Manaus – O empresário Rafael Silveira, ex-sócio de Sérgio Chalub nas empresas Líder Serviços Médicos e Petro Serviços, revelou à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde, na tarde desta quarta-feira (19), que teve R$ 2,5 milhões roubados pelo antigo sócio. Em seu depoimento, ele disse que soube da falsificação do atestado de aptidão técnica por meio das investigações da CPI, formada por deputados da Assembleia Legislativa do Estado (ALE).
Aos membros da CPI da Saúde, Rafael contou sobre o desfecho da sociedade. “No dia 24 de junho de 2019 desfizemos a sociedade e mudei o nome da empresa assim que o Sérgio saiu, para desvincular totalmente do nome dele”, disse.

O empresário Rafael Silveira afirmou que teve R$ 2,5 milhões roubados pelo antigo sócio, Sérgio Chalub (Foto: Anamaria Leventi/Divulgação)
No depoimento, Rafael contou que mora em Porto Alegre (RS), mas que durante a sociedade com Sérgio Chalub ficava em Manaus por até duas semanas, a cada 30 ou 40 dias. “A Petro Serviços era totalmente administrada pelo Sérgio. O fato de eu não vir tanto em Manaus gerou um desconforto na nossa sociedade, o que antes não era ruim para ele, mas acabou ficando. Minha mulher chegou a vir para Manaus, mas não se adaptou com o calor e a distância da família. Com isso, acabei optando pela família do que pelos negócios”, explicou.
Por meio das investigações da CPI da Saúde, o empresário teve conhecimento sobre o Atestado de Aptidão Técnica, possivelmente falso, apresentado pela Petro Serviços para ganhar Pregão Eletrônico nº 566/2018, no valor de R$ 2,2 milhões. Rafael negou a afirmação de Sérgio Chalub, que declarou, em depoimento, que na época a empresa era administrada por Rafael. “Eu não tinha conhecimento desse atestado. O que eu quero mostrar para vocês, que prova que eu não administrava a empresa, é que o documento foi entregue no dia 27 de julho de 2018 para a CGL (Comissão Geral de Licitação), onde ocorria o pregão. No dia 1º de agosto meu filho nasceu, eu estava no Rio Grande do Sul e registrei ele. Eu fui 30 dias antes do nascimento dele e só retornei para Manaus 30 dias depois”, relatou.
Segundo investigações dos advogados de Rafael Silveira, foram descobertos desvios de dinheiro realizados por Sérgio Chalub que somam R$ 2,5 milhões. “Em maio de 2019 a empresa Petro Serviços recebeu R$ 969 mil e no dia 12 de junho me entregaram a empresa com saldo na conta de menos R$ 6,7 mil, e mais valores em relação a despesas com funcionários e empresa, totalizando R$ 604 mil de dívidas. Essa é a realidade de como foi me entregue a empresa”, relatou.
O ex-sócio de Sérgio Chalub revelou ainda que “foi roubado” pelo empresário. De acordo com ele, cerca de R$ 2,5 milhões foram desviados da conta da empresa para a conta pessoal de Chalub ou para outra empresa. “A gente fez um levantamento por causa dessa CPI e eu sabia que já tinha sido lesado, mas eu não estava nem aí, só queria virar a página e esquecer esse cidadão. No levantamento foi verificado que de janeiro de 2018 a maio de 2019 foram R$ 2,431 milhões só em retiradas de dinheiro em espécie, transferência para a própria conta dele ou para a empresa Líder. Eu não sabia que era tanto e foi surpreendente”, detalhou Rafael.
O empresário ainda mostrou uma conversa do advogado de Sérgio Chalub com um ex-funcionário da empresa, onde solicita que o mesmo faça uma “limpeza” nos arquivos do sistema e que salve só os que Chalub pedir. A mensagem do advogado “Takeda”, no dia 5 de junho de 2019, foi lida pelo empresário. “Conversei com o Sérgio pela tarde e ele pediu que falasse com você para que gravasse todas as informações de contratos, dados financeiros, pessoais e RH em uma mídia digital e os apagasse dos computadores da empresa. Mas amanhã você conversa com ele direitinho e veja os documentos que ele quer manter”, diz a mensagem.
“Eu não tive acesso a nenhum documento, nem para me defender. Mas o que eu tenho aqui são todas as propostas entregues para a CGL com a assinatura dele, comprovando que ele administrava”, completou Rafael Silveira, que também descobriu durante as investigações que não tinha acesso a conta bancária da empresa porque o documento de sociedade nunca foi entregue por Sérgio ao gerente do banco.
As investigações referentes às empresas Líder e Petro vão continuar para que se entenda como iniciou a parceria delas com o Governo do Amazonas, após a deflagração da operação Maus Caminhos.
Ainda durante a reunião da CPI, o deputado Wilker Barreto (Podemos) solicitou a convocação do representante da Parceria Público-Privado (PPP) do Consórcio Zona Norte, Bernadinho Marques, que possui, atualmente, o maior contrato com a Saúde pública do Amazonas.