi rebatido pelo senador Alencar. “Secretário, o senhor é titular. O titular existe para oferecer ao governador as informações corretas a respeito do tema que é da sua responsabilidade. Qualquer secretário tem que ter conhecimento, autonomia, personalidade para dizer ao seu governante que ‘o caminho é esse aqui’ (…) A irresponsabilidade de quem assume um cargo dessa natureza, sem conhecer nada de doenças epidemiológicas, controle de viroses, sanitária, é muito grande”, observou Otto Alencar.
“O senhor foi pra lá pra fazer um curso, fazer um teste pra ver se dá certo, foi coisa empírica, sem nenhum conhecimento. Não devia ter assumido (…) Jamais eu aceitaria assumir um cargo que eu não dominasse a matéria (…) O senhor é responsável pelas mortes de Manaus”, completou o político.

Senador Otto Alencar deixou Marcellus Campêlo sem respostas (Fotos: Agência Senado)
Sem esboçar reação, Marcellus Campêlo continuou em silêncio diante dos argumentos de Otto Alencar. “O senhor só falou aqui de tratamento da doença, não falou em nenhuma prevenção para conter a expansão da doença. Por que? Porque é incompetente para o cargo. Totalmente incompetente”, declarou com veemência.
Fase pré-clínica
O senador Otto Alencar disse ainda que a fase pré-clínica da doença que se faz ‘in vitro’, em camundongos, foi feita com o povo de Manaus. “O senhor disse que é contra a imunidade de rebanho, e como é que o senhor permitiu (a contaminação) se é contra? Pedisse demissão do cargo, não se agarrasse ao cargo para ser responsável por tantas mortes no seu Estado, dos seus compatriotas. Isso é uma coisa inaceitável”, declarou o senador com indignação.
Otto Alencar, que também é médico, perguntou a Marcellus Campêlo sobre os medicamentos para o tratamento precoce da doença. Mais uma vez, com tom de voz baixo, o ex-secretário disse apenas que “foi enviado às prefeituras”. Diante da falta de conhecimento técnico, Alencar ironizou. “Como pode ele ser secretário de Saúde do Estado, na crise sanitária que aconteceu? Como você toma a decisão de assumir um cargo que mexe com a vida das pessoas. (…) O senhor não sabe nem as fases da doença, e não tem, também, conhecimento (…) Não sabe nada”, enfatizou.
“O senhor tá errado e o seu governador mais errado ainda de nomear um engenheiro para ser secretário de Saúde do Estado do Amazonas. O senhor fez uma coisa errada, equivocada, o senhor é muito culpado por isso”, disparou o parlamentar.