Manaus – Corredores lotados, pacientes aguardando transferências há dias e falta de remédios foi o cenário encontrado pelo deputado estadual Wilker Barreto e pelo diretor do Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam) Dário Júnior na última sexta-feira, 10, no Hospital e Pronto-Socorro (HPS) Dr. João Lúcio Pereira Machado, na zona leste de Manaus.
O parlamentar e o médico fizeram uma fiscalização na unidade de saúde. Segundo Wilker, 39 pacientes estavam nos corredores, principalmente no térreo da unidade, assim como pessoas aguardando transferência durante dias, um total de 53 pedidos.
Foi verificado ainda 27 medicamentos com estoque zerado, 24 tipos de Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPME) inexistentes, e a falta de Equipamento de Proteção Individual, como aventais descartáveis (50GM) e cirúrgicos (Estéril M/G).
Ficamos preocupados com o que encontramos no João Lúcio. Tivemos acesso ao material de OPME, por exemplo. No setor de ortopedia, quatro tipos de fixador não têm, que é o fixador externo de fêmur e bacia, fixador de fêmur adulto, fixador de tíbia e fixador para fêmur e tíbia adulto. Eles são importantes para que o procedimento seja feito, sem eles, os pacientes vão aguardar fraturados até realizarem uma cirurgia permanente. A falta de fluxo está prejudicando os pacientes. Para se ter ideia, na área de EPI, só tem máscara descartável para hoje”, disse o deputado.
Ainda segundo Wilker, o relato sobre a acomodação dos acompanhantes chamou atenção, assim como o gerenciamento dos leitos no Estado.
“Acompanhantes dormindo no corredor, embaixo da maca, é desumano. Enquanto isso, unidades como Platão Araújo com leitos sobrando. Gente no corredor passando mal é o espelho da falta de controle, da falta de comunicação entre as unidades. O pior é que tudo pode colapsar ainda mais com uma terceira onda, surto de gripe, e casos de H1N1”, alertou o deputado.
Durante a fiscalização, na farmácia do João Lúcio, foi verificado que alguns medicamentos estão em falta desde 2019, e não estão sendo abastecidos pela Central de Medicamento do Amazonas (CEMA), responsável por realizar a compra destes e enviar as unidades de saúde.
“Encontramos uma unidade superlotada, 39 pacientes no corredor, 52 pedidos de transferência para outra unidade, sendo pacientes que estão por dias à espera de ressonância e de outros tratamentos, como cateterismo, angioplastia no Francisca Mendes, e transferência de pacientes cirúrgicos para o Adriano Jorge. Isso preocupa, pois há leitos livres em outras unidades de saúde e essas pessoas poderiam estar aguardando com mais condições, mais qualidade de serviço. Em relação à farmácia, encontramos a falta de medicações essenciais, como Sinvastatina, Nitroprussiato, eficaz em emergências hipertensivas e no tratamento de pacientes com insuficiência cardíaca aguda descompensada; o Tenoxicam, que é um anti-inflamatório bem importante para o pronto atendimento, principalmente relacionado a trauma; e só tem soro para mais um dia. Além do mais, foi constatado que as enfermarias do terceiro, segundo e primeiro andar não estão separando os pacientes por gênero, o que causa desconforto”, relatou o diretor do Simeam.