Brasília – O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), acionou a Polícia Legislativa contra o influenciador Felipe Neto após ele chamar o parlamentar de “excrementíssimo”, em uma alusão pejorativa ao pronome de tratamento “excelentíssimo”.

(Foto: Reprodução/Redes Sociais e Mário Agra/Câmara dos Deputados)
Durante uma participação virtual no simpósio “Regulação de plataformas digitais e a urgência de uma agenda”, promovido pela Câmara, Felipe Neto fez a referência: “É preciso que a gente fale mais com o povo, é preciso que a gente convide mais o povo para participar, como o Marco Civil da Internet brilhantemente fez. E é preciso, fundamentalmente, que a gente altere a percepção em relação ao que é um projeto de lei, como era o PL 2630 [fake news e redes sociais], que foi infelizmente triturado pelo excrementíssimo Arthur Lira”, declarou.
De acordo com informações da CNN, Lira enviou um ofício à Polícia Legislativa afirmando que chegou até ele que o influenciador “proferiu expressões injuriosas contra a minha pessoa”: “Nesse contexto, considerando que os fatos acima relatados podem configurar a prática de crimes contra a honra, ocorridos nas dependências da Câmara dos Deputados, determino a adoção das providências cabíveis, no que tange à competência dessa Polícia Legislativa”, escreveu Lira.
A CNN Brasil procurou o Departamento de Polícia Legislativa, por meio da assessoria da Câmara, para saber se a corporação procurou ou intimou Felipe Neto, e se foi aberta alguma ação para apurar o ocorrido.
Na manhã desta sexta-feira (26), Arthur Lira disse que Neto foi mal-educado, além de falar que o influenciador usou o seminário para “escrachar e ganhar mídia e likes”, citando práticas como difamação e injúria ao falar sobre o comentário.
“Uma crítica constante sobre as redes sociais é a falta de civilidade, respeito e educação de muitos que a utilizam. Confunde-se liberdade de expressão com o direito a ofender, difamar e injuriar. Foi o que fez o sr Felipe Neto em seminário na Câmara, meio público para o bom debate, mas que ele usou para escrachar e ganhar mídia e likes. Isso não é liberdade de expressão. É ser mal-educado”, afirmou o deputado no X, antigo Twitter.
Felipe Neto também se manifestou pelas redes sociais: “Minha intenção, ao citar ‘excrementíssimo’, foi claramente fazer piada com a palavra ‘excelentíssimo’, uma opinião satírica, jocosa, evidentemente sem intenção de ofensa à honra”, disse ele.
“Já sofri tentativas de silenciamento com o uso da polícia antes, inclusive pela família Bolsonaro. Continuarei enfrentando toda essa turma enquanto me sobrarem forças. E eu nunca falei que os enfrentaria com flores, nem assim o fiz e nunca o farei”, acrescentou.
Felipe Neto ainda usou citação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes sobre liberdade de expressão: “A liberdade de expressão existe para a manifestação de opiniões contrárias, jocosas, satíricas e até mesmo errôneas, mas não para opiniões criminosas, discurso de ódio ou atentados contra o Estado Democrático de Direito e a democracia.”